Dados indicam que canais infantis seguem explorando comercialmente as crianças, embora a prática seja crime
Embora a publicidade infantil seja ilegal, monitoramento revela que crianças não estão livres de exploração comercial em canais infantis na TV paga nem na internet.
Publicidade infantil é uma prática abusiva e ilegal, proibida em todos os meios de comunicação, suportes e espaços de convivência em que a criança está inserida. Embora as empresas saibam que não podem direcionar anúncios ao público abaixo de 12 anos de idade, algumas insistem em explorar crianças comercialmente em canais infantis da TV por assinatura ou na internet.
Pelo segundo ano consecutivo, o programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, traz dados inéditos sobre a veiculação de publicidade infantil e chama atenção para a violação de direitos das crianças no relatório “Publicidade Infantil na TV Paga: Monitoramento 2020”.
Para identificar o quanto as crianças estão expostas à publicidade infantil, ao longo de 2020, foram monitoradas 12 horas de programação, em geral próximo a datas que representam grandes consumos, como Dia das Crianças e Natal, nos quatro canais infantis por assinatura de maior audiência no Brasil: Cartoon Network, Discovery Kids, Gloob e Nickelodeon. Esta última emissora não constava no levantamento feito em 2019.
No ano marcado pela pandemia de covid-19, quando a necessidade de isolamento físico estimulou o uso de telas, anunciantes adaptaram suas estratégias, e observou-se o aumento do volume de anúncios no período que antecede datas comerciais. Veja alguns dos principais destaques do estudo, que se referem à média dos quatro canais monitorados:
Desde que o YouTube foi multado em US$ 170 milhões (R$ 889,5 milhões em valores atualizados) por publicidade infantil fora das normas, criadores de conteúdo têm de discriminar vídeos para crianças na hora da publicação por meio de um filtro, para evitar que propagandas nocivas a crianças sejam distribuídas nesses canais.
“Com esse monitoramento esperamos contribuir para uma ampla reflexão sobre o caráter injusto e antiético de se explorar crianças comercialmente” disse a coordenadora de comunicação do Criança e Consumo, Maíra Bosi. É um dever constitucional de famílias, Estado e empresas (incluindo anunciantes e emissoras de TV) proteger as crianças com absoluta prioridade, e garantir que todos os espaços frequentados por elas sejam livres de exploração comercial infantil.
Se identificar publicidade infantil, você pode denunciar essas campanhas e exigir a proteção de todas as crianças.
Há 15 anos, o programa Criança e Consumo está de olho em empresas que desrespeitam as leis e os direitos infantis ao direcionar publicidade a crianças, denunciando campanhas e práticas abusivas, e incentivando o mercado a promover mudanças de postura. Ao divulgar e debater ideias sobre as questões relacionadas à publicidade dirigida às crianças, busca minimizar e prevenir os malefícios decorrentes da comunicação mercadológica.
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