Dados do Observatório Obstétrico Brasileiro mostram o número de casos e óbitos considerando idade gestacional, raça, escolaridade e localização
Em parceria com a Fiocruz, projeto mapeia dados sobre Covid-19 em gestantes e puérperas no Brasil.
Em 14 meses de pandemia, 11.664 gestantes ou puérperas contraíram covid-19 no Brasil, sendo que, só em 2021, 642 mulheres nestas condições foram a óbito devido à doença. O número de mortes em 2021 impressiona por ser maior que a totalidade de óbitos do ano passado na mesma categoria, que atingiu 457 mulheres. Os dados são do Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19, desenvolvido em parceria com a Fiocruz.
Ao considerar os números desde o início da pandemia, as maiores vítimas são mulheres no terceiro trimestre de gestação (402) e puérperas (373), totalizando quase 70,5% dos óbitos registrados no país. A população negra (declarados pretos e pardos) apresenta o dobro de óbitos entre gestantes e puérperas: entre os brancos foram 341 mortes contra 613 de pessoas negras.
Enquanto 20,4% dos casos de covid-19 em gestantes e puérperas precisaram de hospitalização em UTI em 2020, 30,1% dos casos de 2021 demandaram internação, o que pode demonstrar maior vulnerabilidade do grupo à doença, devido às novas variantes e ausência de estratégias de vacinação efetivas no momento. Os estados do Pará (47,43%), Tocantins (45,4%) e Mato Grosso (38,4%) lideram o número de mortes de gestantes e puérperas que ficaram sem acesso à UTI.
O Observatório Obstétrico Brasileiro Covid-19 é um painel dinâmico desenvolvido para facilitar o acesso da população a dados voltados à disseminação de covid-19 em gestantes e puérperas. A plataforma utiliza os números oferecidos pelo Ministério da Saúde e as organiza em gráficos interativos, contando com mais de 30 possibilidades de cruzamento de dados para melhor visualização das informações. Raça, escolaridade, comorbidades e sintomas são alguns dos recursos que permitem a filtragem dos dados do Observatório.
Colaboram com a plataforma mais de 10 pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Universidade de São Paulo (USP) e Centro Universitário FACENS. O projeto é coordenado pela professora Agatha Sacramento Rodrigues, do Departamento de Estatística da Ufes, e pela professora Rossana Pulcineli Vieira Francisco, do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.
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