Cordel para crianças: 9 livros que revivem essa cultura popular

Uma lista de livros de cordel para introduzir as crianças nessa rica cultura popular de origem portuguesa que ganhou novas rimas pelo Nordeste brasileiro

Da redação Publicado em 06.01.2021 Atualizado em 02.05.2023
Cordel para crianças: ilustração com traços de cordel, há uma coruja no galho de uma árvore e, ao fundo, um céu com estrelas e uma lua.
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Resumo

Uma lista de livros de cordel para introduzir as crianças nessa rica cultura popular de origem portuguesa que ganhou novas rimas pelo Nordeste brasileiro.

Reconhecida como patrimônio cultural imaterial brasileiro, a literatura de cordel, típica da cultura popular nordestina, conta histórias em geral baseadas em relatos conhecidos. A partir de um ritmo simples marcado pelas rimas, com traços de humor próprio e comumente acompanhadas de xilogravuras, uma técnica de ilustração característica desse gênero. Assim, a leitura de um cordel para crianças, tanto por sua trama quanto pela cadência, pode ser tão divertida quanto uma brincadeira!

Com origem nos trovadores medievais na metade do século 19, a tradição cordelista veio de Portugal e se expandiu da Bahia ao Pará. Os folhetos, vendidos nas feiras, eram a principal fonte de informação da população e trazia desde aventuras de cavalaria até narrativas inspiradas no cotidiano do povo.

Na lista de livros de cordel para as crianças que compartilhamos a seguir, apresentamos alguns autores que encontraram nessa arte um jeito bem peculiar de contar histórias e entreter o público infantil.

Confira algumas obras de cordel para crianças

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“Sete cordéis para sete cantigas” (Independente)

Por que o sapo não lava o pé? E como é que de melão faz melancia? As respostas para essas e muitas outras perguntas estão em divertidos poemas e histórias de cordel inspirados em cantigas de roda. Cantigas tradicionais e brincadeiras cantadas do repertório popular. Ganhador do Edital PROAC 2019 de Literatura Infantojuvenil, o livro escrito por Cristiano Gouveia propõe um mergulho às formas poéticas do cordel. Como a sextilha e a setilha (estrofes de seis e sete versos), com escrita muitas vezes cômica combinada ao lirismo e ao apelo ao fantástico. Nesta brincadeira entre cordel e cantigas, o leitor é convidado a viajar por diversas vertentes da arte popular. E a se encantar pelas ilustrações inspiradas na xilogravura, técnica emblemática da literatura de cordel brasileira.

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“Heróis e heroínas do cordel ”, Januária Cristina Alves e Salmo Dansa (Companhia das Letrinhas)

Dragões, desafios e aventuras de tirar o fôlego. Há tudo isso e muito mais nessa reunião única de cinco histórias assinadas por grandes nomes da literatura de cordel brasileira. A literatura de cordel é uma das manifestações mais ricas da cultura brasileira. Ao narrar grandes aventuras ou mesmo acontecimentos cotidianos em versos rimados e ritmados, os cordelistas criaram personagens universais – e ao mesmo tempo bem brasileiros. Neles, atos corajosos, autênticos e heroicos vêm se espalhando pelos quatro cantos do país ao longo dos séculos.

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“Nina no cerrado”, de Nina Nazario (Oficina de Textos)

O livro de Nina Nazario conta a história desse importante bioma brasileiro, por meio de versos de cordel, ilustrações e fotos de animais, frutos e paisagens típicas. A experiência e a familiaridade da autora com a vida do cerrado conferem ao livro um caráter acolhedor, transportando o pequeno leitor a esse ambiente. A linguagem poética torna as características do cerrado atraentes e de fácil assimilação para o público infantojuvenil. E também colabora para que as crianças entendam o processo de transformação do cerrado. Do surgimento da vegetação, passando pelas épocas de chuva, de seca e incêndio, até o reinício do ciclo natural.

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“Ela tem olhos de céu”, Socorro Acioli e Mateus Rios (Gaivota)

Os versos de Socorro Acioli e as imagens do cordel feitas por Mateus Rios apresentam a realidade e a cultura nordestina. A obra, com sensibilidade e magia, conta a história a partir do nascimento de Sebastiana: a menina que tem olhos de céu. Será dom ou maldição? Na cidade de Santa Rita do Norte, onde tudo pode acontecer e nada será como antes, ninguém sabe mais o que fazer para controlar os fenômenos provocados pela pequena criança.

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“A pedra do meio-dia ou Artur e Isadora”, Bráulio Tavares (Editora 34)

A narrativa toda em forma de cordel para crianças conta a história de Artur. Um andarilho valente que, em sua caminhada, salva a bela Isadora das garras de uma onça. Isadora, por sua vez, precisa encontrar a pedra do meio-dia para salvar seu reino enfeitiçado por um gigante. No final do livro, o autor Bráulio Tavares explica as origens e características deste gênero.

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“Lampião & Lancelote”, Fernando Vilela (Pequena Zahar)

Um dos mais premiados livros infantis brasileiros, “Lampião & Lancelote” narra um encontro inusitado entre o cangaceiro mais perigoso do Brasil e o mais temível cavaleiro da Távola Redonda do Rei Arthur. É com esta trama enlaçada em texto e imagem que se constrói um fantástico duelo entre culturas e tradições que dialogam de forma poética, combinando e contrastando linguagens e universos. A rima do cordel aparece nas falas e descrições dos personagens e se mistura à narrativa épica medieval para a viagem de Lancelote, pelas mãos de Fernando Vilela. Nas ilustrações, há referências como xilogravuras e registros fotográficos para o cangaço e pinturas renascentistas e armaduras de época para a Távola Redonda.

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“Desafios de cordel”, César Obeid (FTD)

Um panorama da literatura de cordel e do repente de viola, duas autênticas manifestações da cultura popular brasileira. O autor César Obeid conta, com humor, sobre os ciclos do reconto, jornalístico, biográfico e diversos desafios, inspirados nas famosas pelejas entre cantadores repentistas. Os poemas ganham ilustrações feitas em técnica mista, incluindo a xilogravura, técnica de ilustração típica das capas dos folhetos tradicionais.

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“Só sei que foi assim”, Fernanda de Oliveira (Melhoramentos)

Um livro multimídia que busca concentrar vários detalhes da cultura brasileira. A autora Fernanda de Oliveira apresenta histórias para ler, cantar e dançar, e convida as crianças a conhecerem o cancioneiro popular brasileiro. Em tom de conversa fiada (ou fofoca), Fê Liz narra como foram criadas 21 cantigas de roda, entre elas “Sapo Cururu”, “Fui no Tororó” e “Meu Limão, Meu Limoeiro”. Cada canção é acompanhada de um conto fantástico sobre sua origem, reforçando a cidadania e a autoestima do brasileiro. Há também vídeos que podem ser acessados por meio de um QR Code. A obra conta ainda com um dos maiores nomes do cordel e da arte folclórica, o xilógrafo J. Borges, e o filho dele, o artista plástico Pablo Borges. O maestro Giordano Pagotti é responsável pelos arranjos musicais, com samba, chorinho, forró, frevo, bossa nova e MPB.

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“Festa da Onça”, Wilson Marques (Brinque Ebook)

Inspirando-se nos cordéis, o autor maranhense Wilson Marques conta a história da dona Onça e do Coelho. Ela quer fazer dele o seu jantar, e para tanto o convida a uma festa de arromba em sua toca. O coelho, que de bobo não tem nada e desconfiado das intenções da pintada, chama toda a bicharada para participar da festa. Afinal, a união faz a força! Para surpresa de dona Onça, o cururu, o tamanduá-bandeira, a cutia, o tapir, a dona Cobra e muitos outros animais chegam rapidinho para comer, beber e papear. Resta saber que plano irá dar certo — se a onça vai dançar ou se é o coelho que irá parar em sua pança. Além do mais, no fim do livro há curiosidades sobre os bichos que aparecem na narrativa.

*As descrições sobre cada livro foram elaboradas a partir de material disponibilizado pelas próprias editoras.

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