5 projetos de acessibilidade e inclusão feitos por crianças

Crianças e adolescentes desenvolvem ações inovadoras que transformam suas escolas e comunidades em espaços mais acolhedores para todas as pessoas

Da redação Publicado em 02.06.2021
Projetos de acessibilidade: foto de criança sorrindo em uma cadeira de rodos e um aparelho ortodôntico externo à boca
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Resumo

Do protagonismo infantil surgem ações inovadoras! Conheça projetos de acessibilidade idealizados e desenvolvidos por crianças e adolescentes, que tornaram suas escolas e comunidades mais inclusivas e diversas.

Se desejamos uma escola, uma cidade e uma sociedade mais inclusiva e diversa, precisamos também ouvir as crianças e fazer junto com elas. É dessa união que surgem iniciativas inovadoras para ajudar a construir uma comunidade inclusiva para todas as pessoas. De diferentes gêneros, classes sociais, raça, cor, com ou sem deficiência. Inspirado no protagonismo infantil, o Lunetas traz esta lista de projetos de acessibilidade desenvolvidos por crianças e adolescentes de diferentes regiões do Brasil. As iniciativas têm como proposta a educação inclusiva, que tanto defendemos por aqui, e a conscientização de toda a comunidade para que tenhamos uma sociedade baseada na diversidade.

Dados

Segundo o último relatório da Organização Mundial da Saúde (2011), 15% da população mundial apresenta algum tipo de deficiência. Esse índice representa uma em cada sete pessoas. No Brasil, o número chega a 23,9% da população (Censo 2010), sendo que 7,5% (3,5 milhões) são crianças com até 14 anos de idade.

Estas crianças mostraram que não ter algum tipo de deficiência está longe de ser um motivo para deixar de pensar a inclusão e a acessibilidade como direitos humanos. Vamos conhecer e nos inspirar?

Protagonismo em projetos de acessibilidade

  • 1. Adapta Rio: um parque para todas as crianças

Três estudantes cariocas – Luiza Ourivio, 18, Cláudio Palhares e João Roberto Duque Estrada, ambos de 17 – desenvolveram uma iniciativa piloto de um parque acessível na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O projeto tem o objetivo de democratizar o lazer para crianças com deficiência. Eles pretendem construir mais parques acessíveis em regiões de vulnerabilidade via financiamento coletivo e ainda expandir a proposta para outras cidades.  

  • 2. ‘Braille Básico’: comunicar para incluir

Estudantes do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, identificaram a necessidade da maior difusão do sistema braille para atender alunos com deficiência visual na instituição. A iniciativa surgiu quando Victor de Lucena, que é cego e cursa o Ensino Médio, viu uma oportunidade de ensinar aos colegas e funcionários a língua pela qual se comunica. 

O jovem e outros dois estudantes criaram, então, um curso de braille não só para alunos mas também para os gestores da escola. O curso traz ainda instruções sobre orientação e mobilidade para auxiliar pessoas cegas. Com o apoio da instituição, o grupo transformou a iniciativa em um projeto de extensão. 

Eles foram finalistas do Desafio Criativos da Escola 2019, que mobiliza e premia crianças e adolescentes na construção de projetos ou planos de ação que transformam a escola e a comunidade, como conta esta reportagem.

  • 3. Projeto LIA: o pleno brincar na cidade

O projeto LIA (Lazer, Inclusão e Acessibilidade) é um movimento nacional com a proposta de difundir a importância da inclusão no brincar. Cobrando de autoridades a implementação de brinquedos adaptados em parques, praças e locais de uso público comum. 

Em parceria com a prefeitura de São Paulo, o projeto adaptou o Parque Raul Seixas, no bairro do Butantã, e a praça Santos Coimbra, no Morumbi. O movimento também realizou atividades em 40 cidades. Sendo que 20 delas delas já apresentam parques inclusivos e 19 têm projetos de lei em desenvolvimento sobre o tema.

A iniciativa foi idealizada por pais de crianças com deficiência que buscam uma cidade mais inclusiva e acolhedora. No projeto, as crianças também são protagonistas e participam ativamente. 

A atriz Manu Trigo, 13, que tem paralisia cerebral, é uma das porta-vozes do LIA. Ela acredita que a iniciativa ajuda a diminuir o preconceito e a discriminação. “Em parques adaptados, todo mundo pode brincar junto”, conta. “Há pessoas que acham estranho ver uma criança com deficiência no parquinho mas, com o tempo, se acostumam!” 

Nesta entrevista ao Lunetas, Manu conta mais detalhes sobre o projeto.  

  • 4. Rampa portátil móvel: pelo direito de ir e vir

Estudantes do Ensino Fundamental da Escola Municipal La Salle, em Sapiranga (RS), desenvolveram uma rampa móvel para pessoas com deficiência. A iniciativa surgiu em uma feira de ciências e extrapolou os muros da escola. Eles se colocaram no lugar de um cadeirante e vivenciaram, na pele, as dificuldades de percorrer a cidade em uma cadeira de rodas, em lugares sem rampas de acesso. 

Após a experiência, tiveram a ideia de criar uma rampa portátil móvel, fácil de ser carregada pelos próprios cadeirantes para acessar lugares não adaptados – já existem no mercado outros modelos, mas por um custo elevado. O projeto ganhou parceria de uma empresa de São Paulo para ser produzido e comercializado. 

Além disso, os estudantes produziram cartilhas para divulgar a importância da acessibilidade em estabelecimentos locais e orientar comerciantes sobre a legislação referente ao tema. O projeto foi um dos participantes do Desafio Criativos da Escola 2017 e sua história é contada no vídeo abaixo.  

  • 5. ‘A inclusão de todos é o futuro que queremos’

A partir de discussões em sala de aula, estudantes do Colégio Marista Paranaense, em Curitiba (PR), constataram que há muitas informações não acessíveis às pessoas com deficiência visual em redes sociais, aulas remotas e campanhas publicitárias. Preocupados com essa falta de acessibilidade, desenvolveram um projeto para auxiliar na descrição de imagens.

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Divulgação/Marista Paranaense

Para que os alunos compreendessem as técnicas para criação de um roteiro e gravação de audiodescrição, foi realizada uma palestra virtual com os audiodescritores Brisa Teixeira e Daniel Massaneiro

Os alunos também procuraram conscientizar a população para a importância da acessibilidade, fazendo a audiodescrição do filme “O Primeiro Natal” e promoveram uma campanha para incentivar as pessoas a descreverem as imagens nas suas redes sociais, utilizando as hashtags #pratodosverem e #pracegover. 

Além disso, surgiu a proposta da criação de um clube de audiodescrição mirim no colégio com a finalidade de divulgar o tema, bem como conscientizar e garantir a acessibilidade e a inclusão para todos.

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