Ciranda de Filmes propõe reflexões sobre o cuidado

A mostra traz filmes e atividades que abordam o cuidar individual e coletivo

Da redação Publicado em 28.09.2023
Foto de duas meninas indígenas na floresta, olhando para cima. A imagem é do filme “Para’í” (2018), de Vinicius Toro, e ilustra matéria sobre a Ciranda de Filmes 2023.
OUVIR

Resumo

A mostra de cinema “Ciranda de Filmes” traz para São Paulo obras audiovisuais, oficinas e aulas sobre perspectivas do cuidado.

Com o tema “Cuidados singulares”, a oitava edição da Ciranda de Filmes traz 55 produções brasileiras que falam sobre a ética e a política do cuidar. As obras enfatizam os saberes negros, indígenas e periféricos sobre os modos particulares de cuidar, resistir e estar no mundo.

Além disso, a mostra levanta reflexões sobre os idosos e as políticas voltadas a esta faixa etária; a ética do cuidado abordada de maneira transversal na escola; e o lúdico presente na aventura e na fantasia. Também acolhe famílias que estão tentando encontrar equilíbrio entre ruídos, excessos e distrações do mundo contemporâneo. A ideia é estimular mais presença, natureza, saúde e amor desde a gestação e a cada etapa da vida.

“A cada respiração, a magia da vida nos conecta a todos os seres. Nesse momento, nosso coração não pertence apenas a nós, mas a toda humanidade”, diz Renata Tupinambá sobre o documentário “Kunhã Karai e as narrativas da Terra” (2023), de Paola Mallmann Oliveira.

Para Fernanda Heinz Figueiredo, uma das curadoras da mostra e documentarista da infância, “toda criança nasce conectada com a teia da vida”. E, por meio do brincar, “elas nos mostram o caminho do cuidado para que percebamos que fazemos parte dessa teia”.

Conheça 6 destaques da mostra:

  • 1. “A invenção do outro” (2022), de Bruno Jorge
    Uma expedição realizada pela Funai tenta estabelecer contato com um grupo de indígenas Korubos, que vivem isolados e em estado de vulnerabilidade. A partir disso, promovem um delicado reencontro com parte da família que haviam conhecido poucos anos antes.
  • 2. “Bia” (2022), de Taciano Valério
    Entre ficção e documentário, a doutoranda Bia investiga o lugar da mulher nas lutas camponesas. Por meio da vivência com mulheres sem-terra (o filme traz situações reais gravadas no acampamento Normandia do Movimento Sem Terra, em Caruaru, no Pernambuco), ela busca romper de vez com as estruturas do patriarcado, como o casamento e a família, valorizando o seu trabalho e a sua liberdade.
  • 3. “Cordelina” (2022), de Jaime Guimarães
    Enquanto peregrina por estradas do interior de Pernambuco e da Paraíba, uma mulher carrega um tesouro e reflete sobre sua terra, as memórias de sua amiga árvore Angico e conta histórias dentro de histórias. No caminho, encontra pessoas que se encantam com a arte, a vida e as coisas simples.
  • 4. “Para’í” (2018), de Vinicius Toro
    A partir da perspectiva das crianças, o longa-metragem conta a história de Pará, uma menina guarani que fica encantada com as sementes coloridas de um milho e passa a cultivá-lo.
  • 5. “Flecha selvagem” (2021), de Anna Dantes
    Nesta série, um sonho que Ailton Krenak teve abre caminhos para que sejam feitas novas perguntas sobre como adiar o fim do mundo.
  • 6. “Uýra – a retomada da Floresta” (2022), de Juliana Curi
    A autodescoberta e o autocuidado inspiram mensagens de uma artista trans indígena que ajudam jovens a enfrentarem o racismo estrutural e a transfobia no país.

Ciranda de Filmes 2023

    • Quando? 6 a 8 de outubro (sexta a domingo)
    • Onde? Espaço Itaú de Cinema Augusta (Rua Augusta, 1475, São Paulo/SP)
    • Entrada gratuita. Retirada de ingressos na bilheteria 1 hora antes da sessão
    • Mais informações no site da Ciranda de Filmes

    Atividades extras para uma prática do cuidado:

    A Ciranda de Filmes traz rodas de conversa, aulas e oficinas que continuam a falar do cuidado como uma forma de ser e de se expressar, capaz de contribuir para o bem viver. Toda programação também acontece no Espaço Itaú de Cinema Augusta. Tem até um laboratório para quem se interessa em construir narrativas audiovisuais para crianças e jovens, no domingo, dia 8/10, às 10h30.

    Aula aberta

    “O outro lado do outro – o cuidado com crianças, comunidades indígenas, periféricas e quilombolas na produção audiovisual”, por Rita Oenning da Silva e Kurt Shaw

    Um espaço de socialização e reflexão sobre experiências da produção audiovisual e de fazer cinema com crianças e jovens.

    • Data: 6/10 (sexta-feira), às 17h – a confirmar
    • Distribuição de ingressos na bilheteria 1 hora antes (sujeito à lotação da sala) – a confirmar

    Exposição

    “Remédios urbanos”, por Rage

    Em suas andanças pelas ruas de São Paulo, o multiartista Rage traz o caos da cidade por meio de intervenções artísticas. Entre elas, caixas gigantes de remédios que prometem a cura para a hipocrisia, ativam o bom-senso e despertam o desapego; e teias de aranha feitas de barbante que cobrem equipamentos públicos, mostrando o descaso da cidade com praças e parques infantis.

    • Data: 6 a 8 de outubro
    • Visitação livre

    Espaço de escuta de histórias de cuidado

    Em parceria com a Escola Aberta do Cuidado, esse espaço promove trocas de memórias e narrativas de cuidado. Os depoimentos coletados poderão ser exibidos nos canais de comunicação da mostra e da Escola Aberta do Cuidado.

    • Data: 6 a 8 de outubro​​
    • Por ordem de chegada. Não há necessidade de inscrição prévia.

    Oficinas

    “Caminhos do cuidado”, por Rodrigo Carancho

    Um convite a percorrer o universo do cuidado no Brasil pela perspectiva de mestres e mestras do saber. O ponto de partida é uma pesquisa-expedição onde o educador Rodrigo Carancho se pôs a ouvir histórias, lembranças, sonhos, ritos e esperanças de parteiras, benzedeiras, poetas, raizeiras, artesãos e pajés. Todo o processo será amplamente ilustrado com vídeos, fotos, textos e materiais de referências que poderão ser consultados pelos participantes.

    “Como educar as crianças no mundo das telas?”, por Igor Amin

    Essa pergunta guia a oficina, que traz questões como tempo de exposição à tela, o cuidado, responsabilidade, mediação, ética e criatividade no uso dos aparelhos eletrônicos.

    • Data: 7/10 (sábado), às 10h
    • Até 80 participantes (sujeito à lotação da sala, com distribuição de ingressos na bilheteria 1 hora antes)

    “Poesia à solta na natureza”, por André Gravatá

    A oficina busca alargar a percepção sobre o que é poesia a partir do encontro com a terra, a água e o fogo. Por meio de proposições e conversas, a intenção é investigar a poesia como uma forma de relação com o mundo.

    “Vivências no saguão – caminhando em seus sapatos”, por Museu da Empatia

    Dentro de uma caixa de sapatos gigante, o público encontra uma coleção de diferentes sapatos. Ao escolher um par, o visitante pode calçá-lo e caminhar pelo espaço enquanto ouve a história da pessoa à qual eles pertenciam. A intervenção nos leva a refletir sobre nosso pertencimento comum à humanidade.

    • Data: 6 a 8 de outubro, das 14h às 18h (troca de grupos a cada meia hora)
    • Por ordem de chegada. Não há necessidade de inscrição prévia.

    * As informações são de responsabilidade do organizador e estão sujeitas a alterações sem aviso prévio.

    Leia mais

    Comunicar erro
    Comentários 1 Comentários Mostrar comentários
    REPORTAGENS RELACIONADAS