74% dos óbitos aconteceram em 2021, ano em que a ausência de vacinação refletiu na alta letalidade de mulheres grávidas ou no puerpério
Com 74% dos óbitos concentrados em 2021, covid-19 levou ao óbito 2.053 gestantes e puérperas. Número pode chegar a mais de 2500 caso mortes causadas por SRAG possam ser atribuídas à covid.
Segundo boletim disponibilizado pelo Observatório Obstétrico Brasileiro (OOBr), a covid-19 levou ao óbito 2.053 gestantes e puérperas no país, com 74% dos casos ocorridos em 2021. Os números podem ser ainda maiores caso 469 óbitos por síndrome respiratória aguda grave (SRAG) não especificada possam ser atribuídos à covid-19. Foram 462 óbitos maternos em 2020, 1.519 óbitos em 2021, 72 óbitos em 2022 e, até esse momento, nenhum óbito em 2023.
A alta letalidade no início de 2021 (anterior à vacinação contra covid-19) se deve também à variante gama, considerada a mais letal entre mulheres grávidas e no puerpério: ela foi responsável pela morte de 15,4% gestantes não vacinadas e de 26,5% puérperas que também não receberam o imunizante, segundo o estudo (em inglês) “Covid-19: impacto das variantes original, gama, delta e ômicron do SARS-CoV-2 em gestantes e puérperas vacinadas e não vacinadas”.
“Grávidas e puérperas também apresentaram uma chance maior de demandar cuidados intensivos, intubação e de apresentar dessaturação [níveis de oxigênio no sangue abaixo do normal] no período de 2021 em comparação com o primeiro ano da pandemia”, conta a pesquisadora do OOBr Agatha Rossana. Segundo ela, apesar do histórico de gravidade com a pandemia de H1N1 e de conhecimentos prévios sobre modificações que a gestação causa no corpo, “esse grupo de mulheres não foi considerado de risco no início da pandemia de covid-19, o que impactou na organização de serviços de saúde voltados a elas, como na disponibilização de vacinas”, diz.
Segundo o último levantamento do OOBr, foram confirmados 24.203 casos de SRAG atribuídos à covid-19 desde 2020, além de outros 17.718 registros de SRAG não especificada que também podem ser episódios de covid-19. Já crianças de até dois anos respondem por 24.404 dos casos de SRAG atribuídos à covid-19 desde o início da pandemia – dos 1.491 óbitos deste grupo, 51% deles (761) estão concentrados até o terceiro mês de vida do bebê.
Assim como para grávidas e puérperas, 2021 também foi o ano mais letal para crianças de até dois anos: se considerados todos os casos de SRAG neste público, com ou sem atribuições à covid-19, foram 73.657 casos e 1.925 óbitos. Para efeitos de comparação, em 2019 (ano anterior à pandemia), foram 19.142 casos de SRAG e 576 mortes nessa faixa etária. Dentre os casos com agente causador da doença conhecido, 34,6% tiveram atribuição confirmada à covid-19 em 2021, enquanto o restante fica por conta de vírus que tradicionalmente afetam as crianças pequenas, como os adenovírus (grupo de vírus causador de doenças respiratórias, como resfriados, conjuntivite, bronquite ou pneumonia).
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