Após pressão da sociedade civil, Congresso estende a prioridade às mulheres que estão amamentando para todo o país; apenas 9 estados garantiam a vacina ao grupo
Pela possibilidade de transmitir anticorpos através da amamentação aos bebês, lactantes são incluídas no grupo prioritário da vacinação contra a covid-19 em todo o país.
Até agora, lactantes não tiveram acesso uniformizado à vacinação no território nacional. Segundo mapeamento da Gênero e Número, elas só tinham vacinação assegurada, independentemente da idade, em nove estados, ainda que a decisão final fosse dos municípios, considerando-se idade de filhos e filhas, e a comorbidade das mães.
Mas acaba de ser aprovado na Câmara de Deputados nesta quinta-feira (8), em regime de urgência, o texto que coloca lactantes como parte do grupo prioritário, juntamente com gestantes e puérperas. Estes dois grupos já têm vacinação garantida por todos os estados, devido à alta taxa de letalidade de gestantes e puérperas no Brasil: 7,2%, mais que o dobro da atual taxa de letalidade do país, que é de 2,8%, segundo a Fiocruz.
Embora não haja evidências de que lactantes sejam mais vulneráveis à covid-19, o principal argumento da vacinação dessas mulheres é a proteção 2×1, uma vez que anticorpos contra a covid-19 podem ser transmitidos através do leite materno, como apontam pesquisas. A proteção vacinal, portanto, se estenderia aos bebês, que não podem usar máscara e não podem se vacinar ainda. Outros argumentos incluem a redução das mortes maternas, o incentivo à amamentação prolongada e a proteção das lactantes que voltaram a trabalhar de modo presencial.
A mobilização pela inclusão das lactantes surgiu na sociedade civil, impulsionada, há pouco mais de um mês, pelo grupo Lactantes pela Vacina, criado na Bahia, com a participação de todos os estados, menos Roraima.
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Até 7 de julho, 115.589 puérperas haviam sido vacinadas com a primeira dose e 4.815 com ambas as doses em todo o país, segundo dados do painel de vacinação do Ministério da Saúde. Contudo, nem todas as puérperas são lactantes, pois há aquelas que não amamentam os filhos.