As escolas estão preparadas para enfrentar as ondas de calor?

As altas temperaturas podem mudar a rotina das escolas, que precisam se adaptar para garantir o conforto dos alunos e amenizar a sensação térmica

Da redação Publicado em 15.03.2024
imagem sobre a onda de calor e escolas mostra uma criança de cabelos lisos derramando água de uma garrafa pet sobre o rosto
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Resumo

O calor intenso pode atrapalhar a rotina das escolas, por isso, a mudança no horário de aula e a inclusão de banhos para crianças menores são soluções para amenizar os efeitos das altas temperaturas

Com a onda de calor que chega nos próximos dias, a sensação térmica pode ser de mais de 40 graus. Por isso, é importante cuidar da saúde das crianças. Mas, quando 70% das escolas públicas do país não são climatizadas, como mostra dados do Censo Escolar 2022, fica difícil protegê-las desse calor. São salas sem ar-condicionado ou climatizador em funcionamento para “manter uma temperatura agradável”. Além disso, nem todas dispõem de espaços abertos e bem arejados para uma boa circulação de ar.

Contudo, como explicou o pediatra Daniel Becker ao Lunetas, “as escolas precisam do máximo de ventilação, com janelas abertas para circulação e proteção que impeça o sol de bater diretamente na criança“. Em dias muito quentes, ele sugere “colocar garrafas de água e copos de papel dentro da sala de aula, para oferecer aos alunos como forma de hidratar preventivamente”.

A onda de calor é um fenômeno climático causado, sobretudo, por fatores relacionados à crise ambiental. Em novembro do ano passado, a sensação térmica bateu recordes de mais de 50ºC. Já nos próximos dias, uma bolha de calor instaurada no norte da Argentina e no Paraguai aumentará a temperatura no sul e sudeste brasileiro. Estados como Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro podem superar os 40ºC. No centro-oeste, a máxima será de 37ºC, com baixa umidade do ar. Assim, os dias serão abafados e as noites serão mais quentes.

Alunos e professores pedem melhor estrutura

Em novembro do ano passado, familiares foram chamados para buscarem crianças e adolescentes que passaram mal durante as aulas nas escolas “de lata”, em São Paulo. Os prédios foram construídos com chapas de aço galvanizado, que retêm o calor. Eles serviriam de maneira provisória, mas já funcionam por mais de 20 anos.

Na mesma onda de calor de 2023, alunos do Ginásio Experimental Tecnológico de Brás de Pina, no Rio de Janeiro, fizeram uma manifestação pedindo água gelada e ar-condicionado. “Nesse calor tá difícil de querer vir à escola porque não temos ar-condicionado nas salas”, disse uma aluna nas redes sociais.

imagem mostra postagem no twitter de uma aluna reivindicando melhores condições na escola

Ainda no Rio, estudantes abandonaram as salas por não conseguirem assistir às aulas em dias em que a temperatura máxima chegou a 36°C e a sensação térmica era de até 58°C. Com vídeos divulgados nas redes sociais, o caso chegou na comissão de Saúde da Câmara Municipal, que cobrou a falta de refrigeração adequada nas escolas. Na época, 20 escolas já tinham aparelhos de ar-condicionado há mais de seis meses, mas nenhum foi instalado.

Como as escolas tentam melhorar a situação?

Em Minas Gerais, algumas escolas de ensino infantil incluíram a hora do banho para as crianças e orientam que os pais coloquem uma troca de roupas leves nas mochilas. Já nas escolas de tempo integral, a redução do horário da tarde foi uma das opções que gestores encontraram para evitar o desgaste dos estudantes e funcionários. “Os alunos não têm condições físicas de estar ali sofrendo com o calor, e, ao mesmo tempo, aprendendo, porque o suor distrai. O desconforto gera dor de cabeça, e fica difícil até para os professores darem aula”, disse Mirtes de Paula, diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais, ao jornal O Tempo.

Na periferia de Salvador, a sensação térmica chegou a 42°C. Professores contaram ao portal Entre Becos que precisaram criar estratégias como aulas fora da sala, banho de mangueira nas crianças menores e pensar brincadeiras em lugares frescos que envolvam água.

Já em Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, a prefeitura mudou o horário de aula nas escolas municipais. Assim, os alunos passaram a entrar às 15 horas e sair às 17h30. Tudo para evitar os horários de pico de calor, que vão das 11 às 14 horas. Nesta semana, a cidade registrou a temperatura máxima de 42,2°C.

Conectar escolas à natureza 

Segundo uma pesquisa, em áreas urbanas populosas, com asfalto e muitas moradias, a diferença de temperatura pode chegar a 10ºC. Portanto, a ideia de “escolas baseadas na natureza” é que as crianças possam “brincar e aprender com e na natureza“, e ter mais qualidade de vida ao ar livre e em meio ao verde. Algumas práticas de conexão com a natureza dentro ou fora das escolas são: plantar e manter hortas, pomar, jardim, minhocário e composteira.

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