O modelo de simulação para o avanço das infecções pelo novo coronavírus pode ser utilizado por gestores de escolas para planejar o retorno às aulas presenciais
Criado por pesquisadores dedicados a estudar a evolução da pandemia no Brasil, o simulador de covid-19 foi adaptado à realidade escolar para apoiar o planejamento de retomada das aulas presenciais.
Embora um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) tenha concluído que, em territórios onde a pandemia está sob controle, é possível considerar o retorno presencial às aulas, não há consenso em relação a abrir ou fechar escolas no Brasil, principalmente neste momento em que vivemos a pior fase da pandemia até agora.
Enquanto isso, a situação de vulnerabilidade de crianças e adolescentes se amplia no país. De acordo com estudo lançado pelo Unicef, em parceria com o Instituto Claro, e produzido pelo Cenpec Educação, mais de 5,5 milhões de crianças e adolescentes não tiveram acesso a nenhuma atividade escolar durante o ano de 2020, impacto que atinge principalmente a população negra e indígena.
Para ajudar nesse processo de adaptação segura do ambiente escolar, foi criado um modelo de simulação para o avanço das infecções pelo novo coronavírus de acordo com a densidade demográfica e o desenvolvimento humano de cada área analisada, adaptado às escolas. A iniciativa foi elaborada pelo grupo “Ação Covid-19”, formado por 32 pesquisadores de várias áreas dedicados a estudar a evolução da pandemia no Brasil.
A partir das características de espaço físico da unidade escolar somadas ao respeito aos protocolos de segurança e higiene e às regras de distanciamento social, é possível simular cenários que indicam o sucesso ou o risco aproximado de reabrir aquele espaço. Esses dados são expressos em porcentagem de infectados e imunes nas últimas 24 horas, ao longo dos dias letivos.
Para dar conta de realidades distintas, foram adotadas duas escolas públicas de São Paulo consideradas como modelos extremos: “A primeira fica em Pinheiros, é muito arejada, com espaços abertos e corpo escolar pequeno. A segunda, da Brasilândia, tem espaço físico reduzido e muito fechado, com maior quantidade de alunos e professores”, explica Patrícia Magalhães, pós-doutoranda em Física na Universidade de Bristol (Inglaterra) e integrante da equipe.
“O simulador de Covid-19 pode ajudar as pessoas a entenderem o impacto direto que o cumprimento dos protocolos tem, o que facilita que eles sejam seguidos. Além disso, possibilita que cada escola compreenda a sua especificidade baseada nessas condições básicas e, assim, possa buscar a forma mais adequada para voltar a funcionar”, analisa Patrícia.
Essas medidas não excluem a necessidade de as escolas, uma vez abertas, adotarem os protocolos de distanciamento social, higiene, uso de máscara, cuidados com o ambiente e a preferência por atividades em locais abertos.
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A partir de três parâmetros principais: espaço físico (disperso ou comprimido); protocolo de segurança e higiene (maioria respeita, metade respeita, minoria respeita); e distanciamento social (segundo o respeito da maioria, metade ou minoria), são simulados encontros entre pessoas em um dia letivo (comunidade escolar + 35% dos estudantes) representadas por pontinhos verdes (saudáveis), vermelhos (infectadas) e cinzas (imunes). Assim, um gráfico vai sendo gerado com as probabilidades de novas infecções ou não de acordo com o cenário calibrado pelo usuário da plataforma.