O pedido de uma criança a todas as crianças evidencia a importância da imunização infantil contra a covid-19 e a consciência coletiva dos pequenos
Demorou, mas chegou a vez das crianças! O Lunetas perguntou como elas estão se sentindo após serem vacinadas contra a covid-19 e o que têm a dizer para quem ainda não se vacinou.
Alegria, segurança e liberdade: as palavras compartilhadas pelas crianças coincidem com aquilo que também desejamos. Depois de quase dois anos de espera e muitos obstáculos para garantir a vacinação contra a covid-19 ao público infantil, as crianças estavam ansiosas para chegar a vez delas na fila da vacina. Para registrar esse momento, o Lunetas conversou com os pequenos sobre como se sentem e o que gostariam de dizer para as pessoas sobre a imunização.
“Quando tomei a vacina, me senti outra pessoa, fiz vários planos e fiquei muito feliz”, diz Olga, 10, uma das primeiras crianças a serem vacinadas na cidade de Londrina, no Paraná. Portadora de diabetes mellitus tipo 1 – e por isso do grupo prioritário -, Olga acredita que a nova etapa da imunização simboliza uma renovação das esperanças para as crianças. Esperança de voltar à escola, de sentir o calor do abraço dos avós, de brincar com os amigos, do fim dos lutos familiares.
O apelo de Olga é comum a várias crianças que passaram a se sentir mais seguras e também responsáveis por proteger não apenas a si, mas toda a sociedade, como Lucca, 9, de Itajaí, Santa Catarina, que esteve no grupo prioritário por ter autismo. “Lucca, o que significa tomar a vacina para ti?”
“Me proteger, proteger as pessoas que nos amam e também se sentir livre, brincar”
Para Nicole, 6, de São Paulo, felicidade traduz o momento. Por isso, ela insiste que as famílias levem as crianças aos postos de vacinação, uma iniciativa que auxilia na proteção de todas as crianças e também contribui para o trabalho dos médicos que estão na linha de frente do combate à pandemia.
Com tanto burburinho e desinformação a respeito da imunização, não é de se estranhar que muitas crianças tenham ficado receosas, mesmo sabendo que se trata de uma agulha pequena e de um processo rapidinho. Não foi o caso de Ana, 9, que tem síndrome de Down e entrou na fila prioritária de vacinação em Francisco Beltrão, Paraná. “Eu senti uma picada de formiga: não doeu, não chorei”, relata.
Já Naila, 10, de Salvador, Bahia, mostrou coragem, apesar de ter sido mais sensível à picada. “Sei que não ia morrer, nem deixar a minha família, então eu tomei. O melhor é tomar né, pra gente se prevenir e não passar para mais ninguém.”
Catarina, 10, de São Paulo, confessa que sentiu medo, mas que foi passageiro. Para ela, o sentimento que prevalece é de dever cumprido. “Eu acho que as pessoas que não deixam as outras tomarem a vacina ou não querem tomar não entendem que elas podem pegar a doença e podem até morrer por causa disso. Não reconhecem que é uma coisa muito grave, que tem muita gente morrendo por isso, muita gente sofrendo”, diz.
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Vacinar as crianças é uma opção?
A vacinação infantil não é uma opção, mas um direito de todas as crianças. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê como “obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. O Instituto Alana reforça que a imunização massiva auxilia na garantia do direito à vida e à saúde. Além disso, a vacina é aliada no retorno seguro às aulas presenciais, na recuperação das aprendizagens e no enfrentamento da evasão escolar.
De acordo com dados do consórcio de veículos de imprensa, até o dia 14 de fevereiro, a taxa de vacinação contra a covid-19 entre crianças de 5 a 11 anos era de 27,38%, a maioria do estado de São Paulo. Por enquanto, o Brasil vacinou muito abaixo do que permite a capacidade do Sistema Único de Saúde.