Chegou a vez das crianças a partir de 3 anos se vacinarem!

A vacinação voltada à faixa etária com o imunizante do Butantan é realizada em esquema de duas doses, em intervalo de 28 dias

Eduarda Ramos Publicado em 15.07.2022
Uma menina branca faz sinal de joinha com a mão, com um curativo rosa no braço.
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Resumo

A imunização de crianças de 3 a 5 anos com CoronaVac foi liberada pela Anvisa. O médico imunologista Antonio Condino-Neto esclarece e reforça como a vacina é segura.

Após quatro meses de espera, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na última quarta-feira (13), por unanimidade, o uso emergencial da vacina CoronaVac em crianças de 3 a 5 anos. Com o mesmo esquema da vacina aplicada em crianças a partir de 6 anos e adultos, a imunização acontece em duas doses, com intervalo de 28 dias cada.

O grupo etário abaixo de cinco anos tem duas mortes por covid-19 por dia, segundo o Observatório de Saúde na Infância (Fiocruz) – 36,4% das mortes infantis e 43,9% das internações estão na faixa etária dos seis meses aos dois anos. Para crianças menores de 3 anos e bebês, ainda não há previsão de imunização. Entre as crianças aptas a receberem a vacina (de 5 a 11 anos), apenas 39,5% completaram o esquema vacinal até o dia 12 de julho.

As vacinas que existem são para prevenção de doenças graves, potencialmente fatais e que causam sequelas. Entre decidir se você corre o risco de ter efeito colateral ou correr o risco de pegar doença, não tem nem o que pensar”, diz Antonio Condino-Neto, médico imunologista, professor e pesquisador. O especialista reforça que as vacinas aplicadas no Brasil são seguras e que a CoronaVac apresenta menos efeitos adversos nos pequenos. Além de ser a principal forma de proteção contra o coronavírus, se imunizar também reduz as chances da covid longa, condição que ocorre geralmente três meses após o início da covid-19 sintomática e dura pelo menos dois meses.

Caso a criança persista indisposta passado o período de infecção aguda pelo vírus a Dra. Ana Karolina Barreto Marinho, membro do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), orienta, em nota, que os pais fiquem alertas a sintomas como fadiga, insônia, dor nas articulações, problemas respiratórios, erupções na pele e palpitações cardíacas.

“A vacina é provada segura mediante testes de acordo com a idade, num esquema escalonado: pessoas maiores de idade, adultos, crianças em idade escolar, pré-escolar e lactentes. Quanto mais ampla for a cobertura, melhor para todo mundo, pois um cinturão de imunidade é muito importante para controlar a transmissão do vírus e suas variantes”, explica Condino-Neto. Ele também pontua que os efeitos adversos mais comuns da CoronaVac são leves, como dor no local da aplicação, dor de cabeça e febre, que duram no máximo dois dias. Efeitos adversos graves são muito raros – a chance de pegar a doença é muito mais frequente e perigosa.

Histórico

Apesar da CoronaVac ter sido a primeira vacina utilizada no Brasil, ela ainda é restrita a casos emergenciais – apenas os imunizantes da Pfizer, Janssen e Astrazeneca possuem o registro definitivo no país. O Instituto Butantan solicitou à Anvisa um registro definitivo da vacina no dia 8 de julho, com prazo máximo de 60 dias para análise.

Entre janeiro e maio deste ano, o Butantan e a Pfizer divulgaram estudos e testes de seus imunizantes em crianças a partir dos seis meses de idade. Apesar da comprovada segurança da vacina e resultados positivos sobre a criação de anticorpos nas crianças, ainda não há previsão das fabricantes para submeter à Anvisa os pedidos voltados à vacinação dessa faixa etária por aqui. Estima-se que o Brasil receba uma solicitação da Zodiac (representante da Moderna no país) para utilização do imunizante em bebês a partir dos seis meses de vida, em agosto.

Dos países que já vacinam crianças abaixo de seis anos, apenas Estados Unidos aplicam a partir de seis meses de vida; Argentina, Costa Rica e Israel aprovaram a vacinação a partir de seis meses, mas ainda não começaram a imunização da faixa etária; os demais países (Bahrein, Camboja, Chile, China, Colômbia, Cuba, Equador, Nicarágua e Venezuela) aplicam a partir de dois ou três anos de vida.

Se ainda existirem dúvidas sobre a vacinação com CoronaVac em crianças de 3 a 5 anos, acompanhe a conversa entre a biomédica, neurocientista e professora Mellanie Fontes-Dutra e o virologista e doutor em imunologia Rômulo Neris. Acontece nesta sexta-feira (15), às 21h30.

 

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