93% das crianças no Brasil acessam a internet. Quais os desafios?

Pesquisa Tic Kids Online Brasil 2021 aponta uma explosão do uso da internet por crianças e adolescentes, mas o índice não significa qualidade de acesso

Da redação Publicado em 17.08.2022
TIC kids online brasil 2021: na imagem, duas meninas olham para um tablet acompanhadas da avó.
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Resumo

Como as crianças se portam na internet nos dias de hoje? A pesquisa TIC Kids Online Brasil 2021 traz dados sobre o uso da internet pelas infâncias e juventudes ao redor do Brasil.

Realizada com 2.651 crianças e adolescentes, a pesquisa Tic Kids Online Brasil 2021 aponta evidências no uso da internet por crianças e adolescentes de 9 a 17 anos. Lançada em evento nesta terça-feira (16), a pesquisa mostrou aumento significativo no uso de internet, principalmente na região Nordeste e em áreas rurais, como efeito direto da pandemia. Em 2019, este número era de 79% e, em 2021, pulou para 93%.

Apesar do grande número de jovens conectados, ainda há desafios em relação ao acesso, já que 53% das conexões são realizadas exclusivamente pelo celular. Para Luísa Adib, coordenadora da pesquisa, “não basta a visão dicotômica de acesso, devemos considerar as condições de acesso, variedades de dispositivos, qualidade de conexão, possibilidade de lugares de acesso”, diz. As classes A e B acessam a internet em uma variedade maior de dispositivos.

Em um cenário onde as crianças brasileiras representam um terço da população, a não existência de redes pensadas em suas necessidades , além de poucas discussões voltadas à inserção de crianças e adolescentes no mundo digital, torna urgente debater o assunto de maneira apropriada. Para Isabella Henriques, diretora-executiva do Instituto Alana, “a criança e o adolescente precisam estar no centro dos debates sobre inteligência artificial e proteção de dados pessoais”, especialmente no Brasil e nos países do sul global, locais onde as vulnerabilidades das infâncias e das juventudes são maiores.

“As crianças estão em período peculiar de desenvolvimento e precisam de cuidados, para que sejam protegidas na internet, e não da internet”

Saúde e bem-estar

A pesquisa deste ano trouxe um levantamento inédito ao revelar que quase um terço de crianças e jovens usam a internet para buscar apoio emocional e informações sobre saúde mental, acendendo um alerta sobre a importância da mediação parental. Entre as meninas, este hábito é mais comum (36%) que entre meninos (29%). 62% das meninas na faixa etária de 11 a 17 anos já pesquisaram sobre alimentação saudável e dietas, contra 48% dos meninos.

Redes sociais e publicidade

Hoje, 88% dos usuários de internet de 9 a 17 anos possuem perfil em alguma rede social. Apesar da maioria das redes permitir oficialmente a inscrição apenas daqueles que têm 13 anos ou mais, os mais novos têm presença maior. Das crianças de 9 e 10 anos, 68% estão nas redes. Dentre as de 10 e 11 anos, são 86%. Diferente do Facebook, as redes mais recentes são geralmente usadas por pessoas mais ricas e populações mais novas – o TikTok está mais presente nas classes A e B.

Um dado preocupante é em relação à publicidade: 67% reportam que têm contato com publicidade por meio de sites e de vídeos, enquanto 81% dos usuários da internet de 11 a 17 anos viram divulgação de produtos ou marcas na internet, embora não saibam distingui-la de conteúdos de entretenimento. As meninas são as mais vulneráveis: 64% delas já foram expostas à publicidade, em especial a de produtos de beleza, roupas e calçados.

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