Crianças são bem-vindas na cozinha e, entre uma ajudinha ou outra, podem ir desenvolvendo autonomia. Mas, depois de liberar tarefas simples como descascar uma fruta, amassar o pão ou até fazer um ovinho mexido, como saber se elas já estão prontas para fazer uma receita sozinhas? E quais cuidados os responsáveis devem ter para incentivá-las a conquistar seu espaço com segurança?

Para a pediatra Flávia Oliveira, o mais importante não é se apegar ao que está sendo preparado, mas como e em que ambiente isso acontece. Idealizadora da “Liga da cozinha afetiva”, com receitas e indicações de alimentação para crianças, ela reforça que envolver crianças na culinária do dia a dia ajuda a construir um comportamento alimentar mais saudável.

“Quando ela compartilha a refeição e participa do preparo, experimenta mais tipos de alimentos, pois tem contato com sabores e texturas diferentes”. Ou seja, a criança pode se alimentar melhor quando tem familiaridade com essa variedade de frutas, verduras e carnes.

Outros benefícios envolvem:

• Conexão amorosa e tempo de qualidade com a família;
• Conversas e identificação sobre os gostos e as preferências da criança;
• Exercício de leitura de rótulos;
• Resoluções de pequenas contas matemáticas (medidas e proporções);
• Regulação do tédio e da ansiedade ao esperar uma receita ficar pronta.

Como trazer as crianças para a cozinha?

Para a nutricionista Cynthia Howlett, as melhores estratégias para as famílias envolverem as crianças é criar um universo da cozinha para elas, sempre de forma adaptada. “As crianças podem ter um avental, medidores coloridos, uma colher e uma concha só delas”, sugere. “Saber que têm o próprio material já cria esse universo lúdico da culinária.”

Vale participar desde a escolha da receita até a ida ao mercado. “Assim, elas podem se animar a variar o cardápio — e as possibilidades crescem conforme ganham experiência”, diz.

Para incentivar o preparo de lanchinhos mais rápidos, a nutricionista recomenda usar o que as famílias têm em casa, como frutas, iogurtes e cereais.

“A criança que prepara uma refeição coloca no prato carinho, amor e atenção. Ela se envolve com o alimento, pois vai querer experimentar o que fez, e se sente mais autônoma, pertencente e orgulhosa de ter preparado algo para todos comerem.” – Cynthia Howlett, nutricionista

Quando saber se ela já pode fazer uma receita sozinha?

Ensinar a cozinhar requer uma progressão de acordo com as habilidades de cada criança. Primeiro, ela pode lavar o alimento, depois descascar com utensílios seguros, e então amassar e misturar ingredientes. Esse passo a passo sustenta a autonomia sem pular etapas.

Dessa forma, a resposta ao “posso fazer sozinho?” vai depender da receita e da experiência prévia. Para Flávia Oliveira, “a partir de um ano ela já consegue manipular movimento de pinça e pode pegar os objetos, descascar e amassar”.

A pediatra reforça que o uso de facas e outros utensílios pontiagudos demandam mais atenção e devem ter o acompanhamento dos responsáveis. “Mas é possível usar talheres de plástico, sem pontas e serras”, sugere.

Já Cynthia Howlett explica que “a partir dos onze ou doze anos, a criança pode começar a fazer pratos simples com supervisão e ligar o fogão com cuidado.”

Como os adolescentes têm “todas as capacidades motoras, mentais e intelectuais para fazer uma receita”, Flávia afirma que eles estão mais preparados para se aventurar sozinhos na cozinha.”

Criatividade e receitas saudáveis

Para estimular essa autonomia e novas experiências culinárias, que tal convidar as crianças para prepararem receitas simples e nutritivas? Vitaminas, saladas ou sucos são opções seguras e não precisam de gás e fogo. Confira as sugestões que Cynthia Howlett compartilhou com o Lunetas.

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