Produções que apresentam crianças das mais diversas realidades e contextos socioculturais e religiosos
Produções protagonizadas por crianças de diversos países para falar sobre racismo, exclusão social, intolerância religiosa e outros inimigos da igualdade.
Igualdade racial, diversidade, inclusão, pluralidade cultural. Todas essas questões fazem parte das dimensões humanas mais urgentes e, portanto, não podem ficar de fora das conversas com os pequenos.
Com esse pensamento, preparamos uma seleção de 11 filmes que apresentam o universo infantil a partir do ponto de vista da celebração da igualdade, para que os pais possam se inspirar a iniciar conversas com os filhos sobre essas temáticas tão caras ao desenvolvimento integral da criança.
São produções que apresentam crianças das mais diversas realidades e contextos socioculturais e religiosos, enfocando os conflitos infantis em relação ao preconceito racial, à intolerância e à exclusão em suas mais variadas formas.
A partir deles, pais, educadores e mediadores podem estimular nos pequenos uma experiência de representatividade e empatia. Afinal, como afirma o filósofo Jorge Larrosa, “a infância é o outro”.
Todos os filmes estão disponíveis para assistir online no Videocamp, plataforma gratuita de produções audiovisuais sobre temáticas inspiradoras, e no Youtube.
A produção, de 2005, é composta por uma série de curtas-metagrens de sete países diferentes – Brasil, Itália, Inglaterra, Sérvia, Burkina Faso, China e Estados Unidos. A proposta é colocar em paralelo diversas culturas de infância e realidades econômicas para sugerir uma reflexão sobre como as crianças são as maiores afetadas em situações extremas de pobreza. De caráter social e comando pelo Unicef, o filme contou com a participação voluntária dos sete diretores que trabalharam nele.
Mohammad é o protagonista dessa história. Ele é cego e mora em uma escola para deficientes visuais, voltando para casa e a família apenas nas férias. A sensibilidade do menino para lidar com as mais diversas situações de exclusão estimulam a reflexão sobre a força e a integridade da criança diante de dificuldades. O pai, viúvo, passa uma transição na vida ao planejar o segundo casamento, e demonstra ter vergonha do filho por sua deficiência. A partir desse cenário de exclusão familiar, a história enfoca a importância dos laços de cumplicidade e afeto entre pai e filho.
O filme francês de Céline Sciamma é uma possibilidade de aproximar a criança das questões de gênero, sexualidade, comportamento e identidade. Ao apresentar uma menina que se reconhece como menino, Tomboy envereda pelos caminhos da aceitação na escola e na família, mostrando as diferenças de postura em relação aos adultos e às crianças. Enquanto os pais de Laure tentam forçadamente demonstrar apoio e compreensão, as crianças aceitam com naturalidade a personalidade do personagem. Um dos grandes destaques da história é a relação do protagonista com a irmã mais nova, que faz pensar sobre a importância dos laços afetivos na infância.
Com prevalência dos temas inclusão social e educação, o filme americano And your name is Jonah conta a história de Jonah, um menino com deficiência intelectual que é subjugado no ambiente escolar. Considerado incapaz de aprender e se comunicar, Jonah enfrenta a exclusão diária dos amigos e dos professores, e é obrigado a levar uma vida repleta de limitações e frustrações até ter o seu potencial reconhecido. Além disso, o filme mostra a vivência cotidiana da linguagem de sinais, ainda vista como um tabu para muitas famílias e grupos escolares, ressaltando a urgência de aproximação e conhecimento dessa potente ferramenta de comunicação.
Realizado pela produtora paulistana formada por um grupo de mulheres ligadas à militância da mulher negra, a Preta Portê, Cores e botas apresenta a protagonista Joana, uma menina de oito anos com um sonho comum a muitas meninas da geração 80: ser paquita. Porém, quando concorre à vaga, Joana, por ser negra, é barrada pelo preconceito. O curta é uma alternativa para abordar a complexidade do racismo, a partir da experiência real de uma criança que entende os problemas mais urgentes da sociedade enquanto vivencia sua própria exclusão.
O documentário visita a realidade de nove meninas de diferentes países, como Índia e Etiópia, para defender a potência da educação como ferramenta de autonomia. O mais bacana do filme é observar sob diferentes pontos de vista sociais, culturais e religiosos como a presença da escola e dos professores alterou o rumo de suas histórias, mesmo nas situações mais extremas de pobreza e exclusão. O filme está disponível no Videocamp.
Tendo como temas principais a religião em zonas de conflito, o documentário acompanha o cotidiano de sete crianças israelenses e palestinas que moram na mesma comunidade em Jerusalém. Unidos pela proximidade geográfica, as crianças percebem a separação pela intolerância religiosa. A partir da experiência subjetiva do universo infantil, o filme proporciona para os pequenos uma perspectiva realista sobre o conflito no Oriente Médio, trazendo à tona questões fundamentais, como discriminação, intolerância e generalização.
https://www.youtube.com/watch?v=36fSdPDaFoc
A produção iraniana é de 1998, e apesar de ter quase duas décadas de existência, é muito atual. A história gira em torno do cotidiano de dois irmãos, Ali e Zahra, em uma família extremamente pobre. Os meninos têm de enfrentar desde cedo a exclusão social decorrente da pobreza e a responsabilidade que recai sobre eles de ajudar a família a sobreviver. O filme suscita questões sobre a filosofia da educação, e pode ser uma boa porta de entrada da realidade social, religiosa e cultural do Irã.
A produção indiana de 2007 acompanha a história do menino Ishaan, de oito anos, que possui um distúrbio de aprendizado diagnosticado como dislexia. Em uma atitude de despreparo e falta de informação, o pai decide enviá-lo a um internato, até que um professor de artes recém-chegado na escola constrói em suas aulas o ambiente confortável que o menino precisa para se expressar em sua individualidade. Um filme para conversar com os pequenos sobre a potência de cada um, os diferentes ritmos de aprendizado e a necessidade de defender uma Educação inclusiva para as crianças.
Sob um ponto de vista bastante subjetivo e lírico, o filme é narrado por um menino iraniano de 8 anos que apresenta seu dia a dia a partir de seus conflitos internos, apresentados na tela por detalhes muito simbólicos e metafóricos que representam a vulnerabilidade e insegurança tantas vezes presente na infância. Com direção do renomado Abbas Kiarostami, a história propõe um mergulho no imaginário de uma criança em contexto de intimidação recorrente por ser mais frágil e sensível do que os outros colegas de sua idade.
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Construindo identidade pelo contato com o outro
No livro “Contos de Grimm”, a escritora e psicanalista Clarissa Pinkola Estés, defende o posicionamento dos pais em relação aos temas considerados como a única forma de munir os pequenos das ferramentas que eles precisarão para enfrentar o mundo.
“É útil e fundamental para aqueles que mais conhecem e amam a criança apresentá-la às realidades mais complexas da vida. (…) Toda criança deve receber o mapa e o treinamento para penetrar as florestas claras e sombrias do mundo. Omitir que há violências, más opções e grandes paixões que subjugam a mente, e não ensinar à criança como proteger sua alma, a enfraquece.”