Após três anos, a Organização Mundial da Saúde declarou o fim da covid-19 como emergência de saúde global. Embora a notícia seja animadora, autoridades alertam que isso não significa o fim do coronavírus e destacam a baixa cobertura vacinal entre as crianças.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o fim da covid-19 como uma emergência em saúde pública de importância internacional, na última sexta-feira (5). Mas isso não significa o fim da pandemia, uma vez que a doença causada pelo novo coronavírus segue com o status. Com a presença do vírus altamente contaminável entre a população, “temos que tomar ações e melhorar todo o nosso sistema para podermos reduzir o impacto da covid-19 daqui para frente”, explicou a líder técnica da OMS, Maria Van Kerkhove. Ainda que a vacinação seja fator essencial para o controle dos casos mais graves da doença, apenas 1 em cada 3 crianças completaram o primeiro ciclo de imunização no Brasil.
Durante o anúncio do fim do caráter de emergência internacional, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que “a covid-19 ainda pode ser uma ameaça, já que as mortes acontecem diariamente, ceifando uma vida a cada três minutos”. Nesses três anos, foram mais de 7 milhões de mortes e muitos reflexos na saúde física e mental da população.
No Brasil, embora as vacinas pediátricas estejam disponíveis nas unidades de saúde pública de todos os municípios, apenas 6,9% das crianças de seis meses a quatro anos tomaram as duas doses, de acordo com o Ministério da Saúde. Pesquisas apontaram que, dentre os principais motivos para esse atraso, as notícias falsas e o medo da reação da vacina foram os principais argumentos das famílias.
Desde dezembro de 2021, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária liberou a vacina da Pfizer para crianças de cinco a 11 anos no Brasil. Sete meses depois, a Coronavac foi autorizada para a faixa etária de três a cinco anos, e, desde setembro do ano passado, as doses da Pfizer para bebês de seis meses até crianças de quatro anos estão disponíveis.
No início da pandemia, a covid era considerada uma doença que não acometia de forma grave as crianças, mas, com o tempo e o surgimento das variantes, o vírus chegou a infectar milhões de crianças pelo mundo, causando mortes e sequelas como a covid longa, tosse contínua, falta de ar crônica, fadiga e dificuldade para realizar exercícios físicos. Foi a oitava causa mais comum de morte entre as crianças nos Estados Unidos e ainda está entre as dez no Brasil. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 3,5 mil mortes de crianças foram registradas nos últimos três anos, sendo que as subnotificações podem elevar o número.
Em pronunciamento oficial sobre o fim da emergência global, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou que a vacinação contra a covid-19 é essencial para a saúde pública do país, já que a doença segue com as variantes, e internações e óbitos ainda ocorrem, principalmente entre as pessoas que não receberam todas as doses das vacinas.
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Nestes três anos, o Lunetas acompanhou a pandemia de covid-19 com a produção de conteúdos especiais em Coronavírus: o mundo em suspensão e Coronavírus Ano II. À espera de dias melhores, para informar sobre a situação de gestantes e famílias afetadas pelo coronavírus, mas principalmente acolher as crianças que tiveram parte da fase mais significativa de suas vidas impactadas por uma pandemia mundial.