Quase 70% dos entrevistados relatam que a violência nas escolas está maior após a retomada das aulas presenciais; soluções passam por diversas áreas de atuação
A retomada das aulas presenciais fez com que quase 70% dos entrevistados reportassem um maior número de atos violentos dentro da sala de aula. O que faz isso acontecer? Professores trazem soluções que passam por diversas áreas de atuação.
Sete em cada dez professores relatam um aumento de violência nas escolas, especialmente entre os próprios alunos. Entre os fatores para a agressividade observada na volta às aulas presenciais, os entrevistados destacam o aumento de transtornos mentais e o empobrecimento das famílias durante a pandemia, por exemplo.
Nesta amostra, quase 80% trabalha em escolas com histórico de violência por parte dos alunos, enquanto 15% relatam a violência como um problema diário. Apesar disso, mais da metade nunca recebeu orientações sobre como lidar com a violência em sala de aula e já terem sofrido violência verbal em algum momento. Violência psicológica também foi reportada por 23% dos educadores, além de uma parcela significativa temer pela integridade física caso repreenda alunos em sala de aula (44%).
Os dados são da pesquisa “Violência nas escolas”, realizada pela Nova Escola, a partir das respostas de 5.305 educadores. A maioria da amostra é composta por mulheres (82%); trabalha na rede pública municipal de ensino (52%); atua no ensino fundamental 2 (42%); e possui entre 41 e 50 anos (37%).
Apesar da maioria ter sofrido agressões verbais e psicológicas, a violência física representa 88% dos casos. 50% alegam que os principais agressores são os estudantes, seguidos dos pais de alunos (25,65%), dos gestores das escolas (11,4%) e de outros professores ou colegas (9%). Mais de 99% gostaria de receber orientações sobre como agir em casos de violência em sala de aula, e 97,79% acreditam que a violência interfere no aprendizado dos alunos.
Foram validadas 3.541 respostas:
Em nota, a educadora Karina Moura diz que os educadores sentiram um aumento de tensões e problemas de convivência, e acabaram realizando uma comissão em que os próprios alunos sugerem formas de lidar com os conflitos. “Eles estão aprendendo a se desculpar e dialogar com mais respeito”, conta a professora, que leciona na rede pública de São Paulo.
Os educadores sugeriram algumas soluções para o problema:
Para Ana Lígia Scachetti, pedagoga e diretora de Educação da Nova Escola, as soluções envolvem um preceito básico: cuidar de quem cuida. “Os professores precisam ser acolhidos e cuidados, para que possam cuidar dos alunos”, diz, em nota. Mas o peso da pandemia também deve ser considerado, visto que “todos sofreram muito com o isolamento e as pessoas precisam sentir que têm um espaço seguro para expor seus problemas e superá-los”, completa.
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