Obras que atendem os mais diversos interesses e idades deixam o convite para passar tempo de qualidade com as crianças durantes as festas de fim de ano
A pesquisa Retratos da Leitura diz que 55% das crianças gostariam de ter a companhia de um adulto para ler com elas. Este dado pode ser um convite a presentear os pequenos com livros neste natal. Por isso, o Lunetas listou opções para múltiplos interesses e idades.
Entre as muitas opções de presentes para as crianças, há pessoas que colocam os livros sempre como a primeira escolha. É o caso da bibliotecária Elis Alves Silva, mãe do Miguel, 10, e Joaquim, 6. “Gosto de pensar com carinho que livro agradaria cada criança, porque acredito muito na potência da literatura em despertar a imaginação, a fabulação e a curiosidade”, explica.
Para ela, dar livros de presente tem um valor simbólico de entregar palavras e a companhia do adulto que lerá com a criança, pois isso cria memórias que seguem pela vida. “O livro acaba sendo um presente que vai gerar muitas conversas e oportunidades de encontro, de estar presente”, completa. Ela confidencia que gostaria de ser lembrada como a ‘tia do livro’ pelas crianças que receberam as obras e a presença que a leitura proporcionou.
A vontade de que um adulto leia junto é comum a 55% das crianças, como revelou a 6º edição da pesquisa Retratos da Leitura. Em contrapartida, apenas 37% das crianças costumam ganhar livros de presente, apontam os dados. E por que não considerar livros como presentes?
Com esta seleção, o Lunetas espera inspirar famílias a presentear com obras infantis para agradar crianças de diversas idades e com interesses diferentes.
Segundo livro mais lido do mundo, completou 81 anos de publicação em 2024. Há muitas versões desta história, traduzida em mais de 250 idiomas, algumas delas bem simplistas. Para presentear, vale uma edição caprichada. É o caso desta que traz o texto na íntegra, aquarelas do autor e um posfácio rico em detalhes sobre a vida do autor e da obra, com fotos inéditas. A tradução e o posfácio são de Mônica Cristina Corrêa, uma das maiores especialistas em Saint-Exupéry.
Histórias como Branca de Neve, Cinderela, João e Maria, Rapunzel, O Gato de Botas, O Patinho Feio, A Pequena Sereia fazem parte do inesgotável baú de tesouros que nomeamos de “contos de fadas” e embalam a memória afetiva de muitas gerações, como afirma a escritora Ana Maria Machado na apresentação desta obra. Nesta edição de bolso, estão reunidas as mais famosas histórias, além de cerca de 90 pinturas e desenhos que foram apresentados com as narrativas ao longo dos tempos.
As aventuras de Pinóquio é a obra original de Carlo Collodi, publicada pela primeira vez em 1883. Em seu percurso de transformação de boneco de madeira em menino, Pinóquio enfrenta as intempéries das noites longas e frias, depara com a autoridade da lei, padece de uma fome terrível e descobre a solidão da condição humana. Esta versão tem texto integral traduzido por Marina Colasanti e ilustrações em aquarela de Odilon Moraes. Um livro para aproveitar noites e noites de leitura em família.
Para crianças que amam dinossauros, um presente para ler e reler. Informa de uma maneira divertida, a começar pela explicação do que é um dinossauro. Estes seres que viveram na Terra há milhões de anos não eram todos iguais. Alguns pacíficos, outros briguentos, havia os gigantescos e os pequeninos, os velozes e os lentos, os mais inteligentes e os mais inocentes. Além de conhecer as características das diversas espécies, há dicas de museus de Paleontologia para visitá-los.
Como o título sugere, é um abecedário que traz 26 poemas sobre dinossauros dinossauros que habitaram diversas partes do planeta. A obra traz também um mapa que indica locais onde os fósseis foram encontrados e uma pílula informativa sobre esses animais que fascinam muitas crianças. O texto é fruto da parceria entre um paleontólogo e uma escritora.
Dá para imaginar que os dinossauros brincavam, subiam nas árvores, nadavam e alguns eram bem desengonçados. A proposta deste livro é mostrar o cotidiano desses animais, desde as regiões em que eles viviam, como se relacionavam e até como como o xixi e o cocô deles ajudam os cientistas a descobrirem mais sobre a vida desses animais incríveis. Um livro para crianças que gostam de estar bem informadas, sem chatice!
Do premiado autor italiano Gianni Rodari, traz respostas para confortar os corações inquietos de crianças que não se cansam de perguntar. Neste livro “porque sim” não é resposta! Rodari mostra de um jeito divertido, seja de forma lógica, objetiva, poética ou imaginativa, que tudo tem explicação: Por que os cabelos crescem? Por que o mar é salgado? Por que eu sou eu? e tantas outras perguntas que os adultos já se viram em apuros para responder. A partir do que traz o autor, as crianças podem criar suas próprias perguntas e respostas para explicar o mundo.
Em Enigmas, Denise Guilherme convida os leitores a entrar em um jogo. As personagens são bem conhecidas no universo infantil, desde princesas dos contos de fadas a personagens do folclore. Você já parou para pensar o que a Bela Adormecida sonhou nos cem anos em que esteve dormindo? E quem transforma os sonhos da Fada Madrinha em realidade? O jogo é imaginar a resposta para esses e outros enigmas. A partir daí, quem sabe as crianças inventam e desdobram outras histórias.
Com deslumbrantes ilustrações, neste livro nada é o que parece ser. A autora provoca o leitor a desconfiar das verdades universais que muitas vezes nos foram contadas. Não há respostas, apenas perguntas inquietantes como “Por que João e Maria preferiram voltar para casa, após serem abandonados?” e o convite à reflexão e as conversas, guiados pelos sentimentos que suscitam as imagens.
Esta coletânea traz 32 contos selecionados pelo líder mundial Nelson Mandela, que dedica o livro às crianças de África, com amor. Do continente composto por 55 países, conhecido como o berço da humanidade, Mandela traz um pequeno retrato da diversidade dos povos africanos e suas paisagens. São contos tão antigos quanto a África, contados ao redor de fogueiras no final do dia desde tempos imemoráveis. Em cada uma das narrativas há informações sobre sua coleta e as ilustrações que acompanham o livro.
Em Angola, Ombela é uma deusa que, ao chorar de tristeza, fez nascer a chuva. Mas para que ela não fizesse mal aos que vivem na terra, Ombela resolveu derramar suas lágrimas apenas nos mares. Nem sempre é tempo de estar alegre e até os deuses têm seus dias ruins. O pai de Ombela ensina que desaguar pode ser bom e que a alegria pode fazer surgir um outro tipo de lágrima. O prosador e poeta angolano Ondjaki nos presenteia com uma história para emocionar e nos lembrar que há dias de sorrir e de chorar também.
Nesta coletânea, o leitor conhece a potência das virtudes de histórias de príncipes e princesas. São histórias de mitos iorubás que aqui chamamos de orixás. As personagens enfrentam guerras, desvendam mistérios e amadurecem, ao se descobrir. Cada um dos doze mitos traz representações que potencializam a força e a beleza dos orixás. Kiusam de Oliveira encontra neste livro uma forma de empoderar meninos e meninas de todo o Brasil, ao dar a ver a realeza que é a verdadeira ascendência da população negra do nosso país.
Ser um jogador de futebol famoso é o sonho de muitos meninos, e meninas também! Neste livro ilustrado, acompanhar texto e imagem é fundamental para embarcar nas aventuras deste garoto que está certo de que tem todos os requisitos para ser um craque da bola.
Nesta narrativa infantil, escrita em 1984, Jorge Amado conta como dois personagens que costumam viver às turras podem se apaixonar. Aqui, a imparcial Fura-Redes encontra o desastrado Bilô-Bilô, e passa a viver um dilema: terá a ousadia de impedir o milésimo gol do Rei do Futebol para aninhar-se nos braços do amado?
Ana até gostava de brincar de bonecas, mas era doida para jogar no time do bairro com os meninos. Acontece que eles nunca deixavam, afinal menina não joga futebol. Será? Para se aproximar do esporte de que tanto gostava, ela assume o papel de juíza e apita o jogo. Até que o inesperado acontece e ela entra em campo.
Leitores de todas as idades conhecem o personagem. O astuto Lobo Mau aparece nesta história com uma novidade: está com uma dor de dente insuportável. Famoso por estar sempre tentando enganar os outros, o vilão precisa agora de ajuda. E, desesperado, ele terá de apelar para velhos conhecidos: os Três Porquinhos, os Sete Cabritinhos, a Vovó da Chapeuzinho Vermelho… Até o leitor será convocado a participar. A obra subverte a forma “tradicional” de manusear o livro e ainda o coloca como parte da narrativa.
A brincadeira começa com uma bola amarela no centro de uma página branca e um convite: aperte a bola e vire a página. Na próxima, duas bolas amarelas. E assim, o leitor se apropria do brincar de ler. Nesta obra, que faz uma alusão implícita ao universo eletrônico dos tablets, ninguém fica de olhos vidrados em uma tela. É preciso virar as páginas, girar o livro e tornar o corpo leitor também.
Não é nenhuma novidade que os livros têm vozes. Algumas falam, outras cantam, outras gritam e outras sussurram. Aqui, há uma voz que chama o leitor com insistência, que ora se aproxima, ora se afasta, e que parece empenhada em confundir e fazê-lo chegar a lugar nenhum. De quem será esta voz? E onde ela te levará? Para descobrir, o leitor terá de atravessar uma floresta, um rio e uma tempestade e seguir as pistas deixadas pelo caminho.
Ninguém mais quer saber de histórias medonhas, só de narrativas fofinhas de moças bonitas e finais felizes. É o que incomoda com o que encontra na livraria de Vila Monstra. Falta representatividade quando o assunto é seu povo: os monstros. A indignação toma conta de Horrendo e com a ajuda de sua amiga Mocrélia, tomam uma atitude que muda o rumo da história de Vila Monstra.
Num tempo sem tempo, num lugar não determinado – como nas histórias mitológicas – este livro conta a saga de Beatryce e seus improváveis companheiros de jornada em busca de uma memória perdida. Com uma escrita arrebatadora, DiCamillo envolve o leitor em uma história que, de maneira inesperada, entrelaça muitos destinos.
Do sonho da avó em presentear a neta, Menitinha, com uma boneca de porcelana se desenrola a trama entre tradições de outros tempos, cantos de lavadeiras no rio, cheiro de goiabada no fogão e as encantarias que acontecem na madrugada. O fantástico e o familiar dos causos de família caminham juntos nessa novela, para ler em capítulos e se espantar com a beleza das narrativas que tem a cara do Brasil.
Seja para fãs ou leitores de J.R.R. Tolkien de primeira viagem, este livro é um presente para todas as idades. Na obra estão reunidas as cartas que o autor escrevia à mão para os filhos todo mês de dezembro, entre 1920 e 1943. Ele assumia o papel do Papai Noel e reimaginava a magia do Natal de uma forma digna de um ilustre contador de histórias como foi Tolkien. Quando o próprio Papai Noel não podia responder, as cartas eram escritas por seu Elfo-secretário, Ilbereth, ou pelo Grande Urso Polar.
Quando chega a época de Natal, o Papai Noel não é o único a ficar abarrotado de tarefas. O Carteiro também trabalha em dobro para entregar todos os bons votos e desejos de felicidade – e alguns presentes também. Neste livro ele visita personagens de contos de fadas tradicionais para lhes entregar a correspondência natalina. Mas a grande tarefa do Carteiro nessa época do ano é auxiliar a própria família Noel, fazendo chegar à sua fábrica os milhares de pedidos das crianças. Ao acompanhar a história do Carteiro, as crianças encontram os envelopes recheados de cartas, cartões e presentinhos – como jogos e livros – e aprendem a manter uma tradição que, mesmo com o avanço da tecnologia, nunca perderá a sua função.
Um clássico de Charles Dickens recontado por Tatiana Belinky rememora a história do rabugento e sovina Ebenezer Scrooge, que não gosta do Natal. Quando ele recebe a visita de três espíritos natalinos dispostos a confrontá-lo com o resultado de suas ações, tudo pode mudar.
Tayó é uma menina negra que tem orgulho do cabelo crespo com penteado black power, enfeitando-o das mais diversas formas. Diante das agressões dos colegas de classe ela responde: “Vocês estão com dor de cotovelo porque não podem carregar o mundo nos cabelos”. De tão empoderada, a menina protagoniza outro livro, “Tayó em quadrinhos”, este com ilustrações de Amora Moreira, que saiu pela Companhia das Letrinhas.
A premiada escritora Jarid Arraes traz em sua estreia na literatura para a infância versos que mostram como representatividade, empatia e amizade fazem toda a diferença. São quatro as protagonistas neste livro. Elas precisam enfrentar desafios para alcançar o que desejam, seja o sonho de se tornar bailarina ou de ter uma cadeira de rodas para seguir os caminhos que quer trilhar. Com ilustrações de Veridiana Scarpelli, os córdeis ganham cor e forma para, juntos, mostrar que todas as crianças são incríveis.
A jornalista Adriana Carranca visitou o vale do Swat dias depois do atentado que quase tirou a vida de Malala Yousafzai. O motivo do atentado: ela levantou a voz contra o grupo extremista Talibã pelo direito de as meninas irem para a escola. Adriana apresenta neste livro o que viu e aprendeu no Paquistão e apresenta às crianças a história real dessa ativista que, além de ser a mais jovem ganhadora do prêmio Nobel da paz, é um grande exemplo de como uma pessoa e um sonho podem mudar o mundo.
Aos adultos o soprar do vento e os pingos da chuva podem ser algo corriqueiro. Para bebês e crianças pequenas é um convite a olhar o mundo com ar de descoberta. A chuva canta, o vento dança e bagunça os cabelos. Uma parceria da autora e pesquisadora Caroline Carvalho com o premiado ilustrador Guilherme Karsten convida os pequeníssimos leitores – e os adultos também – a se encantar com a beleza da natureza. Os livros fazem parte do selo Alebebê, voltado à primeiríssima infância.
Quem duvida que cuidar de um mastodonte dá trabalho? A criança que protagoniza essa história fala com conhecimento, afinal tem um em casa. E para tudo que lhe é pedido ele responde “Não!”. Quando o mastodonte decide fazer o que lhe pedem o resultado é uma grande bagunça que deixa seu cuidador exausto. Um livro para falar de birras e brincadeiras com pequenos grandes leitores. É o mais recente título da coleção Literatura de Colo, destinada à primeiríssima infância, mas que tem grandes chances de acompanhar os leitores por muitos anos, por apostar em seu potencial.