Hora de engatinhar: 7 dúvidas sobre essa fase do desenvolvimento

Engatinhar faz parte das etapas do neurodesenvolvimento das crianças, mas deve ser incentivada apenas quando os bebês estiverem preparados

Camilla Hoshino Publicado em 08.12.2020
Engatinhar: foto de um bebê loiro, que veste roupas em tons azulados, está engatinhando num gramado e sorri.
OUVIR

Resumo

Apesar de não acontecer com todos os bebês, o movimento de engatinhar é saudável para o seu desenvolvimento. No entanto, especialistas afirmam que a ação não deve ser forçada, mas incentivada quando as crianças estiverem preparadas.

Do calor do colo à conquista do chão. Alguns bebês começam rolando. Outros tateando a grama com muita calma. E ainda têm aqueles, mais apressadinhos, que já querem sair pelo mundo sobre as duas pernas. Apesar de não acontecer com todas as crianças, o movimento de engatinhar é saudável e deve ser incentivado quando o bebê estiver preparado.

O Lunetas recorreu a dois especialistas no tema para responder perguntas frequentes sobre esse momento importante do desenvolvimento do bebê. Confira!

Sete dúvidas sobre engatinhar

  • 1. Quando o bebê deve começar a engatinhar?

O período varia de uma criança para outra mas, em geral, entre sete e nove nove meses. O processo pode se prolongar até o décimo mês. Segundo o neuropediatra do Hospital Pequeno Príncipe, Antônio Carlos de Farias, é comum que o bebê comece a ficar de pé por volta dos onze meses e, até um ano e meio, a tendência é que ele passe a caminhar. Mesmo não sendo uma fase obrigatória do desenvolvimento, o ortopedista pediátrico, Jamil Faissal Soni, defende que engatinhar é um ato saudável e deve ser encorajado antes do início da marcha. 

  • 2. Todos os bebês engatinham antes de andar?

A resposta é não. De acordo com o neuropediatra, esse é um processo natural, mas que pode apresentar variações fisiológicas. Farias explica que existe um “amadurecimento hierárquico” de áreas do cérebro que controlam as partes do corpo. Por isso, é esperado que o desenvolvimento do bebê aconteça em etapas: primeiro, a partir dos três meses, sustentando a cabeça e, entre cinco e seis meses, o tronco para que ele possa se sentar. “Logo depois, os movimentos passam de automáticos e generalizados para localizados, quando a criança começa a ter o controle da força nos braços e pernas para engatinhar”, descreve. Apesar disso, por diversas variações fisiológicas, alguns bebês começam a andar sem passar por essa fase.     

  • 3. Como e quanto devo estimular?

“Estimular é importante, mas é preciso respeitar a hierarquia do neurodesenvolvimento e o amadurecimento fisiológico”, a afirmação é de Antônio Carlos de Farias. O neuropediatra explica que não é aconselhável forçar uma criança a se sentar com três meses, por exemplo, quando isso deve acontecer por volta dos cinco ou seis. Ela só irá se sentar ou engatinhar quando adquirir melhor controle do equilíbrio e sua musculatura estiver madura para cada ação. 

Um dos exercícios recomendados por Jamil Soni é conhecido por “cercadinho”, ou seja, levar a criança para uma superfície mais confortável – como um tapete – e estimular que ela se movimente por uma área delimitada, engatinhando. E, quando estiver pronta, ela tentará se levantar. Mães e pais também podem usar brincadeiras ou criar condições para que ela se movimente de um adulto a outro.  

  • 4. É necessário o uso de andador?

Os especialistas consultados pelo Lunetas alertam que o uso de andador é contraindicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, já que pode causar um alto índice de quedas e traumas de crânio, justamente porque a criança ainda não está neurologicamente preparada para andar. Ou seja, nada precisa ser forçado. Também em relação ao processo de caminhar, Soni explica que é necessário, antes de tudo, desenvolver a parte sensorial de equilíbrio e coordenação para que depois apareçam outros desafios motores como terrenos acidentados ou subida de degraus, o que deve acontecer em torno dos dois anos.  

  • 5. Quando devo me preocupar com o desenvolvimento tardio?

Todos os marcos de neurodesenvolvimento apresentam desvio padrão (idade mínima e máxima), portanto, é comum que algumas crianças comecem a engatinhar com cinco meses e outras ainda com dez. “É necessário analisar uma etapa à luz dos outros marcos de desenvolvimento”, explica Farias. 

Ou seja, quando uma criança não engatinha aos onze meses é indicado avaliar seu histórico, pois é possível que ela tenha apresentado atraso em outras fases. A sugestão de Soni é recorrer a um pediatra ou neurologista pediátrico se houver atraso por mais de dois meses em qualquer uma das etapas. 

  • 6. Todas as crianças têm pernas arqueadas?

“Todos os bebês ou a maioria deles nasce com as pernas arqueadas, pois faz parte do desenvolvimento fisiológico dos membros inferiores”, afirma Soni. Esta característica persiste até, aproximadamente, um ano e meio. Até os quatro anos, a tendência é que as pernas comecem a juntar os joelhos e separar os tornozelos, normalizando o alinhamento. 

  • 7. Engatinhar provoca outras repercussões comportamentais?

É possível que sim, de acordo com Farias. Como os pequenos passavam muito tempo no colo da mãe e de repente começam a se movimentar, alguns adultos tentam “disciplinar” esses novos movimentos. “Isso pode gerar repercussões cognitivas e comportamentais, como mudanças no sono ou mesmo birra”, observa o neuropediatra. É importante ter em mente que essa é uma fase em que os bebês passam a explorar mais o ambiente, passando a ter novas experiências para o seu desenvolvimento e conquista de maior independência. 

Leia mais

Comunicar erro
Comentários 1 Comentários Mostrar comentários
REPORTAGENS RELACIONADAS