6 respostas sobre como cuidar da saúde dos adolescentes

Até quando pode ir ao pediatra? Com que idade pode ir sozinho ao médico? Conheça as particularidades da saúde na adolescência e por que dar atenção a essa fase

Célia Fernanda Lima Publicado em 17.04.2024
Uma adolescente vestindo camiseta rosa e tranças no cabelo se consulta com uma médica que está de costas e veste jaleco azul.
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Resumo

Para tirar as dúvidas de como cuidar da saúde do adolescente, o Lunetas listou 6 perguntas e respostas sobre o assunto. Especialista diz que, mesmo com mais idade e independência, é preciso observar a saúde física e mental na adolescência.

Com a chegada da puberdade, as mudanças nos adolescentes ficam mais evidentes: no corpo, na voz, nos sentimentos, nas relações. Porém, a atenção em relação à saúde deles tende a diminuir. Isso porque os episódios de viroses simultâneas comuns na infância já passaram e a maioria das vacinas foi aplicada. Mesmo assim, a pediatra e hebiatra do Hospital Universitário da USP, Eloisa Souza, explica que é importante manter o acompanhamento médico nessa fase.

Mas, em meio às grandes transformações, algumas famílias ficam na dúvida se ainda podem recorrer ao pediatra ou não. Também é comum o adolescente ficar mais tímido durante as consultas e não querer a presença dos pais, por exemplo. Por isso, o Lunetas destaca algumas dúvidas sobre a saúde do adolescente e por que não descuidar das questões físicas e mentais.

Especialista responde dúvidas:

  • 1- Até quando pode ir ao pediatra? 

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que o paciente tenha acompanhamento até os 18 anos. Mas, com o passar do tempo, a frequência pode ser menor. Enquanto os bebês se consultam a cada mês e as crianças até seis anos a cada semestre, dos sete aos 18 anos, é comum ir ao médico somente uma vez ao ano. Porém, depende muito das condições clínicas de cada indivíduo. 

Além disso, a partir da puberdade (10 a 12 anos), a família pode procurar um hebiatra. Esse médico é um pediatra especialista na saúde do adolescente. “O ideal seria que pudessem manter o pediatra ou hebiatra durante todo o desenvolvimento”, sugere a hebiatra Eloisa Souza, porque “algumas minúcias devem ser exploradas a cada consulta, sempre com objetivo preventivo”.

  • 2- O que o hebiatra faz? 

Ele acompanha a saúde e o desenvolvimento do adolescente, com encaminhamentos de acordo com cada paciente. Sinais da puberdade, como o crescimento dos órgãos sexuais, dos pelos pubianos, da primeira menstruação e saúde sexual são alguns dos assuntos que o hebiatra pode orientar. De acordo com Souza, a consulta geralmente tem dois momentos. “O primeiro, com o adolescente e sua família, para tratar das queixas e dúvidas. E o segundo, para fazer um check up geral.”
Criar um vínculo de confiança com o hebiatra é importante para o adolescente se sentir seguro e confortável nas consultas. Ao pontuar a confiança e o sigilo da consulta, Souza diz que “essas oportunidades são raras e devem ser aproveitadas”. Por isso, ela recomenda reservar um momento exclusivo da consulta para aprofundar questões que o adolescente mesmo traz e afirmar a relação. Nesse sentido, pode ser um bom momento para conversar sobre sexualidade, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez não planejada, por exemplo.

  • 3- O adolescente já pode ir sozinho às consultas? 

Só a partir dos 12 anos. Mas o ideal é que seja acompanhado por algum responsável. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pacientes de zero a 11 anos devem estar com um acompanhante para consultas e exames. Já entre 12 e 17 anos, a presença é necessária somente para exames invasivos, como endoscopias, procedimentos ginecológicos ou cardíacos, por exemplo.
Além disso, o Conselho Federal de Medicina reforça que, em caso de urgência/emergência, o atendimento em qualquer idade precisa ser imediato. Após o acolhimento, o médico deve entrar em contato com os responsáveis. Pacientes pré-adolescentes que procuram espontaneamente o serviço de saúde podem ser atendidos, desde que o médico informe os responsáveis simultaneamente.

  • 4- E se não tiver um hebiatra na minha cidade? 

Como ainda há poucos hebiatras no país, o adolescente pode procurar um pediatra normalmente. Mas, em algumas regiões ou em alguns planos de saúde, o pediatra atende até os 12 ou 14 anos. Portanto, é necessário pedir uma indicação de médico generalista, ou seja, um clínico geral ou um médico da Saúde da Família. Conforme Souza explica, “se for um hebiatra, ele acompanhará o paciente até os 18 anos e depois fará o encaminhamento para um médico generalista”.

  • 5- Por que é importante cuidar da saúde do adolescente?  

De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), ao entrar na adolescência, as pessoas ficam mais propensas a hábitos prejudiciais, como o uso de tabaco, cigarros eletrônicos e álcool, além de estarem expostos a doenças sexualmente transmissíveis e à gravidez indesejada.

Segundo Souza, “como o eixo hormonal está muito ativo nesta fase, algumas alergias crônicas, asma ou rinites, por exemplo, podem melhorar ou piorar”. Ela também alerta para a importância da prática de exercícios físicos na adolescência, principalmente porque o estirão de crescimento pode causar dores na coluna, mas também como medida preventiva contra doenças na idade adulta. Outro aspecto é manter a alimentação saudável para que doenças cardiovasculares ou diabetes, por exemplo, não se instalem precocemente, bem como para evitar casos de distúrbios alimentares, mais comuns nessa fase.

  • 6- Por que não negligenciar a saúde mental do adolescente?  

Já em relação à saúde mental, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os casos de depressão, ansiedade e comportamentos violentos podem surgir ou aumentar nessas idades. De 10% a 20% dos adolescentes apresentam alguma doença mental, mas não são tratados de forma adequada. O suicídio é a terceira principal causa de mortes na faixa etária de 15 a 19 anos. Segundo o Unicef, na América Latina, mais de 10 adolescentes tiram a própria vida diariamente. Portanto, além dos cuidados físicos, é interessante procurar acompanhamento psicológico na adolescência.

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