Especialistas do MEC entregam ao Governo Federal relatório com análise e medidas a serem tomadas contra os ataques a escolas que cresceram no último ano
Com o aumento das denúncias e dos casos de violência nas escolas em 2023, especialistas apontam ações emergenciais para o Governo Federal combater novas situações. Em quase dois anos, 115 pessoas ficaram feridas e 49 morreram.
Com 16 novos ataques a escolas registrados desde janeiro – quase o dobro em comparação há 20 anos – o Governo Federal criou um Grupo de Trabalho para analisar possíveis causas e apontar medidas para combater essa situação. O Ministério da Educação divulgou os resultados no relatório “Ataque às escolas no Brasil: análise do fenômeno e recomendações para a ação governamental”.
As ações emergenciais passam pela valorização dos profissionais de educação, cuidados com a saúde mental da comunidade escolar, pressão às plataformas digitais, atenção às práticas de bullying e até a ampliação da socialização entre os alunos.
Conforme o relatório, as principais motivações estão ligadas ao discurso de ódio e comunidades on-line de violência extrema. Todos os agressores são do sexo masculino. Além disso, as armas de fogo foram responsáveis por 77% das mortes nesses ataques. Outro fator é o efeito cascata da imitação de outros crimes, o que o relatório chama de “copycat crimes”.
Para Ana Cifali, advogada do Instituto Alana, que participou do Grupo de Trabalho, o problema central é a questão do extremismo, pois leva o preconceito e a intolerância propagados no meio digital às escolas. “A cultura do ódio que foi difundida nos últimos anos traz efeitos que vão perdurar. Portanto, o grande desafio é educar para o diálogo, e não para o embate, ensinando crianças e adolescentes a lidar com conflitos e com o que é diferente”, diz.
Entre as medidas do relatório, Cifali destaca a regulação das redes digitais, que mostra como empresas e plataformas também precisam “assumir sua parcela de responsabilidade e atuar para tornar a internet um ambiente mais seguro”.
De janeiro de 2002 a outubro de 2023 foram registrados 36 ataques às escolas em todo o país. Entre alunos e professores, 115 pessoas ficaram feridas e 49 morreram. Também este ano, o Disque 100 teve um aumento de 50% de denúncias envolvendo violência nas escolas, com quase 20 mil chamadas.