22 livros para adultos que têm as infâncias no centro

Romance, poesia, biografia e autoficção… como a produção literária contemporânea tem pensado as infâncias?

Da redação Publicado em 13.06.2024
Imagem para matéria com livros sobre infâncias e adultos mostra a ilustração de um homem e um meninos de mãos dadas usando roupas idênticas
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Resumo

Entre lançamentos, edições recentes e clássicos contemporâneos, reunimos 22 livros que ampliam a experiência de ser criança. Uma curadoria de leituras para expandir o debate público sobre infância, sem classificação etária.

Como as crianças veem o mundo hoje? Essa é uma investigação proposta por Rosana Kohl, professora da PUC-Rio, mestre em Ciência da Literatura e doutora em Literatura Comparada. O que têm a nos dizer sobre a vida que partilhamos com elas? Que perguntas nos fazem? Quais gestos, demandas, desejos, imaginações projetam? Que outros mundos lançam no mundo? Nesse sentido, como os livros sobre infâncias podem nos trazer essas e outras respostas?

Autora do livro “Infância, palavra de risco”, Kohl defende “reposicionar as infâncias como sujeitos”. Para ela, então, “considerar crianças e jovens como interlocutores efetivos e fazedores de mundos passa também por uma alteração na ordem do discurso. Substituir a voz passiva pela voz ativa”.

As experiências possíveis vão além de períodos cronológicos. Para Kohl, “podemos fazer a experiência dos começos em qualquer idade. Olhar para a vida como quem acaba de chegar”

Obras para olhar para a vida como quem acaba de chegar

Desse modo, Lunetas traz, com esta curadoria, livros sobre infâncias para adultos. São obras que ampliam a experiência de ser criança a realidades múltiplas e também a categorias etárias expandidas. Afinal, nem só a criança pode experimentar o vigor criativo da infância, mas todos nós, em diferentes etapas da vida.

“Ver as infâncias hoje é assumir a condição de sermos vistos (e surpreendidos) por elas”, afirma Kohl.

Em tempos em que ideais polarizados disputam a pauta da proteção à infância e se proíbe livros nas escolas, é fundamental abordar as infâncias em chaves plurais, não limitadas a uma única representação.

A criança tem a potência capaz de renovar o mundo adulto. É assim que percebemos as personagens e protagonistas destes lançamentos, edições recentes e clássicos contemporâneos da literatura, que espiam a realidade por diferentes frestas. Elas já viram a guerra, a morte, a solidão. Além disso, escalaram mangueiras, mergulharam no lago Tanganica e se assombraram com pavões coloridos. Então, vamos conhecê-las?

Ficção nacional

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“Olhos d’água”, Conceição Evaristo (Pallas)

Esse clássico contemporâneo da literatura brasileira abre caminho para pensar a construção das infâncias pretas. Os contos evocam diversas mães, em narrativas que misturam afeição e dor com as percepções de raça e classe social. Conforme a tradição das “escrevivências” – conceito literário criado pela autora, que evidencia a experiência na narrativa – as reminiscências de uma infância são observadas anos mais tarde, na vida adulta. O título da obra coloca a criança no centro da indagação, quando a criança que narra tenta se lembrar da cor dos olhos da mãe, e se perturba porque as memórias perdem a nitidez.

“Uma noite, há anos, acordei bruscamente e uma estranha pergunta explodiu de minha boca. De que cor eram os olhos de minha mãe? ” – Trecho de “Olhos d’água”, Conceição Evaristo

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“Dentro de tudo a noite”, Marana Borges (Reformatório)

Quem protagoniza este romance ambientado no século 20 é Aparecida, uma criança que sonha em ser árvore. Ela mora com a família em um casarão histórico repleto de infiltrações, que vão aumentando a cada chuva. Então, um dia, ela ouve a mãe dizer: “Mais um pouco e a casa cai”. O cenário da casa em ruínas, entrecortado pelo esforço da criança em entender quem é, joga com a deterioração, marcada não só pela passagem do tempo, mas também pelo ranço do passado escravagista. Entre benzedeiras e criadas – que os donos da casa associam ao mal – e o pomar onde a criança experimenta a liberdade cuspindo sementes de mexerica, o livro explora o espírito selvagem da infância para questionar as prisões do mundo adulto.

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“Foi um péssimo dia”, Natália Borges Polesso (Dublinense)

A protagonista deste livro pode ser a própria autora ou qualquer menina que nasceu no final dos anos 1980 no Brasil. Autoficção ou romance biográfico, a história condensa a intensidade que marca a passagem da infância para a adolescência. Natália, a narradora, é chamada pela mãe de “criança velha”, e provoca o leitor a refletir sobre o tempo, a memória e a imagem que temos de nós mesmos conforme crescemos. O trunfo da narrativa está, portanto, em não amenizar a complexidade do crescimento, mas apresentá-lo com detalhes, em relações imperfeitas, medos insistentes e perguntas sem respostas.

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“A mulher do padre”, Carol Rodrigues (Todavia)

Lina é a protagonista deste romance situado na década de 1990. Ela mora com seus brinquedos, suas comidas preferidas e seu terrível medo da vaca louca. Mas, quando a família volta ao Brasil, ela divide com o leitor as dúvidas de quem tenta entender o mundo. Tudo isso entre referências culturais de dois países e dois estágios da vida, dos primeiros anos e a adolescência. A era Collor, as patinadoras de supermercado, a brincadeira de “quem chegar por último é a mulher do padre” e outros elementos da época se misturam. Assim, o leitor experimenta a ambiguidade de se tornar um indivíduo em um mundo tumultuado.

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“Se deus me chamar não vou”, Mariana Carrara (Nós)

A narradora desta história é uma menina de 11 anos chamada Maria Carmem. Ela não é apenas uma criança curiosa, mas traz “as duas mãozinhas no vidro de um aquário, tentando entender um polvo”. É assim que o enredo fala de uma infância repleta de tentáculos enquanto a menina reflete sobre a morte, o corpo e o amor. Sozinha com seus porquês, ela atesta: “as crianças podem ser mais solitárias que os adultos”. Maria Carmem diz que “nasceu no fim, e oferece ao leitor de todas as idades um contato íntimo com o imponderável de sermos humanos. Publicado pela primeira vez em 2019, o livro ganhou uma segunda edição em abril deste ano.

Ficção estrangeira

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“Uma fenda na noite”, Laura Baeza (Peabiru)

A autora mexicana traz seis contos que têm crianças e jovens como protagonistas, e que abordam, de diferentes perspectivas, o lugar da família como um espaço incômodo, onde não se encontram os afetos positivos esperados. Embora não sejam propriamente narrados por crianças, todos atravessam o período quando nos formamos como sujeitos. As figuras da mãe, da filha e do filho são tensionadas, permitindo refletir sobre questões como a desigualdade e a solidão das mulheres. Um trecho diz: “Eu me tornei sua única família, e ela era a minha. Minha mãe e eu éramos duas luas que orbitavam juntas, mas se afastando das outras por causa da gravidade.”

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“Pequeno país”, Gaël Faye (Carambaia)

Publicado originalmente na França em 2016 e traduzido para 36 países, este livro é a estreia literária do multiartista, que mais tarde lançou também a história infantil “O tédio das tardes sem fim” (Veneta). O narrador é Gaby, um menino de dez anos, de classe média, que reside na cidade de Bujumbura, África Central. E é também o próprio autor, que se inspirou na sua experiência como testemunha da guerra do Burundi. Ambientada no início dos anos 1990, a história passa por questões de autoafirmação racial (Gaby tem “pele cor de caramelo”, mas entre os seus pares é considerado branco), o genocídio de Ruanda que dizimou cerca de 1 milhão de pessoas e os efeitos nocivos da dominação europeia na África.

“A infância deixou marcas com as quais eu não sei o que fazer. Nos dias tranquilos, digo a mim mesmo que é dela que eu tiro minha força e minha sensibilidade. Quando encaro o fundo da garrafa vazia, vejo nela a causa da minha incapacidade de me adaptar ao mundo.” – Gaël Faye

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“Os órfãos”, Bessora (Relicário)

Neste romance que mistura ficção e História, a violência é narrada aos olhos dos gêmeos alemães Barbara e Wolfgang Schultz. Ao chegarem à Cidade do Cabo depois de terem sido escolhidos para participar de um programa de adoção de crianças por famílias brancas europeias, eles são confrontados com as ideias racistas de sua família adotiva e com o recém-criado regime do apartheid na África do Sul. Nesse sentido, Wolf relembra os acontecimentos na vida dos dois irmãos, da infância à vida adulta. Situado em um capítulo doloroso do século 20, o livro se mantém atual porque fala sobre a herança cultural e social deixada às crianças pelos adultos, em tempos de guerras e conflitos civilizatórios.

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“O coração que chora e que ri”, Maryse Condé (Bazar do Tempo)

Falecida em abril deste ano, a escritora e ativista Maryse Condé deixa uma obra que revisita seus anos de formação. Em seus livros, ela conta, por exemplo, como aprendeu a não chorar quando alguém morria, a esconder sentimentos e a evitar falar o idioma local, o créole. Misto de autobiografia e autoficção, o subtítulo deste livro é “Contos verdadeiros da minha infância”. No arquipélago francês de Guadalupe, entre os anos 1940 e 50, a menina cresceu em um ambiente de limitações afetivas, que sufocava as mulheres e omitia os homens em máscaras de invulnerabilidade. Sua escolha possível foi então se refugiar na imaginação, onde ganhou não só sede de conhecimento, mas independência e identidade.

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“Aké: os anos de infância”, Wole Soyinka (Kapulana)

O escritor nigeriano de origem iorubá foi o primeiro autor negro a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura, em 1986. Conforme este livro, ele rememora sua infância no oeste nigeriano, antes e depois da Segunda Guerra Mundial. Publicado pela primeira vez em 1981 e considerado um clássico do gênero memorialístico, a autobiografia foi classificada pela ASC Library como o 12º livro africano mais importante do século 20. A obra mostra como uma criança, rodeada de livros, revela a essência de um povo e de um país. Desse modo, a luta das mulheres por liberdade e a visão da criança sobre a comunidade se destacam. “Todos os avós eram Papa e Mama – e de algum jeito nós falávamos essas palavras em letras maiúscula

Poesia

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“Maracujá”, Renata Penzani (Laranja Original)

“Maracujá é o próprio território de uma experiência arrebatadora e fundante que não acaba, pois é feita de um gosto sempre lembrado na boca”, diz Gabriela Romeu no posfácio deste livro. Entre ficção e memórias da autora, os poemas narram infâncias sem usar essa palavra. Isso porque não se referem a um período cronológico fadado a terminar, e sim a um compromisso com a novidade, que se mantém. Ao apontar a escrita como a possibilidade de “ir em direção à infância do mundo”, o livro convida os adultos a se reconhecerem nas crianças que conservam em si, e também naquelas que passarão a observar como força de recriação.

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“Muamba”, Maria Eduarda Checa (Urutau)

“O risco é o que produz e o que ameaça a possibilidade de nadar; e nadar é preciso, ainda que viver não o seja”. Conforme a personagem destes poemas escritos pela psicóloga e poeta LGBTQIA Maria Eduarda Checa, a infância é movida pela ideia de uma “ética da metaformose”. O livro instiga os leitores a procurar os rastros daquilo que se transforma e se movimenta, nas pessoas e nas coisas, partindo da provocação de que “tudo o que nasce está já em trânsito”. Entre a diferença e o risco, dois elementos presentes no debate sobre as infâncias, reivindicam-se novos lugares para ser criança além de normatividades impostas.

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“Ninguém quis ver”, Bruna Mitrano (Companhia das Letras)

A infância narrada neste livro não é idílica nem colorida. O que se conta aqui “ninguém quis ver”. Os poemas expõem um Brasil visto de relance pela maioria, ao combinar a recriação poética com a experiência da autora crescendo na periferia de São Paulo. “Você lembra com que idade/ deixou de ter para onde voltar?”, questiona o poema “Amor”. No livro, a tentativa de ter uma infância aparece sempre em contraste com violências (sociais, patriarcais ou até mesmo sexuais), envolvendo familiares. Assim, contribui para sensibilizar o debate público em torno da proteção à infância com base em dados de realidade.

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“A infância dos dias”, Laís Barros Martins (Laranja Original)

“Você não é novidade, é reestreia”, diz este livro. Embora composta de prosas diminutas, elas comportam a complexidade de pensar a infância em outros corpos e territórios que não só os da criança. Assim, a obra entrelaça experiência e criação para narrar tanto o cotidiano quanto o extraordinário. “Você já aconteceu ali, e está acontecendo em breve”, nos conta o texto, conforme uma sugestão de que a infância não é algo encerrado em si mesmo e também não se limita à criança, mas pode estar na continuidade do nosso compromisso de reinvenção. Como diz a sinopse, um livro para “conservar a porção de infância que existe em cada um de nós”.

Não ficção nacional

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“A criança insubmissa: a potência subversiva do gesto criativo”, Rafaela Paixão (Blucher)

A criança é sábia, diz este livro. Principalmente porque consegue “perturbar a conformidade da ordem civilizatória, revelando que somos todos constituídos à moda dos sonhos, ou seja, ‘vastas emoções’ associadas a ‘pensamentos imperfeitos’, porque forjados por nossas paixões infantis”. A pesquisa é fruto da tese de doutorado da psicanalista Rafaela Paixão, na Universidade de Pernambuco. O texto segue conforme a  “criança insubmissa”, que atua como agente revolucionário das sociedades. Assim, nas palavras da autora, o livro oferece um “contraponto às imposições performáticas e às exigências de obediência irrestrita”, e coloca o leitor em contato com a potência das infâncias como liberdade.

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“Como ser um educador antirracista”, Barbara Carine (Planeta)

Idealizadora da escola afro-brasileira Maria Felipa, em Salvador (BA), a educadora e professora da UFBA Barbara Carine apresenta conceitos e práticas para uma pedagogia antirracista. A abordagem das infâncias se dá do ponto de vista do enfrentamento ao racismo estrutural, ao pacto da branquitude e outros fatores sociais que limitam a possibilidade de uma experiência de ser criança que seja verdadeiramente emancipatória. Além disso, a autora nos provoca a pensar em nosso papel como educadores. Isso porque relembra que as experiências formam ou deformam os sujeitos, dentro e fora das salas de aula.

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“A mulher que não matou a criança: a infância na escrita de Clarice Lispector”, Júlia Duque de Estrada (Patuá)

Mãe de dois filhos, Pedro e Paulo, Clarice Lispector começou a escrever para atender ao pedido do mais velho, quando ele tinha seis anos. Assim surgiu o livro “O mistério do coelho pensante” (1967), um dos mais conhecidos de sua obra infantil. Neste livro, a pesquisadora Júlia Duque de Estrada propõe que Clarice não se aproximava da infância só quando considerava a criança como interlocutora, mas também no modo de buscar uma “linguagem próxima do sensorial, que reúna o dizer ao viver”. A mesma infância que, etimologicamente, indicava ausência de voz, aqui, aparece como evocação. “A infância é um mundo em brumas. Com que aquarela desenhá-la sem manchar o papel?”, pergunta a autora. 

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“Infância, palavra de risco”, Rosana Kohl Bines (Numa Editora)

A infância assume, neste livro, uma força transgressora, capaz de burlar as leis do mundo adulto e dar visibilidade a temas como, por exemplo, a percepção social da criança, os usos da linguagem e a autoridade que determinadas vozes assumem no discurso público. Desse modo, literatura e cultura infantil se aproximam.  É assim que o livro lembra que a “a arte diz o que as crianças dizem, quando provoca mal-entendidos que abalam a estabilidade da língua”. Uma obra sobre a capacidade de reinvenção da literatura e da infância.

“Quais desenredos as infâncias propiciam? Que atalhos e esconderijos cavam na escrita, quando ameaçadas de extinção? (…) Arriscaríamos compor com elas outros inícios? Pronunciar com elas as frases que ainda irão nascer? Respirar a vida com a gana de quem puxa o ar pela primeira vez?” – Trecho de “Infância, palavra de risco”, Rosana Kohl

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“Cidade, gênero e infância”, Ana Gabriela Godinho Lima e Rodrigo Mindlin Loeb (Romano Guerra/Pistache Editorial)

Os 22 artigos de pesquisadores das infâncias e histórias de organizações que atuam na área são referências para urbanistas e outros profissionais que trabalham no desenvolvimento de territórios urbanos na perspectiva das crianças e das mulheres. Desse modo, o livro apresenta pesquisas e experimentações práticas na transformação do território. Tudo conforme as ideias de incentivo à brincadeira no espaço público e envolvimento da comunidade.

Não ficção estrangeira

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“Literatura infantil”, Alejandro Zambra (Companhia das Letras)

Com lançamento no Brasil previsto para maio, o livro foi publicado em 2023 em língua espanhola. O relato em forma de carta traz a primeira experiência de paternidade do escritor chileno enquanto revisita acontecimentos de sua própria infância. Assim, ele reflete sobre as mudanças na educação das crianças e na própria concepção de infância ao longo das últimas décadas. Uma leitura que borra os limites entre ficção e biografia para recobrar a atenção para as infâncias no debate público. “Alejandro Zambra nos convida a refletir sobre como o nascimento e o crescimento de um filho não somente modificam o presente e o futuro, mas também nossas ideias relativas ao passado”, diz a sinopse.

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“Escola de aprendizes”, Marina Garcés ( yiné)

“Na escola de aprendizes nunca há um primeiro dia, mas sempre um dia seguinte. O lugar no qual podemos nos encontrar para chegarmos a ser aprendizes e perguntarmos a nós mesmos, juntos, como queremos ser educados”, escreve a filósofa e professora espanhola. Partindo da ideia de que a educação não é “um grande negócio”, mas um campo de batalha em que a sociedade “reparte seus futuros”, a autora defende a importância da infância como primeira possibilidade de formação de uma pessoa. “O problema da educação é o de um relógio que precisa ser consertado enquanto não pode ser detido”, provoca Garcés.

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“Diga-me: as crianças, a leitura e a conversa”, Aidan Chambers (Cortez)

Conhecido em mais de dez línguas, este livro dá voz ao pensador britânico Aidan Chambers – que também é escritor, autor do renomado romance “Dance on my grave”, ícone da literatura young adult. O livro traz um repertório de perguntas que apoiam as crianças na hora de socializar suas leituras. Com isso professores, pedagogos e demais profissionais da educação infantil podem encontrar aqui um material de pesquisa e prática, fundamentada em teorias que explicitam as possibilidades de leitura literária na escola.

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