35 músicas para cantarolar junto com as crias para cada fase de seu desenvolvimento
Nascimento, primeiros passos, desfralde, desmame, socialização. Tudo isso é matéria-prima para a música. Conheça essas canções para cantarolar com seu pequeno e de quebra aprender sobre cada fase do desenvolvimento infantil.
Lidar com cada fase de desenvolvimento das crianças pode ser sempre desafiante, já que diferentes infâncias trazem diferentes demandas. Conduzir o desfralde, introduzir alimentos ou iniciar o desmame são só algumas das situações onde muitas dúvidas e dificuldades podem surgir, dando espaço para a arte virar uma grande aliada tanto dos pequenos quanto dos pais e educadores na hora de abordar temas considerados difíceis.
Dos livros às músicas ditas infantis, os grandes marcos do crescimento se tornam matéria-prima para produções artísticas voltadas às crianças. Não por acaso, os maiores nomes da música dedicaram incontáveis obras inspiradas na hora do banho, de dormir ou de comer, só para dar alguns exemplos. Chico Buarque, Noel Rosa, Arnaldo Antunes, Palavra Cantada, Grupo Rumo, Tiquequê, Badulaque, Grupo CRIA, entre outros, estão na lista daqueles que compuseram canções baseadas nas fases do desenvolvimento infantil.
Ainda que a arte não nasça com o propósito deliberado de ter uma utilidade específica, as criações artísticas são caminhos interessantes para ampliar o olhar da criança, estabelecer conexões, incentivar reflexões além do senso comum e gerar identificação com personagens que vivem as mesmas experiências.
Pensando nisso, listamos algumas delas. São músicas divertidas sobre assuntos pertinentes do universo infantil para ajudar os pais a lidar com cada fase de desenvolvimento das crianças.
Dois corpos em um só, onde o maior ganha um novo significado: o de lar.
“No início, o mundo era um berço
E a benção, sua aparição
Depois, na cama, veio o medo
Que havia da escuridão”
O primeiro marco do desenvolvimento infantil. A fase das crianças que mais gera ansiedade em pais e rede de apoio. Em cada nascimento também nasce uma mamãe e um papai, o que torna o momento ainda mais bonito.
“E foi naquele dia depois de nove meses
Quando a gravidez chegou no final
Era hora! Faz força! Tá quase! É agora!
Lá de dentro eu ouvi o sinal”
O primeiro vínculo com a mamãe após o encontro. As literais dores e alívios que o ato de amamentar causam também viram inspiração para criar.
“Um leitinho é muito bom
Um leitinho pro nenê
Um leitinho é muito bom
Para mim e pra você”
Uma fase não exclusiva das crianças, pois vai da barriga até a morte. O tempo inteiro estamos criando e mantendo vínculos.
“Bem-vindo meu novo ser
cercado de proteção
de tanto amor tanta paz
Dentro do meu coração”
Quando crescemos, o ato de comer se torna tão normalizado que esquecemos que nem sempre foi assim. A introdução alimentar é uma fase das crianças que pede muito carinho e persistência.
“O que que tem na sopa do neném?
O que que tem na sopa do neném?
Será que tem espinafre?
Será que tem tomate?
Será que tem feijão?
Será que tem agrião?
É um, é dois, é três”
“Se como tanto
Aprendi com a minha avó
Na minha casa
Só se come em prato fun-d-o-dó”
“Ei, tá na mesa!
A comida está esperando
Quem chegar primeiro
Vai sentir o cheiro bom do ‘rango’
Eu vou já lavar as mãos
Para encher meu barrigão
Pra ter energia e sorte
Eu vou comer pra ficar forte”
Criar o hábito de escovar os dentes nos pequenos pode se tornar uma festa em vez de obrigação após as refeições.
“Quando eu pego a minha escova
Eu só penso em rock’n’roll
Rock rock rock rock
E pego o cantinho
Limpo com o fio dental”
Uma fase das crianças que pede paciência e respeito com o tempo de cada um. Às vezes rápida, às vezes prolongada, a fase do desfralde mostra a individualidade de cada pequeno na criação de autonomia com o simples ato de ir ao banheiro.
“Não sei por que
Passa um tempinho
Eu tô molhado
E sempre tem
Gente querendo me trocar”
“De tudo que é ruim
Ninguém gosta de mim,
Mas eu não tô nem aí,
Eu sô cocô,
E eu nasci assim”
“Xiiiii…
Deu vontade de fazer xixi
Muito bem, muito bom, o banheiro é logo ali
Enchi a minha bexiga, ah não me diga
Então agora é hora de fazer xixi
É muito fácil, ora essa, vem, vamos nessa
Pois tem um banheiro logo ali
Abaixe a calça, levante a tampa da privada e deixe fluir
Depois se limpe direitinho, se arrume bonitinho
E dê descarga
Pronto, você fez xixi!”
Uma hora desafiadora para os pais que só querem ninar suas crias até que seus olhinhos se fechem em um sono tranquilo – e assim poderem descansar também, não é mesmo?
“Eu tô com um soninho danado
Eu tô com soninho sim
Meus olhinhos ficam fechando
Mas fico ligado sem querer dormir”
“Os grilos e louva-deus
Cigarras, gafanhotos, sapos e besouros
De noitinha
Começam a cantoria
Que se estende ate o raiar do dia
De noitinha”
O banho é um momento de criação de vínculo e afeto entre bebês e cuidadores. É também na hora do banho que surgem brincadeiras divertidas em um tempo gostoso e cheio de contato.
“Todo dia banho
Desde o dia em que eu nasci
Mamãe o que é que eu ganho
Por que tanto banho assim ?
E não adianta manha
Ela joga água em mim
De noite ou de manhã
Desde o dia em que nasci
Tchibum, tchibum
Da cabeça ao bumbum”
“Tchau, preguiça,
tchau, sujeira,
adeus, cheirinho de suor!”
Músicas para incentivar o caminhar e o balançar dos bebês, nesta fase tão importante para a criação de autonomia.
“Cai, cai feito bola de sabão
Cai, cai na rua do balão
Se os teus pés não encostam no chão
Usa teu joelho, mira no espelho
Sabe que pra ir além terá que ir de mão em mão”
“Desequilibrou, não segurou
Foi só um susto
Pronto, meu amor!
Deixa ver
Não feriu, não machucou?
Levantou!
Deixa eu dar um beijo
Pronto já passou!”
Dar adeus à chupeta é um marco importante no desenvolvimento das crianças e simboliza um ganho significativo de autonomia. Mas, nem sempre é tão simples deixar este este objeto que representa conforto e acolhimento.
“Vai, vai navegar
Valeu obrigada
Mas minha boca não é mais seu lugar
Agora eu quero cantar
Sem uma tampa de borracha pra me atrapalhar”
A palavra é uma das formas mais sofisticadas de comunicação e alcançá-la exige tempo: até que ela seja dita, há um caminho cheio de etapas e estímulos para o aprimoramento da linguagem do bebê.
“E dessa mistura de vozes
Nasceu a língua que nós falamos
Não seja ignorante, não seja preguiçoso
Olhar no dicionário é bem gostoso”
Assim como as crianças, todos nós ficamos amedrontados. Sentir medo faz parte do nosso processo de crescimento e a ausência dele não é sinônimo de coragem.
“Saiba, todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
E também você e eu”
Birra, manha, chororô, chilique. Não importa como você chama, o fato é que, uma hora ou outra, as crianças vão passar por isso. As tão temidas birras não precisam ser um tabu a ser reprimido a todo custo, pelo contrário: conversar sobre as emoções é fundamental para acolher as demandas emocionais dos pequenos.
“Eu não posso fazer
tudo aquilo que eu quero
o que eu quero é
fazer aquilo que eu queria
não tem jeito, eu fiz, bem feito”
A construção da identidade acontece a partir das interações da criança com o seu meio social: antes, no núcleo familiar e depois, na escola. É nesse momento que sua autoimagem começa a ser influenciada também pelas relações e convívio com outras pessoas.
“Nasci assim
Não foi porque eu quis
De qualquer jeito
Eu vou ser feliz
Palma palma palma
Pé pé pé
Caranguejo não é peixe
Cada um é o que é”
A socialização começa em casa, mas é na escola em que esse processo é potencializado, quando a criança tem a oportunidade de conhecer novas pessoas e começar a construir relações interpessoais que irão ampliar seus parâmetros de comportamento.
“A cidade ideal dum cachorro
Tem um poste por metro quadrado
Não tem carro, não corro, não morro
E também nunca fico apertado”
Uma fase das crianças que acompanha o processo de construção de identidade e socialização, quando ela começa a desenvolver a alteridade e a percepção de que existe um outro diferente dela. É a partir dessa percepção que é possível também construir uma sociedade que abrace as diferenças e a diversidade.
“Tão legal, ó minha gente!
Perceber que é mais feliz quem compreende
Que a amizade não vê cor, nem continente
E o normal está nas coisas diferentes”
Brigas e competições entre os filhos é normal, mas esta relação não precisa ser um bicho de sete cabeças: é possível escolher o caminho do diálogo e da mediação.
“Eu vou dizer, mãe, o que aconteceu
Eu tava lendo o livro que você me deu
E de repente veio ele estabanado
Chegou bem aqui do lado
E soltou um pum daqueles
Quem começou foi ele!”
Não é egoísmo da criança quando ela não quer compartilhar um objeto ou brinquedo. As crianças aprendem tudo pela repetição e pelo exemplo. Por isso, uma das formas de ensinar as crianças a dividir é nós, como adultos, exercitar a arte do compartilhamento na frente delas. O exemplo começa com a gente :))
“E quando vem um baixo astral
Desses que a gente fica meio mal
Jururu… Jururu…
Nada como ter um amigo leal
Pra gente desencanar
E ficar legal”
Os primeiros dentinhos começam a cair por volta dos seis anos de idade e, apesar de ser uma fase dolorida, dá para criar diversas brincadeiras. Quem aí já escondeu os dentes embaixo do travesseiro para esperar a fadinha?
“O meu dente tá ficando mole
Feito maria mole
Tô achando que ele vai cair
Dente de leite não é permanente
Se a gente cuidar bem dele
Um dente forte há de vir”
Aprender a ler e escrever é mais do que decodificar palavras e sons. A alfabetização é um processo que envolve o contato, desde a Educação Infantil, com práticas sociais de leitura e escrita.
“Procurando bem
Eu sei que tem
No início do amor
Eu vejo A, ah ah ah”
Mergulharmos nas curiosidades e perguntas das crianças é uma forma também de aprendermos e crescermos com elas.
“Por que você é flamengo
E meu pai botafogo?
O que significa
‘impávido colosso’?
Por que os ossos doem
Enquanto a gente dorme?
Por que que os dentes caem?
Por onde os filhos saem?”
“Será que a insônia
Só quem tem é Sônia?
Será que o lagarto
Entrou pelo quarto?
Será que Lígia
É uma Gia?
Será que Ana
Só come banana?
Será Serafim?”
“Por que que a gente nasce
E não se lembra de nascer
Nem do que a gente fazia
Quando era um bebê?
Pra que que a gente sonha
Se na hora de acordar
Tudo aquilo vai sumindo
Eu não consigo te explicar?”
Esta é uma fase de desenvolvimento das crianças muito importante, mas cheia de tabus. O diálogo aberto e com responsabilidade favorece uma visão positiva do próprio corpo, e protege a criança e o adolescente contra uma série de fatores, desde traumas psicológicos relacionados a autoimagem até abusos sexuais.
“A bonequinha do papai
Vai brincar de pegador
Descer no escorregador
Vai sair pra passear
Vai correr, vai velejar
Vai pular amarelinha
Seja fofa ou magrinha
Vai brincar de cabra cega
Vai correr com o papa léguas”
“Eu sou uma princesa fresca demais
Não pode sujar meu vestido
Senão não te deixo em paz
Eu sou um guerreiro sem causa
Eu gosto mesmo é de causar
E mesmo sem nada de errado
Eu boto tudo pra quebrar”
O bullying é um ciclo complexo que envolve o contexto social e familiar, ressoa no ambiente escolar e de convívio e pode causar danos irreparáveis à criança. É preciso pensar que todo ato de agressão, seja ela psicológica, verbal ou física, é feito de três atores: quem faz, quem sofre, quem presencia. Por isso, não se trata somente de acolher as demandas emocionais de quem foi vítima da violência, mas também de quem a praticou. Dessa forma, conseguiremos formar crianças mais empáticas à dor do outro.
“Responda então por que razão
Eu vivo só sem ter um bem?
Você tem o destino da lua que a todos encanta e não é de ninguém”
“Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda as seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem”
Há uma fase em que a criança tem pressa para crescer e se tornar “gente grande” ou que ela não quer crescer para poder sempre brincar livremente – afinal, vida de adulto é mais chata, né?
“Será possível ser pequeno grande
Menino vira meninão?
Meu pai falou que de gente grande pequena
Ele nem aperta a mão
Mas o tempo não pode
Parar pra brincar comigo
Ele anda muito apressado
Corre dizendo que é pra aproveitar
Pião, pare-bola e melado”
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