Atividades escolares antes das 8 horas prejudicam o desenvolvimento e a aprendizagem de crianças e adolescentes, segundo especialistas
Por que as aulas deveriam começar mais tarde? Especialistas defendem que aulas antes das oito da manhã prejudicam o desempenho escolar de crianças e adolescentes.
Uma boa noite de sono está diretamente relacionada ao rendimento escolar e à aprendizagem de crianças e adolescentes. Pensando nisso, especialistas da Academia Americana de Pediatria (AAP) defendem atrasar a hora da escola, indicando que as aulas deveriam começar a partir das 8h30 da manhã. A sugestão foi definida a partir de pesquisas da AAP que apontam que 28% dos estudantes caem no sono na escola ao menos uma vez por semana; e mais 20% dormem fazendo a lição de casa.
“A restrição crônica de sono pode afetar o desenvolvimento cognitivo e emocional, com repercussões no desempenho acadêmico e nas relações sociais”, explica o neurocientista Fernando Louzada, professor da Universidade Federal do Paraná e autor do livro “O sono na sala de aula – tempo escolar e tempo biológico”. Segundo ele, não existe uma recomendação rígida para o horário de dormir, mas é fundamental respeitar as necessidades de sono de crianças e adolescentes, pois a privação do sono pode levar à falta de concentração, diminuição da criatividade, ganho de peso, irritabilidade e prejuízo na socialização, diz.
“Adolescentes necessitam, em média, nove horas de sono. Se as aulas começam às sete, eles teriam, idealmente, que dormir às 21 horas. A mesma lógica vale para as crianças, que necessitam dormir ainda mais, entre dez e 12 horas. Por isso que muitos países têm alterado o início das aulas”, conclui.
Quando a criança ou o adolescente reclama por acordar muito cedo para ir à escola, pode não ser somente preguiça, mas pura biologia. Enquanto a criança dorme, o corpo produz o hormônio do crescimento. Se ela tem menos horas de sono do que o recomendado, pode ter prejuízo em seu desenvolvimento. Na fase da pré-adolescência, o mecanismo do organismo que regula o dia e a noite é mais tardio do que na fase adulta, então, é preciso mais horas de sono. Se as atividades escolares iniciam antes das 8 horas da manhã, a conta da quantidade necessária de sono não fecha.
No Brasil, os desafios para a mudança na hora da escola envolvem questões econômicas, logísticas (como transporte escolar e alimentação) e de rede de apoio para as famílias.
De acordo com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), atrasar a entrada dos alunos mudaria a disponibilidade das salas de aulas e a carga horária dos professores, já que, no país, a maior parte das escolas não são integrais e possuem turmas diferentes nos períodos matutinos e vespertinos.
Além disso, há o impacto na dinâmica familiar: como muitos pais e cuidadores precisam se deslocar cedo para trabalhar fora de casa, não teriam com quem deixar os filhos nos horários vagos.
Especialistas sugerem a chamada “higiene do sono”, que nada mais é do que manter uma rotina para a qualidade do descanso das crianças. Confira as principais dicas:
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