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Ilustrações do miolo do livro “Doçura”, de Emília Nuñez e Anna Cunha, vencedor na categoria infantil da 65ª edição do prêmio Jabuti

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Miolo do livro “Doçura”, de Emília Nuñez e Anna Cunha, vencedor na categoria infantil da 65ª edição do prêmio Jabuti

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Ilustrações de “Doçura”, de Emília Nuñez e Anna Cunha, vencedor na categoria infantil da 65ª edição do prêmio Jabuti

lang="pt-BR">‘Doçura’ vence o Jabuti 2023 e celebra o afeto para formar leitores
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‘Doçura’ vence o Jabuti e celebra o afeto para formar leitores

Imagem de miolo do livro "Doçura", vencedor do Jabuti 2023. Três gerações de mulheres, avó, mãe e filha leem juntas o mesmo livro. Na cena, também há uma cesta de frutas e bolo.

“Ler para uma criança é dar início a uma doce revolução pelo afeto.” A frase está na quarta capa de “Doçura”, livro vencedor do prêmio Jabuti 2023, na categoria literatura infantil, e é um claro sinal de a que veio a obra. “Este livro é uma celebração às professoras e às mães que leem com suas crianças”, conta a escritora Emília Nuñez.

O livro-imagem traz duas narrativas paralelas que simbolizam o semear. De um lado, arar a terra, plantar, regar, nascer e ver crescer uma árvore. De outro, uma gestação e o bebê que cresce na companhia das mulheres, rodeado de livros e afeto. A passagem do tempo indica que a semeadura rendeu frutos e flores, mas celebra também pequenos leitores.

“Doçura”, Emília Nuñez e Anna Cunha (Tibi)

Um livro-imagem que homenageia a leitura em família, as mulheres e as professoras. A obra trata da importância da formação leitora na infância e destaca o afeto e a dedicação para a criação de uma nova geração de leitores. O título, publicado em 2022, faz parte de uma trilogia que começou com “Brincar de livro” (2018). O terceiro volume ainda não foi lançado.

Ilustrador também é autor

Reconhecer um livro sem palavras em uma premiação que celebra a escrita, como o Prêmio Jabuti, é uma forma de destacar o trabalho da ilustração, fundamental na literatura para a infância.

Como dizia Paulo Freire, a leitura do mundo precede a leitura da palavra. E é aí que os livros que trazem apenas narrativas visuais ganham vida e ainda mais potência nas mãos dos pequenos leitores. “É curioso como as crianças têm muito mais liberdade ao explorar livros só com imagens. Às vezes, é a criança que leva o adulto a se arriscar em outras leituras que não só a do texto verbal”, explica a ilustradora Anna Cunha.

Quem fica responsável por uma educação literária?

A revolução pelo afeto a que se propõe este livro passa também por estarem os adultos abertos a múltiplas possibilidades ao ler com suas crianças. Mais que uma obrigação em meio a tantas outras, o momento da leitura pode ser um tempo de qualidade. Até um descanso.

Segundo a última pesquisa “Retratos da leitura”, publicada em 2020, as mulheres são as principais figuras de referência para o hábito de ler: 28% dos entrevistados atribuem a professoras e mães a influência por gostar de ler, enquanto apenas 6% apontam os pais.

Ler para uma criança é uma declaração de amor. A gente se conecta, fortalece vínculos e cria espaços de qualidade. É uma forma de dizer ‘eu te amo’ e de receber todo esse carinho de volta”, diz Nuñez, que mantém o perfil “mãe que lê”, onde compartilha dicas de literatura infantil.

Formar novos leitores é uma tarefa coletiva e urgente

“Doçura”, um abraço em quem se dedica com afeto a formar leitores, é reconhecido o melhor livro infantil no ano em que a personalidade literária do Jabuti é Pedro Bandeira, autor com mais de 40 anos de produção literária, responsável por formar gerações de leitores. São mais de 130 livros e 28 milhões de exemplares vendidos. Entre eles, sucessos como “A droga da obediência” e “A marca de uma lágrima”.

“Nos sentimos duplamente premiadas. Por ter vencido entre tantos livros incríveis e por estar aqui junto dele, que é um grande semeador de leitores e inspira a todos nós”, comentam Nuñez e Cunha.

Que lugar ocupa a literatura para crianças?

Um dos grandes nomes da literatura para a infância, Bandeira é o segundo autor de literatura infantil homenageado em 65 anos de Prêmio Jabuti. A primeira foi Ruth Rocha, em 2017, na 59ª edição. Antes de se estabelecer como escritor, em 1983, Bandeira passou pelo teatro, televisão e imprensa. As primeiras histórias para crianças foram publicadas em 1972, em revistas da editora Abril. Depois veio a publicação do livro “O dinossauro que fazia au-au” (1983) e o grande marco “A droga da obediência” (1984). Bandeira foi premiado com o Jabuti em 1986, com a obra “O fantástico mistério de Feiurinha” (1986). “É um prazer fazer parte do povo do livro, que sempre está olhando para o futuro”, disse em seu discurso na premiação.

Para o autor, a literatura infantil é a mais importante no Brasil por ter como missão formar novas gerações de leitores. “Nós, autores de literatura infantil, estamos lutando para ter mais bons leitores adultos. Faremos uma geração de leitores poderosa e informada.”

A centralidade da literatura nas políticas públicas

Com os recentes resultados de pesquisas que revelam deficiências das crianças brasileiras em leitura e interpretação de texto, o esforço para reverter o quadro deve ser coletivo, envolvendo escolas, famílias, o mercado editorial e governos. São urgentes políticas culturais e educacionais para ampliar o acesso ao livro, formar os professores, e agregar mais qualidade à educação de crianças e adolescentes.

Segundo dados do Pisa 2022, divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o país alcançou 410 pontos em leitura; a média é 476. O relatório aponta que 50% dos estudantes brasileiros não têm o nível básico em leitura. Entre os países membros da OCDE, esse índice foi de 27%. Já no Pirls, pesquisa internacional que avaliou competências de leitura de alunos do 4º ano de 57 países, o Brasil ficou na posição 52.

Anita Gea Martinez Stefani, diretora de apoio à gestão educacional que representou o ministro Camilo Santana na cerimônia, disse que “o Ministério da Educação parte do princípio de que as obras literárias potencializam a capacidade de reflexão dos alunos sobre si, sobre o mundo e sobre os outros, ampliando o contato com a diversidade cultural, bem como aproximando o aluno das diferentes formas de expressão linguística”. Por fim, anunciou que, em breve, será regulamentada pelo presidente Lula a Política Nacional de Leitura e Escrita em articulação com o Plano Nacional do Livro e da Leitura.

Prêmio Jabuti 2023: finalistas da categoria literatura infantil

Vale ficar de olho nos outros concorrentes desta edição. Quem sabe ajuda você a escolher o próximo livro para apresentar a sua criança. Além disso, acessar essa vitrine de produções literárias contemporâneas pode ser uma forma de conhecer o que de mais legal é produzido para as crianças no universo literário.

“A espera”, Ilan Brenman e Seta Gimeno (Moderna)

O mundo parava toda vez que a maçaneta da porta começava a se mexer. Com o corpo imóvel, Dadá apontava como uma flecha em direção ao local que traria o seu melhor amigo de volta.

“Desligue e abra”, Ilan Brenman e Veridiana Scarpelli (Moderna)

Essa obra nos lembra que “desligar” também é uma opção. A partir de brincadeiras e diálogos divertidos, propõe que o leitor se concentre no livro e a desperte para a vida além da tela.

“O menino, o pai e a pinha”, Yuri de Francco e Ionit Zilberman (Ciranda na Escola)

Pai e filho colecionam pinhas que encontram por todos os lados. Até que, um dia, tudo muda completamente por causa de uma delas.

“Voar na imaginação”, Celso Vicenzi e Andrea Honaiser (Arte Editora)

São 48 pássaros brasileiros entrelaçados numa história poética e bem-humorada. Trocadilhos e combinações nos permitem pairar sobre o universo de aves que sobrevoam o nosso céu e alcançar a palavra que nomeia cada um deles em pleno voo.

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