Especialistas alertam para os principais sintomas e recomendam medidas preventivas como manter a vacinação em dia e higienizar as mãos com frequência
No início do ano, os casos de doenças respiratórias em crianças aumentaram em comparação aos anos anteriores. Manter a vacinação em dia e os hábitos de higiene, principalmente quando estiver com sintomas gripais, são medidas essenciais para frear a contaminação.
Bronquite aguda, bronquiolite e pneumonia são os principais casos de internações pediátricas nos primeiros meses de 2023, como mostra a análise de dados do Sistema Único de Saúde (TabSUS). Os índices já são mais altos em comparação com os últimos dois anos, quando a pandemia de covid-19 era uma situação emergencial. De acordo com os profissionais da saúde, embora as crianças estejam sujeitas a viroses o ano inteiro, o período de outono e inverno são os mais críticos. Mesmo assim, este verão elevou a taxa de internações de crianças com síndromes respiratórias ocasionadas por quadros virais. Segundo o Boletim InfoGripe, da Fiocruz, do fim de março a meados de abril, 48% das síndromes respiratórias agudas graves foram causadas pelo vírus sincicial respiratório (VSR). Já o coronavírus causou 29% das doenças.
Na cidade de São Paulo, por exemplo, a ocupação de leitos em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica chegou a 84%, sendo que 70% eram pacientes bebês e crianças com sintomas respiratórios. No estado inteiro, a taxa de ocupação chegou a 72%. Cerca de 14 mil crianças foram internadas com doenças respiratórias de janeiro a fevereiro de 2023, segundo a secretaria de saúde do estado. No Rio Grande do Sul, o VSR já causou 587 internações, sendo 94% dos pacientes crianças menores de nove anos.
Na Paraíba, 12 óbitos por complicações respiratórias foram registrados este ano, metade dos pacientes eram crianças. A variação dos casos respiratórios no estado nordestino passou de 200% em comparação ao mesmo período do ano passado. O aumento expressivo foi desencadeado pelo VSR, adenovírus, rinovírus e influenza. De acordo com a Sociedade Paraibana de Pediatria, a situação se agrava em função da disponibilidade de leitos de UTI pediátricos ser insuficiente para a demanda, já que 48 mil crianças com síndrome gripal foram atendidas entre o mês de março até a primeira semana de maio deste ano.
Maria de Fátima Sant’Anna, presidente do Departamento de Pneumologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), explica que as ocorrências aumentaram, provavelmente, por causa da exposição do vírus em ambientes como escola e creches, em um contexto onde não há mais medidas de proteção intensas, como na época crítica da pandemia. Ela enfatiza que há mais riscos de complicações para as crianças menores de dois anos e, principalmente, em bebês menores de seis meses. “Estas crianças são mais vulneráveis porque o sistema imunológico ainda não está plenamente desenvolvido e a via aérea é muito pequena, o que dificulta a respiração. Além disso, não existe vacina específica para o principal vírus que causa a bronquiolite, que é o VSR”, diz.
Como não há um tratamento específico para as viroses, a prevenção e a observação do quadro gripal em crianças é fundamental para manter o controle. Enquanto o verão e o outono já tiveram índices elevados de síndromes respiratórias, Sant’Anna alerta para a preocupação com o inverno, pois aglomerações no período de frio aumentam a predisposição a infecções respiratórias.
Para evitar o quadro, a pneumologista recomenda cuidados preventivos, que envolvem aspectos “desde a vacinação regular das crianças, o incentivo ao aleitamento materno, medidas para evitar desnutrição e cuidados higiênicos, como lavar as mãos com frequência e o uso de máscara em adultos resfriados”.
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A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda atenção aos principais sintomas e que as crianças sejam encaminhadas ao pediatra ou a serviços de emergência em caso de: