7 brincadeiras indígenas para conhecer e curtir com as crianças

Correr, pular, usar o próprio corpo e os elementos da natureza fazem parte das brincadeiras de povos originários e divertem crianças dentro e fora da comunidade

Da redação Publicado em 19.04.2024
Um menino puxa uma fila de crianças indígenas que brincam na aldeia.
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Resumo

Da tradicional peteca a atividades inspiradas na pesca e na observação dos animais, conheça algumas formas de se divertir com as crianças a partir de brincadeiras que surgiram entre os povos originários.

Das petecas à observação dos animais, as brincadeiras que surgiram nas comunidades originárias ensinam que, para se divertir, basta estar animado e ter criatividade. Assim, as crianças indígenas brincam nas comunidades relembrando o que a infância tem de melhor: a liberdade.

Além disso, as brincadeiras indígenas têm histórias e elementos que perpetuam a identidade dos povos originários. Seja por uma semente de um fruto típico da região ou por imitar animais da floresta e das águas, a natureza está sempre presente.

“Uma das coisas que certamente faz parte da educação das crianças indígenas é a possibilidade delas serem, sobretudo, crianças”, diz Daniel Munduruku. “Ela é incitada por meio de jogos e brincadeiras, contações de histórias ou jogos de roda. O jogo coletivo educa o corpo, as histórias educam o espírito. Esse tipo de atividade faz com que as crianças aprendam a ser um sujeito individual em uma comunidade.”

De acordo com a educadora e documentarista Renata Meirelles, “o brincar permite que esta conexão consigo e com o mundo aconteça o tempo todo”. Em parceria com o Instituto Alana, ela registrou em vídeo e livro brincadeiras indígenas de várias regiões brasileiras.

A partir das referências do projeto Território do Brincar e do Parabole, organização de pesquisa e promoção educativa e cultural infantil, o Lunetas traz então sete brincadeiras indígenas para apresentar às crianças e aproximá-las de diferentes culturas.

Vamos brincar?

  • 1. Peteca

Feita com areia, couro e penas, a peteca é um brinquedo versátil da cultura indígena e pode render muitas brincadeiras. Contudo, a mais tradicional é lançar a peteca com a palma da mão para a pessoa da frente aparar também com a palma da mão, já devolvendo o lance. Mas, se tiver mais gente para brincar, basta formar um círculo e jogar a peteca para cada um, sem deixá-la cair. Assim, vence quem for o último a deixar a roda.

  • 2. Tucunaré

Esse peixe comum da região amazônica inspirou o professor indígena Perankô a criar uma brincadeira a partir do vai e vem dos peixes do rio. Ele observou que o tucunaré ficava sempre no fundo e não se mexia enquanto os peixes menores iam para as águas rasas. Assim, ele propôs que as crianças se dividissem entre os peixes menores e os tucunarés para brincar em uma dinâmica de pega-pega com obstáculos.

O espaço é delimitado com pau fincados no chão e barbantes amarrados, formando dois quadrados: um dentro do outro. Desse modo, o maior deve cobrir o menor por completo e com folga. Com isso, enquanto os tucunarés ficam no quadro central, do fundo, eles tentam pegar os peixes menores no quadrado de dentro.

Um grupo de crianças indígenas brinca de uma atividade chamada "tucunaré"
  • 3. Cabo de guerra

Uma das brincadeiras mais populares (afinal, foi até competição olímpica no passado, lembra?) ainda garante a diversão das crianças. Basta dividir dois grupos com o mesmo número de participantes. O primeiro de cada fila segura um lado da corda seguido dos demais. Para medir a movimentação da corda, pode-se fazer uma linha no chão com giz ou com alguma pedra. A batalha começa quando os grupos puxam a corda até um deles ultrapassar a linha. Desse modo, para vencer, é preciso força e movimentos coordenados das equipes.

  • 4. Pião de tucumã

Um caroço de fruta, um graveto e o chão de terra. Esses elementos são o suficiente para formar essa brincadeira. No Parque do Xingu, no Pará, o caroço é o de tucumã, que é arredondado e liso. É preciso fazer três furos no centro do caroço: um embaixo, um em cima e em um dos lados. Por fim, é só enfiar um graveto ou pedaço de madeira (que será o suporte) no caroço e amarrar um barbante na ponta desse suporte. Para brincar, cada um deve puxar o barbante com força sem deixar o pião entortar. Assim, ele vai girando e o ar que entra no caroço forma um apito diferente. É isso que dá toda a graça de rodar esse pião.

  • 5. Briga do galo

Não tem briga nem galos de verdade. Essa brincadeira, na verdade, é mais um desafio de equilíbrio e estratégia. Isso porque os participantes ficam de braços cruzados e uma das pernas dobrada para trás. Com apenas um pé no chão, um time tenta derrubar o outro usando apenas os ombros. Então, vence quem conseguir derrubar ou fazer o oponente pisar no chão com os dois pés. A “luta” deve ser conduzida com respeito e segurança. Por isso, fique de olho nas regras.

  • 6. A onça e a galinha

Crianças das escolas indígenas Kaingang e Guarani, no interior do Paraná, brincam dessa espécie de pega-pega. A onça precisa caçar uma das galinhas que atravessa o campo em que a fera vive. Primeiramente, basta demarcar um campo no chão e traçar uma linha no meio. Enquanto a criança que representa a onça fica no centro, as crianças que são as galinhas atravessam o campo correndo. Afinal, a ideia é fugir do ataque da onça.

  • 7. Heiné Kuputisü

Completar um circuito pulando em uma perna só demanda muito equilíbrio e coordenação motora. Nesta brincadeira, que é popular entre os Kalapalo, no Alto Xingu, cada participante precisa cumprir o trajeto formado por retas e curvas desenhadas no chão com uma perna. Não vale trocar de perna. Por fim, ganha quem conseguir ir mais longe.

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