A curadora da Mostra Ciranda de Filmes aborda suas vivências com cinema e infância
O Lunetas conversou com a cineasta Fernanda Heinz Figueiredo, curadora da Mostra Ciranda de Filmes.
A frase do título desta matéria é da curadora da Mostra Ciranda de Filmes. “Através da linguagem do cinema pretendemos sensibilizar e mobilizar educadores, pais, artistas e gestores da área de saúde, educação e cultura, acerca da importância do respeito e proteção à infância para o desenvolvimento e a qualidade de vida do ser humano e da sociedade”. É o que afirma Fernanda Heinz Figueiredo, cineasta que decidiu dar vida à, primeira mostra de cinema do Brasil voltada para a temática da infância, que promove sua segunda edição em São Paulo entre os dias 21 e 24 de maio.
Tudo começou quando Fernanda estava para lançar seu primeiro filme, o Sementes do Nosso Quintal. Durante suas pesquisas, conheceu a educadora a Patrícia Durães. “A sintonia foi imediata”, conta Fernanda. As duas decidiram unir suas experiências com cinema e infância e criaram a Ciranda.
Hoje, a iniciativa conta com o apoio do Instituto Alana e do Instituto Península, que enxergaram o potencial do projeto e firmaram parceria. “Com isso, ganhamos também a parceria da pedagoga Ana Cláudia de Arruda Leite”, complementa Fernanda.
Na primeira edição, circularam mais de 2,7 mil pessoas nos três dias de mostra. Para este ano, a organização espera o dobro de visitantes. Dessa vez, a curadoria ressalta a importância de ter ainda mais tempo para o encontro, a interação e a troca entre as pessoas, além de momentos mais voltados para a consciência sobre o próprio corpo.
O Lunetas conversou com a cineasta Fernanda Heinz Figueiredo para saber mais sobre o projeto e conhecer as novidades desta edição. Confira!
Lunetas – Existem outras mostras parecidas ou com o mesmo propósito em outros países?
Fernanda Figueiredo – Na pesquisa de referências para a Ciranda, um dos únicos festivais que encontrei com foco semelhante foi o Festival du Film d’Éducation (Festival do Filme de Educação), que acontece em Evreux, na França, do qual participei com o Sementes do Nosso Quintal. O Festival é muito bem organizado, tem um entendimento bem amplo acerca da educação e contempla filmes excelentes. Pude confirmar o quanto as pessoas estão buscando esse tipo de espaço de reflexão e aprendizagem.
Como o cinema pode ser caminho para que mais pessoas se interessem pela educação e passem a olhar com cuidado para a infância?
FF – O cinema é uma experiência artística que transforma, inspira, mobiliza, mexendo profundamente com nosso emocional, nossa crenças e memórias.
Alguns pais perguntaram na página do Lunetas se podem levar os filhos nos filmes. Pode?
FF – Embora a mostra seja para adultos, crianças são bem-vindas, é claro, e há muitos filmes livres na programação. Contamos, no entanto, com a ajuda e compreensão dos pais com relação aos sinais que a criança dá quando está cansada e quer ir para casa, já que ela tem um tempo diferente do adulto, não é?
Como foi o processo e critérios para a escolha dos filmes?
FF – Primeiro elegemos os temas e depois fomos atrás dos filmes pesquisado em todos os espaços disponíveis. A Patrícia Durães é exibidora, curadora do Festival da Juventude da Mostra de Cinema de São Paulo e frequenta diversos festivais, além de ter um repertório bem grande e diversificado de filmes.
E eu sou educadora ambiental, produtora com foco em educação, cultura e sustentabilidade, amante do cinema, xereta e rata de internet. Pesquiso muito na programação de outros festivais de cinema, peço indicações aos amigos, leio publicações variadas e sites especializados, blogs, etc.
Como os filmes estrangeiros contribuem para a discussão da educação aqui no Brasil?
FF – Os filmes nos transportam para culturas e identidades diferentes, dentro e fora do Brasil que é imenso e muito diverso, o que é fundamental para nutrir o respeito à diversidade.
“Afinal, como vamos respeitar aquilo que não conhecemos?!”
Além disso, quando visitamos outras realidades compreendemos melhor vários aspectos da nossa própria cultura. Temos o hábito de nos criticar muitas vezes sem olhar e refletir sobre culturas aparentemente mais desenvolvidas, mas que muitas vezes possuem questões para resolver bastante complexas e semelhantes às nossas. Acredito que hoje estamos percebendo a necessidade de ampliar nossas referências, mas principalmente de nos aprofundar e reconhecer as características, belezas e asperezas da nossa própria cultura.
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