Leitura e desenvolvimento: ‘A família é que faz a diferença’

Foi registrado um aumento de 50% na interatividade entre pais e filhos durante a leitura

Da redação Publicado em 11.07.2016
Homem adulto lê livro infantil ao lado de duas crianças.

Resumo

Um estudo inédito realizado pela Universidade de Nova York em parceria com o Instituto Alfa e Beto revela que crianças cujos pais leem junto regularmente se desenvolvem mais.

Estudo inédito realizado pela Universidade de Nova York em parceria com o Instituto Alfa e Beto e o IDados evidenciou algo fundamental para todas as famílias e educadores pensarem sobre: crianças cujos pais (ou outros adultos responsáveis) leem regularmente junto com as crianças desde os seus primeiros anos de vida têm um maior desenvolvimento em sua linguagem, vocabulário, habilidades metacognitivas e de controle executivo. É por isso que, aqui no Lunetas, o assunto literatura infantil é fundamental.

O estudo,“Prevenindo Disparidades na Prontidão Escolar de Famílias de Baixa Renda”, foi realizado a partir da análise de dados coletados de um programa realizado pela prefeitura de Boa Vista, capital de Roraima, o “Família que acolhe”. O programa é voltado para o desenvolvimento de crianças durante a primeira infância.

Durante o período de um ano, 1250 crianças e seus responsáveis foram acompanhados e os resultados indicam que, nas crianças que receberam o estímulo dos pais em relação à leitura, houve um aumento de 14% no vocabulário, 27% na memória de trabalho (componente cognitivo que permite o armazenamento temporário e manipulação das informações necessárias para tarefas complexas). Também foi registrado um aumento de 50% na interatividade entre pais e filhos durante a leitura. A pesquisa ainda apontou uma redução de 25% no índice de crianças com problemas de comportamento e, por consequência, diminuição das punições físicas.

Em entrevista à Globonews, o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Araujo, comentou o resultado do estudo e ressaltou a importância da participação da família na educação das crianças e no incentivo à leitura. “Apesar do papel da escola, a família é que faz a diferença, a escola é coadjuvante”, afirmou. Para ele as escolas precisam aproximar, cada vez mais, as famílias de suas atividades e engajar essas famílias na educação das crianças.

Para a pesquisa, e como parte do programa “Família que acolhe”, as famílias participantes do programa receberam um treinamento para falar sobre a importância de ler com as crianças e apoiar os pais nessa tarefa.

“As sessões tiveram como principal tema a discussão sobre as experiências e barreiras observadas ao ler para os filhos em casa”, apontou o professor Alan Mendelsohn, da Universidade de Nova York, um dos responsáveis pelo estudo.

Nesses encontros, os pais puderam, também, montar planos de leitura e atividades adicionais para estimular o desenvolvimento dos filhos em casa. Um dos pilares do plano foi um programa semanal de empréstimo de livros infantis, que integram o Guia de Leitura desde o Berço, do Instituto Alfa e Beto, apropriados para crianças das respectivas faixas etárias. A cada semana, as famílias devolvem e retiram dois novos livros.

“Quando pais e mães leem com os filhos, proporcionam uma interação de qualidade, que aumenta o engajamento familiar, além de estimular a produção de vocabulário nas crianças”, explicou o professor.

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