Há uma escassez de materiais pedagógicos específicos que abordem temas de sexualidade e que atendam às demandas das crianças cegas
Um relatório publicado pelo Unicef aponta que crianças com deficiência têm três vezes mais chance de sofrer algum tipo de violência. Por isso, a pedagoga Caroline Arcari criou o projeto "Pipo e Fifi na ponta dos dedos" para crianças com deficiência visual.
O relatório “Situação Mundial da Infância 2013: Crianças com deficiência“, do Unicef, constatou que a incidência e o risco de maus-tratos é maior em crianças com deficiência. Já, em relação ao risco, o documento assinala que crianças com deficiência têm três vezes mais chance de sofrer algum tipo de violência sexual do que seus pares sem deficiência.
A pedagoga Caroline Arcari, especialista em educação sexual, criou o projeto “Pipo e Fifi” para ajudar pais, professores, amigos e contadores a abordarem o problema da violência sexual contra crianças com uma narrativa ilustrada. O livro já foi lançado em diversas versões e alcançou cinco países. No Brasil, a publicação já ultrapassou as 100 mil cópias distribuídas. Agora, o projeto foi adaptado para crianças com deficiência visual, em uma versão 3D.
Lançado este ano, o “Pipo e Fifi 3D – na ponta dos dedos” tem a intenção de atender especificamente crianças com deficiência visual. Entende-se que há escassez de materiais pedagógicos específicos que abordem temas de sexualidade e que atendam às demandas das crianças cegas e com baixa visão.
Devido ao alto custo que envolve o processo, o projeto foi elaborado para contemplar o público por meio de sessões de contação de história, de modo que os kits produzidos atenderão à demanda prevista para o projeto acontecer de maio a dezembro de 2017.
Além dos personagens em 3D, outras estratégias de estímulo de aprendizagem serão utilizadas durantes a contação da história: estímulos auditivos, táteis, olfativos e áudio descrição gravada em áudio
Comunicar erro
18 de Maio: Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
No dia 18 de maio de 1973, Araceli, uma menina de oito anos de idade desapareceu no Espírito Santo. Posteriormente, ela foi encontrada sem vida e apresentando marcas de violência sexual e crueldade. Seus agressores foram identificados, mas nunca responsabilizados, absolvidos em 1991.
Com a repercussão do caso e uma crescente mobilização do movimento em defesa dos direitos das crianças e adolescentes, o dia 18 de maio foi instituído oficialmente no calendário do país por aprovação no Congresso como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, pela Lei Federal 9.970/00.
Neste dia, é importante refletir sobre o assunto e tirar o tema da invisibilidade para evitar que mais Aracelis sofram de forma tão brutal e agressores continuem não sendo responsabilizados.