Infectologista responde às principais dúvidas sobre vacinas atrasadas, novos imunizantes, reações e por que atualizar a carteirinha para retornar à escola
Atualizar as vacinas garante a saúde e proteção das crianças e de toda a população. Com a inclusão dos imunizantes da covid, dengue, e a polêmica sobre a obrigatoriedade da carteira de vacinação para a volta às aulas, o Lunetas listou as principais dúvidas das famílias.
Este ano, duas vacinas entraram para o calendário de imunização infantil no país. Uma é contra a dengue, aplicada primeiro em crianças de 10 a 11 anos em algumas cidades, e a outra é contra a covid, que oficialmente faz parte do esquema vacinal das crianças de seis meses a cinco anos. Com isso, muitas famílias têm dúvidas sobre como atualizar a carteira de vacinação, qual a idade certa para tomar a 1ª ou 2ª dose e, principalmente, sobre a importância de estar com a vacinação em dia para a volta às aulas.
Embora alguns estados e municípios peçam a carteira de vacinação para verificar vacinas obrigatórias durante a matrícula na rede pública, nenhum estudante é barrado na escola por não estar vacinado. “A matrícula escolar é uma excelente oportunidade de checagem do status vacinal. De recuperação de atraso vacinal, de orientação de famílias sobre vacinas”, explicou o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, à Agência Brasil.
O comentário foi uma resposta à decisão dos governos de Minas Gerais e Santa Catarina, que dispensaram a apresentação da carteira de vacinação dos estudantes para se matricularem na escola. Diante disso, o Ministério Público de Santa Catarina defendeu que a medida viola a lei de proteção às crianças, e o Supremo Tribunal Federal pediu para que o governador de Minas Gerais se explique sobre o caso.
Apesar da situação, o infectologista Henrique Mengali enfatiza a importância de manter as vacinas de crianças e adolescentes em dia, principalmente no retorno das aulas. “Todos devem estar atentos ao calendário básico de vacinação e levar seus filhos. Também é uma boa prática estimular os parentes a irem aos postos de saúde para serem vacinados nas idades recomendadas.”
Para tirar as principais dúvidas, o Lunetas listou perguntas e respostas sobre vacinação, volta às aulas e dengue. As respostas tiveram a colaboração do infectologista Henrique Mengali e de artigos de informações jurídicas do site JusBrasil.
A vacinação protege toda a comunidade contra vírus e bactérias que provocam vários tipos de doenças graves. Quanto mais pessoas ficarem protegidas, menor é a chance de qualquer uma delas, vacinada ou não, ficar doente. É muito melhor e mais fácil prevenir uma doença do que tratá-la.
Não. Apesar das escolas terem legitimidade para exigir o comprovante de vacinação e inclusive terem autonomia para acionar o conselho tutelar, caso as vacinas estejam atrasadas, isso não veta o direito à educação. A escola é um dos atores da rede de proteção da criança e do adolescente. Por isso, apresentar a carteira de vacinação na matrícula é uma forma de proteger a saúde coletiva e individual de cada estudante.
Somente são obrigatórias as vacinas que estão no calendário oficial de imunização do Ministério da Saúde e as que entram em campanhas, como contra a dengue e influenza. Isso porque focam na saúde individual e pública da população.
A obrigatoriedade está prevista na Lei 6.259, de 1975, que institui o Programa Nacional de Imunizações (PNI). Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê como obrigatória a vacinação das crianças em casos recomendados pelas autoridades sanitárias. A família que deixar de imunizar crianças ou adolescentes pode ser acusada de negligência. Se a criança não resistir à doença, os responsáveis podem responder por homicídio doloso, isto é, quando há intenção ou se assume o risco pela morte.
Todas as vacinas obrigatórias estão disponíveis pelo SUS nas unidades de saúde dos municípios brasileiros. Confira aqui o calendário completo. A aplicação é gratuita e é necessário apresentar a carteira de vacinação. Clínicas particulares também ofertam imunizantes de rotina e outras vacinas de acordo com a procura do paciente e indicação médica.
Depende. As vacinas são contraindicadas em casos de doenças febris agudas. Ou seja, uma criança com uma gripe e que estiver com febre não deve receber nenhuma vacina. Porém, não há contraindicação para receber vacinas se a criança estiver com outras doenças ou apresentar tosse, coriza, diarreia leve a moderada. Também não há impedimento se estiver usando qualquer tipo de antibiótico, desde que não tenha febre.
Em caso de atraso vacinal, deve-se procurar a unidade de saúde mais próxima para buscar orientações conforme o cartão de vacinação da criança, pois as vacinas de rotina são recomendadas de acordo com a faixa etária. Elas também possuem limite de idade para a aplicação e algumas têm mais de uma dose, que precisam cumprir um intervalo entre as aplicações. Por isso, é importante ficar atento ao calendário de vacinação e também às campanhas.
Com a alta de casos – já são mais de 653 mil, segundo o Ministério da Saúde – as campanhas públicas estão priorizando crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, em 521 cidades com alta incidência da dengue. Mas, o imunizante Qdenga também está disponível em clínicas particulares, para a faixa etária de 4 a 60 anos. A vacina possui duas doses com um intervalo de três meses. Gestantes, lactantes, pessoas com imunodeficiências e que tiveram alguma alergia à vacina não podem tomar a vacina da dengue. Além disso, pessoas que tiveram dengue devem esperar seis meses para se vacinar.
Atenção para os sintomas mais comuns da dengue:
Já as reações mais frequentes são:
Em 2021, com uma queda de 93% para 71%, o Brasil ficou entre os dez países com menor cobertura vacinal no mundo. Isso porque, durante o período de pandemia, combinado à onda de fake news e movimentos antivacina, muita gente deixou de acessar as salas de vacinação. Doenças como a poliomielite, sarampo e meningite voltaram a atingir as crianças. Atualmente, o Governo Federal tenta reverter a situação intensificando as campanhas e reforçando a importância da imunização para a saúde pública.