Para garantir atenção integral às crianças, especialista defende política escolar de monitoramento e auxílio psicológico
A especialista Claudia Mascarenhas defende uma política escolar de monitoramento e auxílio psicológico como forma de garantir atenção integral às crianças num momento em que se acendem os alertas para a saúde mental na infância.
Depois de tantas ondas e novas variantes da covid-19, a pandemia trouxe prejuízos também para a saúde mental da população mundial, como previu a Organização Mundial de Saúde (OMS). Porém, desde o início do confinamento das famílias e da interdição à convivência comunitária, a saúde mental infantil tem sido afetada, ainda que os impactos atinjam de modos distintos as crianças em suas iniquidades econômicas e sociais.
Se a primeira infância é marcada por uma maior dependência (material e socioemocional) em relação aos cuidadores, e as condições de vida dos adultos é parâmetro e anteparo da saúde integral das crianças, as mudanças bruscas de rotina, a instabilidade de emprego e trabalho, a insegurança alimentar e de moradia, o aumento da violência doméstica, a falta de rede de apoio das famílias, principalmente as monoparentais com mães sozinhas, e a precariedade da garantia de direito à saúde pública, atingiram diretamente as crianças.
São duas grandes situações em que os impactos para a saúde mental são incalculáveis: a primeira vem dos impactos vivenciados no dia a dia da pandemia; a segunda diz respeito às crianças que precocemente se tornaram órfãs de pais ou avós.
Para que as crianças tenham atenção integral garantida e auxílio no que for necessário, é imperativo que se instaure uma política de enfrentamento aos prejuízos causados pela orfandade precoce, em seus aspectos de direitos humanos, sociais, monitoramento escolar específico e acompanhamento em saúde mental, sobretudo entre as crianças com deficiência e o impacto em seu desenvolvimento global.
* Claudia Mascarenhas, psicanalista, diretora clínica do Instituto Viva Infância, que faz parte da Rede Nacional Primeira Infância (RNPI), e pós-doutoranda em Saúde Coletiva pela UFBA/ISC/FASA.
** Este texto é de exclusiva responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lunetas.
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