Em manifesto, o programa Criança e Consumo observa que, para ser feliz mesmo, a data tem mais a ver com presença do que seguir apelos comerciais
Recuperando o significado do Dia das Crianças, o programa Criança e Consumo compartilha um manifesto para afirmar a importância de uma comemoração livre de consumismo e sem publicidade. Afinal, o “ser” é maior que o “ter”.
Em sua origem, o Dia das Crianças pretendia celebrar e proteger a infância, mas logo foi desviado para interesses comerciais. Para aproveitar a data e fortalecer os direitos das crianças, o programa Criança e Consumo – uma iniciativa do Instituto Alana que atua para divulgar, debater e minimizar o impacto da publicidade dirigida às crianças – lançou o Especial Dia das Crianças. A proposta da página é gerar reflexão e sugerir atividades sem consumismo e livre de publicidade infantil, para aproveitar a data brincando com os pequenos.
“A campanha partiu da observação do mercado de brinquedos se ‘aquecendo’ desde junho com estratégias comerciais direcionadas às crianças ilegalmente na TV, nos vídeos do YouTube, em games e em vários outros espaços de convivência e meios de comunicação”, conta Maíra Bosi, comunicadora do Criança e Consumo. “Buscamos então oferecer materiais relevantes para ajudar famílias e educadores – considerando os desafios do contexto da pandemia – e, ao mesmo tempo, exigir uma postura mais responsável do mercado e estimular influenciadores digitais, empresas e órgãos públicos a assumirem seus papéis na proteção dos direitos da infância”.
Veja as recomendações de atividades e brincadeiras do Criança e Consumo para celebrar com as crianças!
A plataforma Videocamp sugere listas gratuitas de filmes e séries como a playlist Quem são os heróis das crianças?, com 13 episódios da série de animação Mytikah. Em seguida, que tal estimular as crianças a desenharem o que mais chamou a atenção ou contarem a história com suas próprias palavras? Já os documentários da lista Vamos expandir o brincar? mostram que o papel do adulto é observar e aprender enquanto as crianças brincam livremente, uma experiência fundamental para seu desenvolvimento integral.
Atividades essenciais para o desenvolvimento das crianças como estudos e comunicação com colegas e familiares, por exemplo, podem ser facilitadas por plataformas digitais. Mas algumas empresas anunciantes se aproveitam disso para praticar publicidade infantil velada – e ilegal. Veja esta lista de canais livres de publicidade direcionada a crianças:
Dá o play! 18 canais infantis no YouTube livres de publicidade
O consumo de brinquedos de plástico em excesso pode trazer consequências graves para a saúde e para o meio ambiente, mostra a pesquisa Infância Plastificada (2020). Se for presentear com um brinquedo, que tal buscar opções que não envolvam plástico e evitar as inúmeras embalagens? Ou, que tal propor às crianças uma gincana de Caça aos Plásticos?
Conheça 5 brincadeiras sustentáveis com plástico reutilizado
Não é errado presentear a criança em ocasiões especiais, caso essa seja uma escolha consciente, e não consequência da pressão comercial. Mas, outro caminho é fazer o exercício simples de perguntar para as crianças sobre a origem e o destino dos brinquedos e se realmente precisamos de tudo que queremos ter. Registre as falas mais inspiradoras das crianças e guarde como lembranças para reler no futuro!
As leis brasileiras estabelecem que a publicidade infantil é ilegal, mas muitas empresas ainda insistem nessa prática abusiva. Em datas comemorativas, essa pressão do mercado sob as crianças aumenta e precisamos estar ainda mais atentos. Você sabia que qualquer cidadão pode fazer uma denúncia de publicidade infantil? Exija das empresas anunciantes que cumpram as leis e parem de explorar comercialmente as crianças!
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Leia a versão resumida do Manifesto Dia das Crianças
O Dia das Crianças não nasceu para o consumismo, nem para a publicidade infantil. Não foi e nem deveria ser pautado pelas promoções e grandes lançamentos de produtos infantis. Muitas empresas exploram comercialmente as crianças o ano inteiro, mas a situação se agrava quando chegam as datas comemorativas.
A verdade é que o Dia das Crianças foi deturpado. Talvez possa se dizer até corrompido em função dos interesses do mercado. A efeméride, inicialmente idealizada em 1924, “como dia da festa da criança”, ganhou significado em 1940, por um decreto presidencial que dizia: “Constituirá objetivo principal dessa comemoração avivar na opinião pública a consciência da necessidade de ser dada a mais vigilante e extensa proteção à maternidade, à infância e à adolescência”. Bonito, né?
Proteger. Foi com esta palavra que a data ficou marcada, mas, infelizmente, essa inspiração acabou sendo deixada de lado. Da consciência de sua vulnerabilidade, a criança virou tendência e oportunidade. Um público-alvo rentável para o mercado. Foi assim que o dia 12 de outubro começou a ganhar forma e espaço no calendário comercial.
Atualmente, a data é uma das mais importantes para as vendas. Porém, está cada vez mais evidente que estratégias de marketing dirigidas a crianças, o que chamamos de publicidade infantil, são injustas. Até 12 anos de idade, crianças são hipervulneráveis aos estímulos comerciais altamente persuasivos.
No entanto, para muita gente, o Dia das Crianças continua sendo uma data de celebração da infância e dessa fase da vida tão importante, potente e inspiradora. A responsabilidade para com a proteção dos direitos da criança com prioridade absoluta e ao seu desenvolvimento integral, com ética e respeito cabe, de forma compartilhada, à família, ao Estado e à sociedade, incluindo as empresas. Por isso, nesse Dia das Crianças, o Criança e Consumo convida a todas e todos para se juntarem a este movimento em prol de infâncias livres do consumismo e dos impactos da publicidade infantil, para que as crianças e suas famílias saibam que o ser é mais valioso do que o ter. (Fonte: Criança e Consumo – leia o conteúdo na íntegra)