Livros que são como abraços para crianças de todas as idades

Nossos leitores nos contaram quais são os seus comfort books, aqueles livros que trazem sensação de conforto e bem-estar

Renata Rossi Publicado em 22.05.2024
Capa do livro Tanto, tanto ilustra matéria com uma lista de livros-abraço. Num fundo azul, um homem negro brinca com um bebê em seu colo.
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Resumo

Os leitores de Lunetas contaram quais são os livros que trazem sensação de conforto e bem-estar. Entre as escolhas dos chamados “comfort books”, há livros que falam de sentimentos como amizade, amor e solidão.

Há dias em que tudo o que precisamos é de um abraço. A ciência comprova que esse gesto tem a capacidade de reduzir os níveis da pressão arterial e o estresse, entre outros benefícios. Do mesmo modo que o acolhimento de um abraço pode estar na comida, ele também pode ser encontrado nos livros. Isto é, quem já não experimentou essa sensação com um brigadeiro de colher ou a sopa preparada para curar os resfriados da infância? Pois então, algumas histórias também podem ajudar a tornar os dias difíceis reconfortantes e trazer boas memórias.

Aqui no Brasil, o dia 22 de maio celebra essa troca de carinho. A inspiração vem de um movimento que começou na Austrália, o Free Hugs (abraços gratuitos, em tradução livre), como incentivo para abraçar pessoas desconhecidas e, assim, alegrar seus dias.

“Todas elas [essas leituras] têm finais felizes e mensagens sobre perseverança, paciência, compaixão e outras virtudes, sobretudo a força do amor, em formas diversas, para superar adversidades”, disse a professora Cilza Bignotto, do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar-SP), em entrevista ao blog da Companhia das Letrinhas. O conforto pode vir das memórias afetivas despertadas pelas histórias, dos personagens ou das descrições de objetos e cenários, por exemplo.

7 livros que são como abraços para os leitores de Lunetas

Os leitores de Lunetas responderam quais livros são como abraços, os chamados comfort books ou comfort reads, conceito que se popularizou durante a quarentena do coronavírus. Então, os livros infantis mais votados entraram para esta lista. As obras escolhidas falam de sentimentos como amor, incompletude, solidão, pertencimento e amizade.

Como a leitura compartilhada é como um abraço que acolhe todos, fica portanto o convite para escolher seu livro-abraço, se espalhar em um lugar aconchegante com sua criança e curtir o momento!

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“Adivinha o quanto eu te amo”, Sam McBratney e Anita Jeram (WMF Martins Fontes)

Quanto mede o amor? Um coelhinho se esforça para demonstrar o tamanho do amor que sente pelo pai. Na brincadeira, o pai parece sempre ganhar do filho. Juntos, encontram maneiras simbólicas de mensurar o sentimento e percebem que não é nada fácil encontrar essa medida. Com ilustrações delicadas e texto cativante, a obra é um convite a ler e reler com os pequenos desde os primeiros dias de vida. Com isso, a chance é fazer parte da lista dos preferidos por muito tempo.

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“A parte que falta”, Shel Silverstein (Companhia das Letrinhas)

Um ser circular sai mundo afora em uma jornada para encontrar a parte que falta para torná-lo completo. No caminho, encontra partes grandes demais, pequenas demais, com formatos que não se encaixam ou que, apesar de encaixar perfeitamente, não o completam. Será que precisamos de outros para nos completar?

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“A árvore generosa”, Shel Silverstein (Companhia das Letrinhas)

“Era uma vez uma árvore que amava um menino.” Assim começa esta história traduzida no Brasil pelo escritor e jornalista Fernando Sabino. A árvore faz de tudo para ver o menino feliz, mas conforme ele cresce, vai ficando cada vez mais exigente com seus pedidos. Apesar dos poucos recursos que ainda restam, a árvore segue fazendo de tudo para atendê-lo. Até que ponto podemos nos doar para alegrar os outros? Por fim, o texto da quarta capa, assinado pelo escritor moçambicano Mia Couto, traz uma reflexão sobre como a cultura em seu país se relaciona com as árvores.

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“Flicts”, Ziraldo (Melhoramentos)

Flicts é a história de uma cor solitária e sem graça. Não está no arco-íris nem nas caixas de lápis de cor. Só quem sabe onde ela está são os astronautas. O livro encanta leitores há décadas e é conhecido até pelo primeiro homem a pisar na lua, o astronauta Neil Armstrong. Ziraldo ousou na época ao criar uma obra que tem como linguagem visual cores e formas. Em 2019, o livro completou 50 anos e ganhou uma edição especial que reúne comentários de grandes amigos do autor e a repercussão da obra à época do lançamento. Rachel de Queiroz, Millôr Fernandes e Carlos Drummond de Andrade estão entre os nomes que trazem ao leitor de hoje sua perspectiva sobre este livro que é considerado um marco para a literatura infantil. Em sua 118º reimpressão, já são mais de 1 milhão de cópias vendidas.

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“O pequeno príncipe”, Antoine de Saint-Exupéry (Cia das Letrinhas)

Em 2023, essa obra completou 80 anos de publicação. Mesmo quem não leu, já deve ter visto pelo menos uma das tantas frases que compõem suas páginas, como “o essencial é invisível aos olhos”. Para a tradutora e pesquisadora da obra de Saint-Exupéry, Mônica Cristina Corrêa, o livro está entre os mais lidos e vendidos no mundo todo porque “fala de forma magistral de algo que é universal, comum a todos: a efemeridade e a morte”. Embora o ponto de partida seja a morte, representada de forma simbólica ao longo da narrativa, o encontro entre o piloto, que é o narrador, e o príncipe nos convida a refletir sobre a vida e o que vale a pena. Esta edição traz o texto integral, as aquarelas originais e um posfácio rico em detalhes sobre a vida do autor e da obra, com fotos inéditas.

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“Tanto, tanto!”, Trish Cooke e Helen Oxenbury (Ática)

Enquanto a mãe e o bebê aguardam, toca a campainha e assim começam a chegar, um a um, os membros de uma família animada que prepara uma festa de aniversário. No centro da narrativa, um bebê rodeado de amor e afeto. Afinal, o que todos que têm um bebê na família fazem senão querer abraçá-lo? Além de um texto de repetição muito gostoso de ler em voz alta e que remete às cantigas, a obra também contribui para uma educação antirracista. Isso porque traz a representatividade negra em contexto comum: uma família feliz se divertindo em uma festa.

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“Guilherme Augusto Araújo Fernandes”, Mem Fox e Julie Vivas (Brinque-Book)

O menino Guilherme mora ao lado de um asilo e conhece os velhos que moram lá. Embora goste de todos, tem um carinho especial pela senhora que tem quatro nomes, assim como ele: a dona Antônia Maria Diniz Cordeiro. Eles são grandes amigos e o garoto lhe conta então seus segredos. Um dia, porém, fica sabendo que ela perdeu a memória. Primeiro, descobre com a ajuda dos outros moradores do asilo o que é memória e depois bola um plano para que sua amiga recupere as lembranças perdidas. Com texto enxuto e rimado, é um convite à leitura em voz alta e grande candidato a conquistar um lugar especial na memória afetiva de novos leitores.

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