“Mundo Cruel”: um convite para refletir sobre a crueldade

Livro apresenta às crianças os conceitos de empatia, ética e responsabilidade em pequenas ações do cotidiano

Laís Barros Martins Publicado em 21.07.2020
Imagem de uma menina de rabo preto preso e camiseta rosa aparece na foto com a mão apoiando a cabeça, aparentando estar chateada ou pensativa
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Resumo

Você já percebeu como há crueldade em muitas situações cotidianas e mesmo banais? O livro Mundo Cruel evidencia algumas dessas questões e convida a criança a refletir em possíveis respostas, abrindo espaço para a empatia, a responsabilidade e as emoções.

Como nos relacionamos com a crueldade do mundo no dia a dia? Para estimular essa reflexão e o diálogo, o livro “Mundo Cruel” (Boitatá, 2017) introduz os pequenos às grandes questões da ética e da filosofia ao convocar a empatia, a responsabilidade e as emoções para amparar o debate sobre determinadas situações cotidianas. O exercício envolve “a capacidade de se colocar no lugar do outro e imaginar o que ele ou ela pode sentir ou pensar”.

“Há vidas que valem mais do que outras?”. “Matar faz parte da vida?”. “Para que servem os castigos?”. Acompanhadas de cenas intrigantes, perguntas como essas são colocadas de forma provocadora e divertida a crianças – e também a adultos!

Reflexões propostas por “Mundo Cruel”

Assim, somos convidados a elaborar nossos próprios argumentos sobre assuntos que envolvem a crueldade geralmente escondida, muitas vezes sem a gente se dar conta, e que fica de repente em evidência, permitindo que o pensamento crítico se desenvolva de forma criativa e independente. Entre os temas abordados, estão: vítima/agressor, poder, emoções, responsabilidade, empatia, consequências e escolhas.

Metade jogo, metade livro, a proposta é lúdica: se os temas mexem com a gente, o formato dos blocos de perguntas, cada um num sentido, inclusive de ponta cabeça, pode levar à vertigem. Dentro de uma caixa, o leitor encontra 20 cartões ilustrados – um animal enjaulado, um pai forçando seu filho a tomar banho, uma formiga prestes a ser assassinada. No verso, perguntas instigantes sobre a cena retratada para serem observadas e investigadas para então construir um mapa conceitual e visual sobre cada tema, com sugestões de possíveis caminhos e atividades para a leitura individual ou coletiva, seja no ambiente educacional ou familiar.

Capa do livro "Mundo Cruel" Ellen Duthie e ilustrações de Daniela Martagón
Sobre o livro

Com conceito e textos desenvolvidos por Ellen Duthie e ilustrações de Daniela Martagón, “Mundo Cruel” é o primeiro título da série Filosofia Visual para Crianças.

Depois, cada criança é convidada a criar a sua própria cena de mundo cruel. “Agora olhe com seus olhos e pense com sua própria cabeça”, provocam as autoras. Uma oportunidade de colocar no papel talvez a maior reflexão de todas, porque tem a ver com a realidade mais particular e as crueldades que cada um percebe em volta de si. São cartões em branco prontos para receber a composição de histórias “autorais” e promover, assim, a escrita criativa.

O livro dá algumas dicas de como começar. “É preciso pensar em um tema, depois em uma situação específica que represente esse tema e em como desenhar isso. Depois virão as perguntas…”. Se ainda não foi suficiente, dá para consultar “um montão de conselhos filosóficos e ilustrações” aqui. Para seguir pensando sobre crueldade, é possível baixar gratuitamente o guia “Horror! Um passeio pelo mundo cruel” pelo mesmo site.

Se as crianças já trazem muitos por quês durante a infância, esse livro promete aumentar o arsenal de perguntas. Como pode ser lido muitas e muitas vezes, sempre haverá a possibilidade de pensamentos inéditos sobre o mesmo tema.

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