Menos plástico, por favor

Pesquisa revela como a publicidade infantil de brinquedos de plástico afeta a saúde das crianças e o meio ambiente

Da redação Publicado em 04.08.2020
Foto em preto e branco em que uma menina de blusa listrada aparece sentada no chão brincando com um baldinho de plástico, único elemento colorido - vermelho com a alça amarela.
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Resumo

Conheça dados alarmantes e soluções possíveis apontadas pela pesquisa “Infância Plastificada: O impacto da publicidade infantil de brinquedos plásticos na saúde de crianças e no ambiente”.

Além de apresentar dados inéditos sobre o efeito “publicidade-desejo-consumo-descarte”, pesquisa pioneira “Infância Plastificada: O impacto da publicidade infantil de brinquedos plásticos na saúde de crianças e no ambiente” aponta caminhos possíveis para promover uma infância livre do consumismo e que permita o livre brincar em segurança. 

A pesquisa foi encomendada pelo programa Criança e Consumo, do Instituto Alana, e conduzida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Química Verde, Sustentabilidade e Educação (GPQV), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Principais conclusões da “Infância plastificada”

  • Setor de brinquedos é um dos que mais faz publicidade infantil

A indústria de brinquedos representou 71% das publicidades dirigidas a crianças na TV paga em monitoramento feito em 2019, especialmente próximo do Dia das Crianças e Natal.

  • A maioria dos brinquedos é feita de plástico e pode causar impactos na saúde de crianças

Estima-se que 90% dos brinquedos do mundo são feitos a partir de materiais plásticos e muitos destes produtos contêm substâncias tóxicas para crianças.

  • Brinquedos de plástico têm baixa probabilidade de serem reciclados

Este estudo estimou que 1,38 milhão toneladas de brinquedos de plástico serão produzidos no Brasil entre 2018 e 2030. Por conta da mistura de diversos materiais que os compõem, sua reciclabilidade se torna praticamente inviável.

  • Embalagens de brinquedo fazem parte do problema

As embalagens, muitas vezes de plástico, também geram problemas ao meio ambiente pela sua rápida descartabilidade. O estudo estimou a geração de 582 mil toneladas no mesmo período no país.

  • L.O.L. Surprise! e McLanche Feliz são exemplos da relação entre publicidade infantil e excesso de brinquedos de plástico

Ambos são casos ilustrativos do funcionamento e efeitos da cadeia “publicidade infantil-desejo-consumo-descarte”. O primeiro com a cultura do unboxing, estimulada pela publicidade realizada por youtubers mirins, e o segundo por associar alimento ao consumo de brinquedo (eatertainment).

  • Crianças são alvos rentáveis da publicidade e suscetíveis a valores consumistas

As crianças têm forte influência nas tomadas de decisão de compras da família e, por isso, têm sido um público-alvo lucrativo, estimulando o consumismo.

  • Soluções possíveis

Os caminhos passam pela efetiva proibição da publicidade infantil, o estímulo à economia circular da cadeia de brinquedos, o brincar livre na natureza e o estímulo à cultura de troca de brinquedos, além do design de novos brinquedos verdes e sustentáveis.

  • Publicidade infantil é ilegal e abusiva

A publicidade dirigida a crianças é considerada abusiva e, portanto, proibida pela legislação brasileira, por se aproveitar da condição vulnerável da criança que não consegue compreender o conteúdo persuasivo dessas mensagens.

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