É importante cuidar da visão do bebê desde seus primeiros dias e estar atento durante todo o crescimento da criança
O Lunetas conversou com especialistas para tirar dúvidas sobre o teste do olhinho e a saúde dos olhos durante a infância.
Após Lua, filha de 1 ano e 3 meses do apresentador Tiago Leifert e da jornalista Daiana Garbin, ser diagnosticada com retinoblastoma – uma espécie rara de tumor maligno originário nas células da retina – especialistas reforçam a importância de realizar o teste do olhinho em bebês e manter uma rotina de consultas ao oftalmologista durante a infância.
O teste do olhinho (ou teste do reflexo vermelho) é realizado ainda na maternidade, até 72 horas de vida do bebê. O exame ajuda na detecção de possíveis doenças oculares e deve ser repetido pelo pediatra no decorrer dos três primeiros anos de vida da criança. Obrigatório na rede pública, o teste também é coberto pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), caso seja realizado por convênio particular.
O Lunetas conversou com o oftalmologista Fernando Macei Drudi, especialista em catarata e retina cirúrgica, e traz informações do oftalmologista Anderson Teixeira Pinto, especialista em retina e vítreo, em nota, para entender mais sobre o teste do olhinho, práticas para cuidar da visão na primeira infância e sinais que os responsáveis devem ficar atentos sobre a saúde dos olhos das crianças.
O teste é realizado com um aparelho chamado retinoscópio: o médico faz com que um feixe de luz incida no olho do bebê para observar o reflexo vermelho dos olhos. Quando alterado ou abolido, é necessária uma avaliação mais aprofundada com o médico oftalmologista.
Na maternidade, logo após o nascimento do bebê. Ele serve como um exame de triagem capaz de identificar alteração da transparência dos olhos. Alterações oftalmológicas devem ser rapidamente tratadas.
Podem ser observadas patologias como catarata congênita, alterações refracionais (miopia, hipermetropia, astigmatismo), alterações de retina como o retinoblastoma, alteração da córnea (opacidades ou cicatrizes), entre diversas outras doenças que acometem os olhos.
O sinal mais expressivo de retinoblastoma é a leucocoria, um reflexo branco na pupila também conhecido como “reflexo de olho de gato”, que muitas vezes só é notado quando se irradia luz artificial no globo ocular ou em fotos com flash. Além das manchas brancas, é importante ficar atento na sensibilidade à luz, movimentos involuntários dos olhos, bater em móveis quando se está caminhando e olhos tortos (estrabismo). Em torno de 90% dos casos, a condição aparece sem aviso prévio, não estando associada a fatores externos.
Já com crianças maiores, é importante ficar atento se elas vão mal na escola por ficarem muito perto da lousa para ler, se têm dificuldade de ler um livro, por exemplo. Quanto mais cedo a descoberta da condição, mais eficaz o tratamento, tanto para retinoblastoma quanto para outros vícios no campo ocular.
A visita regular com o médico oftalmologista é sem dúvida o mais importante na prevenção de problemas que causam cegueira. Nela, o oftalmologista pode diagnosticar diversas patologias oculares e tratá-las precocemente.
Quando falamos sobre saúde dos olhos, a miopia é o vício de visão mais recorrente do país: aproximadamente 25% da população brasileira tem a condição. Durante a pandemia, estima-se que 67% dos pacientes entre 0 e 19 anos tiveram progressão na miopia, sendo a causa principal o excesso no uso de telas causado pelo isolamento social.
As técnicas de tratamento do retinoblastoma têm apresentado taxas de cura superiores a 95%, com a possibilidade da preservação da visão e da vida da criança. O tratamento depende de fatores como a localização e o tamanho do tumor, disseminação além do olho e possibilidade de preservação da visão. Quando o tumor é tratado no início, utiliza-se laser ou crioterapia para fazê-lo estagnar ou desaparecer. Diferentes procedimentos podem ser adotados, incluindo quimioterapia (intravenosa, intra-arterial, periocular e intraocular) e/ou radioterapia, terapia focal e métodos cirúrgicos. As crianças podem ter dor, inchaço nos olhos, vermelhidão, estrabismo, deformação do globo ocular ou até mesmo perderem o olho caso a condição não seja tratada adequadamente.
Assista à campanha do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) sobre a importância do Teste do olhinho:
Em nota conjunta, o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e a Sociedade Brasileira de Oftalmologia Pediátrica (SBOP) alertam que pais e responsáveis devem optar pelos cuidados de médicos especializados, uma vez que tratamentos como ‘self-healing’ (autocura) ou prática de exercícios oculares “não têm comprovação científica e, portanto, não servem para curar o retinoblastoma ou qualquer outra doença que afeta o aparelho da visão”, como glaucoma, catarata, doenças retinianas, entre outras. Segundo o documento, essas abordagens podem retardar o início de tratamentos corretos, podendo comprometer parcial ou totalmente a visão.
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“O retinoblastoma é um tipo raro de tumor intraocular maligno primário. A doença é genética (associada a uma anormalidade no cromossomo número 13) e acomete cerca de 2,5 a 4% de todas as neoplasias pediátricas do mundo, sendo cerca de 400 nascimentos anuais de crianças no Brasil com a condição”, explica, em nota, o oftalmologista Anderson Teixeira Pinto. O tumor tem origem em células da retina e pode afetar um olho (unilateral) ou os dois. Por ano, são cerca de 6 mil crianças ao redor do mundo com a condição. A doença pode ser hereditária ou não, e costuma atingir crianças antes dos 2 ou 3 anos de idade.