Surtos de piolho nas crianças? Tire suas dúvidas sobre o assunto

Doença atinge principalmente crianças em idade escolar e o verão pede atenção redobrada

Eduarda Ramos Publicado em 02.03.2023
Surtos de piolho: na imagem, uma menina têm um pente fino sendo passado na cabeça por sua mãe. Ambas são brancas e estão sentadas em um sofá.
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Resumo

Piolhos podem infestar a cabeça de pessoas de todas as idades, mas crianças estão mais propensas às infestações devido ao contato intenso com outros pequenos no ambiente escolar.

Surtos de piolho são tão comuns quando as aulas voltam que, se a cabeça de uma criança começa a coçar, a chance de outros casos surgirem é grande, porque eles são transmitidos por contato direto. Crianças em idade escolar são o público mais crítico também porque o início do ano letivo no verão é o cenário perfeito para que os piolhos, que gostam do calor, se multipliquem com mais facilidade. 

A pediculose, nome dado à infestação por piolhos, não é causada por falta de higiene pessoal. Os piolhos preferem cabelos limpos, sabia? Em níveis extremos, pode causar até anemia, visto que os insetos se alimentam do sangue do hospedeiro. Se não tratada, a pediculose pode causar feridas no couro cabeludo devido à coceira.

“O piolho é um problema grave de saúde pública e não existe um tratamento preventivo”, conta o pediatra Antonio Turner. Contudo, é possível evitar que a infestação se prolifere com cuidados simples, como usar pente fino diariamente e não compartilhar objetos de uso pessoal, como roupas e acessórios de cabelo. Além de Turner, o Lunetas trouxe informações oferecidas pelo biólogo Júlio Vianna Barbosa, pesquisador do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz, para responder às principais dúvidas relacionadas aos surtos de piolhos. Confira como lidar com a situação!

Perguntas e respostas sobre surto de piolhos

1. Como se dá a contaminação por piolhos? Quais as maneiras mais comuns de “pegar” e como evitar?

Devemos suspeitar de qualquer coceira no couro cabeludo. A transmissão se dá pelo contato direto entre pessoas (como encostar cabeças para tirar uma foto) e pelo compartilhamento de materiais de uso pessoal, como pentes e escovas. Prevenção é a palavra-chave: fiscalização dos cabelos diariamente com pente fino e evitar que, caso contaminada, a criança retorne à escola sem ter o aval do pediatra.

2. Por que surtos de piolhos acontecem principalmente na época de volta às aulas?

Em nota, Barbosa explica que a temperatura elevada é um fator importante para a proliferação dos piolhos. Quanto mais calor, mais acelerado é o desenvolvimento do piolho dentro do ovo; por isso, há maior incidência do inseto no verão – período em que voltam às aulas das crianças. Caso uma criança sofra com piolhos, a escola deve ser comunicada para que o ciclo de recontaminação seja interrompido.

A Sociedade Brasileira de Pediatria possui uma cartilha informativa sobre pediculose voltada às escolas.

3. Por que crianças são os principais alvos dos piolhos? 

Turner conta que, por crianças brincarem muito perto uma das outras, o piolho possui mais chances de passar de uma cabeça para a outra devido ao contato direto – reforçando que o inseto não voa! “Sabemos que nos últimos 50 anos, com a industrialização cada vez maior e com famílias precisando colocar seus filhos cada vez mais precocemente nas escolas e creches, houve um grande aumento dos casos”, diz. 

4. Como evitar o contágio?

O contágio é realizado por contato direto e/ou compartilhamento de objetos de uso pessoal, como pentes e escovas, prendedores e lenços de cabelo, bonés, capacetes, travesseiros, entre outros. Ninguém está 100% imune à doença, mas uma vez com piolhos, os responsáveis devem todos os dias vistoriar a cabeça da criança com pente fino para evitar a proliferação de mais piolhos. 

5. Como é realizado o tratamento e que cuidados adultos devem ter enquanto a criança está em tratamento?

Existem vários tratamentos. Deve-se tomar cuidado com as fórmulas caseiras que não têm nenhum resultado, e muitas vezes são tóxicas. No dia a dia, vemos o piolho cada vez mais resistente a shampoos, loções e medicamentos, além de muitos serem inseticidas, causarem alergia cutânea e respiratória. Barbosa recomenda o uso diário de pente fino, já que as lêndeas, ovos dos piolhos, não são atingidas pelos efeitos dos medicamentos. Para retirar a lêndea, é recomendável que se utilize uma mistura de água e vinagre, na mesma proporção. Passe um pedaço de algodão molhado com a solução em três ou quatro fios de cabelo, da raiz até as pontas.

As dicas do biólogo Júlio Vianna Barbosa também estão disponíveis em vídeo:

* Com informações de Fiocruz e Ministério da Saúde.

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