Estudo Internacional de Progresso em Leitura também mostra que o nível de leitura de alunos brasileiros negros e indígenas é inferior a de brancos e amarelos
Resultados da prova internacional de alfabetização Pirls colocam alunos brasileiros do quarto ano de escolarização no sexto pior lugar em habilidades de leitura.
Crianças brasileiras têm o sexto pior nível de leitura entre os 65 países e regiões de referência em sua participação de estreia no Estudo Internacional de Progresso em Leitura (Pirls), em 2021. O ciclo avalia as habilidades de leitura e compreensão de texto de estudantes matriculados no 4º ano de escolarização, período em que o aprendizado em leitura geralmente está consolidado, passando da fase de “aprender a ler” para “ler para aprender”.
Com 419 pontos, o resultado brasileiro mostra que aproximadamente 38% dos estudantes não dominavam as habilidades básicas de leitura, como recuperar e reproduzir um pedaço de informação explicitamente declarada no texto; que 24% dominam apenas as habilidades mais básicas de leitura; e que somente 13% podem ser considerados proficientes em compreensão leitora nesta fase escolar.
O Brasil teve resultado próximo a de países como Kosovo (421) e Irã (413), ficando melhor posicionado apenas em relação à Jordânia (381), Egito (378), Marrocos (372) e África do Sul (288), os piores colocados do ranking. Quem mais pontuou foram a cidade de Moscou, Rússia, com 598 pontos; Singapura (587) e Irlanda (577).
* O conceito de letramento em leitura é definido como “a habilidade de entender e utilizar as formas da linguagem escrita exigidas pela sociedade e/ou valorizadas pelo indivíduo”.
Além de o Brasil ter ficado entre os últimos países na prova de alfabetização, os resultados evidenciam diferenças por sexo, em que meninas tiveram pontuação média de 431 pontos contra 408 dos meninos; e também diferenças em relação à raça: estudantes autodeclarados brancos e amarelos demonstraram uma compreensão leitora média de 457 pontos, enquanto a média de estudantes pretos, pardos e indígenas atingiu 399 pontos. O estudo também ressalta como a pandemia de covid-19 aprofundou as desigualdades educacionais no país.
O alto índice de desigualdade no país também pode ser observado pelo nível socioeconômico (NSE), com 64% dos estudantes ocupando a categoria “baixo NSE”, 31% na categoria “médio NSE” e apenas 5% classificados com “alto NSE”.
Quando comparado às médias internacionais, há uma diferença média de 86 pontos entre estudantes classificados na categoria “alto NSE” (30%) e baixo nível socioeconômico (22%). No Brasil, essa diferença média chega a 156 pontos.
Equidade não significa que todos os estudantes tenham resultados iguais, mas que quaisquer variações que possam existir nos resultados educacionais não estejam associadas às origens socioeconômicas dos estudantes, ao sexo e à cor/raça
Realizado desde 2001 pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), o Pirls tem o objetivo de analisar tendências de compreensão leitora e coletar informações sobre os contextos de aprendizagem, para caracterizar o processo de leitura dos estudantes avaliados nos países participantes.
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As regiões de referência são a cidade de Moscou, na Rússia; as províncias Quebec, Alberta, Columbia Britânica e Terra Nova e Labrador, no Canadá; Abu Dhabi e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos; e a África do Sul.