Dois livros infantis sobre as histórias que nossa pele carrega

Um convite a olhar para nossa pele e ver que a cor e as marcas fazem parte do que nos torna únicos

Renata Rossi Publicado em 10.02.2023
Num fundo colorido, estão as capas dos livros 'Pele' e A pele que eu tenho
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Resumo

Os livros infantis “A pele que tenho” e “Pele” celebram a vida a partir da cor e dos sinais que constituem quem somos. As obras são um convite a olhar para o outro com empatia e para si com aceitação.

Apesar da pele da gente guardar a ancestralidade de quem veio antes, ela também diz respeito às particularidades do ser único que somos, cada um de nós. Em “A pele que eu tenho”, bell hooks convida as crianças a olharem as diversas tonalidades de pele presentes nas ilustrações de Chris Raschka como apenas uma camada.

“A pele que eu tenho é só uma camada. Se quer mesmo me conhecer, precisa chegar perto, de coração bem aberto”

“O que me chama atenção nas obras de bell hooks é a positividade que enaltece as histórias que ela escreve”, comentou a poeta e escritora Nina Rizzi, na live de lançamento do livro, o terceiro de bell hooks que ela traduziu.

Dentro dessa celebração, bell hooks condensa seu pensamento e o apresenta em uma linguagem poética que dialoga com a infância, seja aquela que está em curso ou a que já foi vivida e se sente representada nos versos a que tem acesso hoje. Sobre esse poder de contar histórias de alguém que é referência mundial nas questões de raça e gênero, a tradutora sentencia: “Eu gostaria de ter lido obras como essa quando era criança”.

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“A pele que eu tenho”, de bell hooks e Chris Raschka (Boitatá)

De forma poética, o livro, lançado recentemente no Brasil, abre um diálogo com as crianças sobre raça e identidade, temas sempre muito presentes nas obras da autora, e ressalta o perigo que é julgar uma pessoa no primeiro olhar.

Para conhecer alguém de verdade, os versos de hooks adiantam que a pele sozinha não define ninguém. É só uma camada de um conjunto diverso de histórias presentes, passadas e futuras. São nesses encontros que descobrimos o outro, pela amizade compartilhada e pelo que a cor da pele não conta.

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Imagens de miolo do livro "A pele que eu tenho", de bell hooks e Chris Raschka

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Imagens de miolo do livro "A pele que eu tenho", de bell hooks e Chris Raschka

Nesse ponto, começamos um diálogo com outro livro que resgata as marcas que nossa pele traz. Em “Pele”, Caroline Arcari celebra os sinais presentes na nossa pele, de saudade a superação, como parte da história de cada um.

“Duvido que você não tenha uma marca ou cicatriz que te lembre aquele tombo ou um momento em que foi feliz”

Quantas marcas temos que constituem a nossa história? Nem sempre o que ficou marcado na pele traz lembranças boas, mas os sinais podem ser ressignificados!

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“Pele”, de Caroline Arcari e Inês da Fonseca (Caqui)

Este livro é uma poesia sobre as marcas das experiências, das conquistas, dos sofrimentos. Do amor, dos afetos e do passar do tempo. Uma obra que traz à tona um pouco de cada emoção, feita para folhear e sentir pelo tato, pela visão e pelo coração.

Os versos celebram a vida, desde a infância, com suas alegrias e tristezas. Vemos os joelhos ralados depois de um tombo; as marcas do crescimento com as estrias e o rubor que cora as bochechas de quem está amando. Sinais de quem passou a vida trabalhando duro e de quem superou dificuldades e seguiu em frente.

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Imagens de miolo do livro “Pele”, de Caroline Arcari e Inês da Fonseca

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Imagens de miolo do livro “Pele”, de Caroline Arcari e Inês da Fonseca

Ambos os livros provam que não há assunto que não possa ser apresentado às crianças, amplamente capazes de enxergar as pessoas além da cor da sua pele e dos sinais que contam suas histórias.

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