“Pode chorar, coração, mas fique inteiro” diz às crianças que a morte é inevitável, mas superável, como a chuva passageira que abre espaço para dias de sol
“Pode chorar, coração, mas fique inteiro” é um livro que trata a chegada da morte com leveza, sem deixar de explorar seu lado sombrio. Um recado às crianças de que as coisas teminam, sejam elas ideias, momentos ou a vida.
Como lidar com o luto, após a perda irreversível de alguém que tanto se ama? Nossos leitores sabem que, por aqui, somos eternos curiosos sobre como abordar questões sensíveis com as crianças. Em outros momentos, já demos dicas de livros que ajudam a falar sobre a morte e também filmes infantis sobre o assunto. Hoje é dia de uma nova sugestão: “Pode chorar, coração, mas fique inteiro”, escrito pelo dinamarquês Glenn Ringtved e recém-lançado pela Companhia das Letrinhas.
“Que valor a gente daria à vida se não existisse a morte? Quem ficaria feliz com o sol, se nunca chovesse?”
A frase que dá nome ao livro é um recado deixado pela figura de foice e capa preta a quatros crianças, que precisam dizer adeus à avó acamada. Bicho de letra maiúscula e difícil de encarar, a Morte tem seu aspecto sombrio explorado com naturalidade e leveza pelo autor. Como quem diz às crianças que as coisas terminam, sejam elas ideias, momentos ou a vida de um alguém querido. Ilustrada por Charlotte Pardi e traduzida por Caetano W. Galindo, a obra é indicada pela editora para leitores a partir de seis anos.
O livro apresenta, de forma delicada e poética, a chegada inevitável da morte, que traz consigo sentimentos que nem todas as pessoas conseguem elaborar. Em um determinado momento da conversa, aquela figura assustadora para as crianças conta a fábula de um garoto chamado sofrimento, que se apaixona pela menina alegria, no momento em que seu irmão desconsolo passa a amar a risada. A mensagem que fica é a de que não há dor que caminhe para sempre sozinha, do mesmo modo como a felicidade não é coisa onipresente. Sendo assim, retoma a fantasia como possibilidade de diálogo sobre o luto desde a infância.
“Voa, alma”, ela disse.
Na obra, as crianças escutam com atenção as palavras da Dona Morte. E assim a avó se vai, deixando o quarto habitado pela presença das boas lembranças. “Pode chorar, coração, mas fique inteiro” pode ser lido como uma despedida acolhedora entre familiares ou pessoas queridas, antes de começar um novo capítulo em suas vidas.
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