17 livros para conversar sobre política com as crianças

Introduzir o tema durante a infância a partir da literatura pode contribuir com a formação de cidadãos críticos e mais engajados

Da redação Publicado em 05.11.2020 Atualizado em 09.05.2023
Na imagem, uma menina branca lê um livro e sorri. A imagem possui intervenções de rabiscos coloridos.
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Resumo

Para afastar a ideia de que política não é assunto de criança, essa seleção de livros mostra como introduzir o tema durante a infância e formar cidadãos críticos e engajados.

Essa seleção de livros mostra que política é, sim, assunto de criança. A partir da literatura infantil e juvenil, pais, professores e cuidadores podem acessar formas criativas de tratar sobre o tema e contribuir, assim, com o desenvolvimento crítico e reflexivo da criança, formando cidadãos melhor preparados para o futuro e mais engajados nas causas que movem a sociedade da qual fazem parte. Confira a lista politicamente especial que preparamos para te ajudar nessa importante missão de ajudar os pequenos a entenderem desde cedo como funciona o poder.

Livros infantis e juvenis sobre política

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“Manual das eleições 2020” (Magia de Ler)

A equipe de jornalismo e de pedagogia do Joca, primeiro jornal brasileiro voltado ao público infantojuvenil, criou o Manual das Eleições. Disponível on-line de forma gratuita, o objetivo é estimular o senso crítico desde a infância, e sensibilizar os adultos a dialogar abertamente sobre o assunto, demonstrando um interesse genuíno pelo olhar da criança. Com linguagem simplificada e acessível, há dados sobre a origem das eleições e o funcionamento do sistema no Brasil, além de informações sobre como exercer o papel de cidadão antes, durante e depois do pleito. O conteúdo também passa pela importância do voto, como as urnas eletrônicas funcionam, caminhos para pesquisar antes de escolher um candidato e como acompanhar as ações do político eleito.

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“O que é preciso pra ser rei?”, Leo Cunha, Tino Freitas e Fê (Pequena Zahar)

Esse poema rimado e repleto de imagens poéticas, de Leo Cunha, Tino Freitas e Fê, dialoga com o momento político atual ao trazer uma metáfora política e lúdica para crianças. A pergunta “O que é preciso para ser rei?” aparece repetidas vezes nas estrofes deste livro-poema, nos convidando a explorar possíveis respostas e ideias de como liderar e conduzir a vida pública e coletiva. Afinal, o que exatamente define um rei? Uma herança? Uma coroa? Um castelo? Ou será que é preciso também sabedoria, empatia, compaixão? Junto das perguntas, pequenos conselhos nos direcionam a refletir sobre a importância de saber partilhar ou o valor de ouvir e procurar compreender quem pensa diferente de nós, por exemplo.

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“Greta e os gigantes”, Zoë Tucker (Carochinha)

O livro escrito por Zoë Tucker e ilustrado por Zoe Persico reconta a história da indicada ao Prêmio Nobel, Greta Thunberg, jovem sueca que iniciou uma série de protestos contra a crise climática e a favor da preservação ambiental. Por meio de alegorias, os “gigantes” são aqueles que devastam as matas para substitui-las por grandes construções, cada vez maiores e mais tecnológicas. Ao verem seu lar ameaçado, os animais habitantes da floresta pedem ajuda à Greta, retratada como uma menina que enxerga as árvores e as plantas como seu quintal. Apesar de seu tamanho diminuto perante seus oponentes, a garota enfrenta a situação exibindo o pedido “PAREM!” em uma placa. Mas essa luta para salvar o planeta ainda não acabou… Descubra como você pode ajudar a Greta!

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“A eleição dos bichos”, André Rodrigues, Larissa Ribeiro, Paula Desgualdo e Pedro Markun (Companhia das Letras)

Um rei Leão de ideias bastante antidemocráticas manda e desmanda na floresta. Soberano, ele resolve desviar o curso de um rio para construir uma piscina na própria toca. Revoltada, a bicharada convoca eleições gerais para escolher entre a Macaca, a Preguiça, a Cobra e o próprio Leão um representante que realmente a represente. O livro “A eleição dos bichos”, de Larissa Ribeiro, André Rodrigues, Paula Desgualdo e Pedro Markun, fala sobre política de forma leve e honesta e procura estimular um diálogo aberto. A publicação traz um glossário em linguagem simples e divertida para os pequenos, explicando palavras como democracia, eleitor e urna. Além de conhecer mais sobre o funcionamento das eleições, as crianças podem escolher o seu candidato preferido. Só não conte a ninguém: o voto deve ser secreto!

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“O Deus dinheiro”, Karl Marx (Boitatá)

Um exemplo de como falar sobre relações políticas com as crianças sem usar essa palavra. Com um enfoque específico no desejo humano pelo consumismo e o que isso significa, o livro reúne manuscritos do pensador Karl Marx, inspirados no conto bíblico da Queda. Com ilustrações hipercoloridas e surreais do artista espanhol Maguma em uma edição gráfica bastante atrativa, com formato sanfonado que abre e fecha, o livro se propõe a ser uma narrativa visual sobre o mundo em que vivemos hoje.

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“A máquina das estações”, Fran Nuño (Biruta)

O livro de Fran Nuño, com ilustrações de Enrique Quevedo e tradução de Catarina Meloni, narra a chegada de uma máquina que controla as estações a uma pequena cidadezinha. Haverá uma votação para decidir seu funcionamento, então as crianças são estimuladas a responder: Se você pudesse escolher a duração de cada estação do ano, o que você faria? Deixaria o verão mais longo para aproveitar a praia? Ou quem sabe a primavera, para admirar suas coloridas flores? Mas a pergunta mais importante é: quem controlará a máquina?

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“Meu reino por um chocolate”, Bruno Nunes (Trioleca Casa Editorial)

Com metáforas bastante interessantes, o livro de Bruno Nunes conta a história de um ditador que governa totalmente alheio ao que se passa no dia a dia do seu reino. Caprichoso e intransigente, o reizinho mimado não mede consequências para fazer valer a sua vontade, e dá ordens das mais absurdas para conseguir o que quer, mesmo que seja uma barra de chocolate. Sem definir uma moral da história nem estabelecer verdades absolutas, o livro provoca o leitor a pensar sobre como se formam as relações de poder, e qual o impacto das decisões políticas sobre o meio ambiente, a vida das pessoas, o próprio desenvolvimento da sociedade e sobre como o afastamento da política da vida cotidiana influencia no rumo das coisas.

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“O rei”, Renato Moriconi (Jujuba)

“O rei” é uma canção do compositor Luiz Tatit, gravada em 1997. Neste livro, o ilustrador Renato Moriconi dá novas interpretações à letra ao propor que texto e imagem contem histórias paralelas e diferentes. A história é de um rei pacífico que não é levado a sério por seus súditos por ser muito bondoso. Um dia, um feitiço toma conta da cidade e a miséria se espalha. Então, o rei vai às ruas e é questionado: “qual é o único rei que nunca morre?”. A resposta surpreende a todos e dá uma valiosa lição sobre o que é poder de verdade.

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“Quem manda aqui”, Larissa Ribeiro, André Rodrigues, Paula Desgualdo e Pedro Markun (Companhia das Letras)

Reis, rainhas, princesas e príncipes. Todos esses símbolos do poder povoam o imaginário infantil, mas o que eles significam na vida política? Quem são as autoridades de poder a quem respondemos diariamente? Pais, professores, prefeitos, presidentes? Como e por que escolhemos nossos representantes? Como fazer eles ouvirem a nossa voz e nossas reivindicações? Com essas e outras perguntas, este livro nasceu da proposta de discutir a relação dos pequenos com a política. O livro de Larissa Ribeiro, André Rodrigues, Paula Desgualdo e Pedro Markun amplia nossa compreensão sobre quem manda e quem obedece a partir de “21 ótimas razões para começar a duvidar do poder dos reis”, mesmo que os reis, às vezes, sejam aqueles que sentam ao nosso lado na escola.

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“A democracia pode ser assim”, Equipo Plantel (Boitatá)

Neste livro, os pequenos conhecem como funciona o sistema de governo que tem como premissa a liberdade de expressão, e entende quais são os mecanismos e práticas que podem ameaçá-la ou fortalecê-la. A coleção foi originalmente editada na Espanha, pela editora Media Vaca; no Brasil, recebeu tradução de Thaisa Burani e ilustrações de Marta Pina. Também fazem parte da série “Livros para o amanhã” os títulos: “O que são classes sociais?”, “A ditadura é assim” e “As mulheres e os homens”.

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“Martin e Rosa – Martin Luther King e Rosa Parks, unidos pela igualdade”, Raphaële Frier e Zaü (Pequena Zahar)

Martin Luther King e Rosa Parks se encontraram em 1955, no boicote aos ônibus em Montgomery, nos Estados Unidos − uma revolta pacífica que durou mais de um ano e representou uma vitória simbólica no terreno frágil da legalidade. Com um texto comovente e belas ilustrações, esse livro de Raphaële Frier e Zaü narra a vida de Rosa Parks, seu encontro com Luther King e a trajetória da luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos, culminando na eleição em 2008 de Barack Obama, o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

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“A lenda de Su”, Tiago de Melo Andrade (Melhoramentos)

Em um reino distante chamado Su, vivia um Sábio que reinava soberano, pois tinha muitos dons que o tornaram imbatível, até mesmo a capacidade de curar doenças. Com o triplo de altura do restante da população, ele mandava e desmandava lá de cima, deixando o povo sem escolhas, vivendo em um mundo sem escolas e livros. Até o dia em que Crasso, um jovem muito inteligente, é chamado para esculpir uma estátua do ditador. O livro escrito por Thiago de Melo Andrade, com ilustrações de Claudia Kfouri, oferece uma reflexão sobre o poder popular de transformar o cenário político e social.

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“O reizinho mandão”, Ruth Rocha (Salamandra)

O livro premiado da autora Ruth Rocha, que deu origem à série que tem hoje o seu nome, destaca temas como democracia, poder e liberdade a partir da história de um herdeiro mimado e mandão que chega ao trono após a morte de um rei sábio e justo. Além de criar leis absurdas, seu autoritarismo faz o povo literalmente perder a voz. De tanto mandar todo mundo calar a boca, as pessoas, por medo, se calavam e calaram tanto que esqueceram como falar. Imagina que chato um lugar onde é impossível conversar!? Só quem falava com ele era um papagaio que repetia suas bobagens. Cansado, o reizinho procura por um sábio para tentar fazer com que as coisas voltassem ao normal. A saída seria encontrar uma criança que ainda lembrasse como se fala.

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“O rei de quase-tudo”, Eliardo França (Global Editora)

Considerado um clássico infantil, o livro de Eliardo França conta a história de um rei de nariz empinado que, quanto mais conquistava, mais queria conquistar. Por isso, ele vivia sempre insatisfeito. Na verdade, o que ele queria mesmo era ser o rei de tudo, e não de “quase tudo”. Assim, o livro funciona como uma fábula moderna sobre a ganância humana e suas consequências nocivas.

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“O rei e o mar”, Heinz Janisch (Companhia das Letras)

Embora a palavra política não apareça, sequer seja sugerida, este livro do escritor alemão Heinz Janisch, ilustrado por Wolf Erlbruch, não deixa de falar (também) sobre isso. Cada uma das 21 fábulas desta obra-prima sobre comportamento humano com imensa carga de significados apresenta ao leitor uma lição sobre as relações de poder e as verdades absolutas. O personagem principal – um reizinho muito poderoso – atravessa situações simples e filosóficas, que colocam sua soberania à prova. “Manda aquele que pode; obedece quem tem juízo”, diz a apresentação do livro. “No dia a dia, o bom senso costuma ser ótimo conselheiro, o único problema é que ele só nos diz o óbvio. E o óbvio não nos ensina a pensar”.

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“Se os tubarões fossem homens”, Bertolt Brecht (Editora 34)

Esta fábula, escrita originalmente na década de 50 (Brecht dedicou os anos de 26 a 56 à escrita de textos curtos repletos de críticas sociais), faz parte do livro “Histórias do Sr. Keuner” (publicado na Alemanha pela primeira vez em 2004) e que, curiosamente, funciona como uma alegoria dos tempos atuais, pois reflete sobre a organização social do mundo e suas consequências. No texto, o personagem Sr. Keuner é o interlocutor de uma criança que quer saber como o mundo seria se – como diz o título -, os tubarões fossem homens.

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“Papai, por que você votou no Hitler”, Didier Daeninckx (Cecerelê) 

A história começa na Alemanha de 1933, quando Otto e seus pais assistem a vitória do partido nazista nas eleições, que leva Hitler ao poder. Junto a uma onda de crimes monstruosos, a ditadura é instaurada no país e o menino passa a ficar muito confuso: por que seu pai votou em Hitler, mesmo a contragosto da mãe? Por que o governo queria separá-los da irmãzinha Mariele, que era diferente? Escrito por Didier Daeninckx e ilustrado por Pierre Elie Ferrir, a narrativa instiga as crianças a pensarem sobre a intolerância, as violências causadas pela guerra e os perigosos de se acreditar em promessas autoritárias.

*As descrições sobre cada livro foram elaboradas a partir de material disponibilizado pelas próprias editoras.

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