Apesar de não estarem no grupo de risco, crianças podem ser igualmente infectadas pelo vírus e são vetores da doença
Com o rápido aumento do número de casos de coronavírus no Brasil, a informação é chave para evitar o pânico. Apesar de estarem fora do grupo de risco, a principal orientação neste momento é evitar aglomerações e isolamento domiciliar em casos de suspeita ou infecção.
Viagens canceladas, famosos infectados, dólar quebrando a barreira dos cinco reais e programas de televisão sem plateia: a essa altura do campeonato, o coronavírus já mexeu com a vida de todos. No Brasil, a cada momento, o Ministério da Saúde identifica um aumento no número de casos de contágio. E diante do anúncio da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre a pandemia de uma doença (Covid-19) causada pelo novo vírus, como prevenir, proteger as crianças e evitar o desespero?
Se a ansiedade sobre o que fazer é grande, pelo menos a boa notícia até agora é que não há um perfil de gravidade em gestantes, crianças e até mesmo adolescentes, por motivos ainda desconhecidos pelos cientistas. “É possível que apareçam óbitos em crianças com fatores de risco, como bebês prematuros, com cardiopatias graves ou com doenças crônicas, mas as chances são muito maiores para os avós”, afirma o pediatra Fábio Melo, autor do blog “Pediatra do Futuro”.
Apesar de não estarem aparentemente entre os mais vulneráveis, as crianças são igualmente infectadas e vetores da doença, por isso o fechamento de escolas pelo país.
Além disso, a OMS informou recentemente que já existe mortes por Covid-19 entre jovens e crianças. No início da semana, o diretor-geral da organização, autoridade em saúde pública, Tedros Adhanom Ghebreyesus, reforçou a importância de “quebrar a cadeia de contágios”. Por isso, evitar aglomerações está entre as atitudes mais responsáveis a se tomar no momento.
Uma curiosidade apontada pelo médico pediatra Fábio Melo é que os coronavírus não são novos e, provavelmente, organismos com os quais adultos e crianças já tiveram contato em algum momento. “Normalmente, eram vírus que transitavam entre animais e seres humanos e, na grande maioria das vezes, causavam quadros gripais sem grandes complicações”, explica Fábio Melo, durante live no Instagram, em conjunto com a pediatra e blogueira Kelly Marques de Oliveira, autora do blog “Pediatria Descomplicada”.
Ele recorda dois casos desses coronavírus: o SARS-CoV, identificado em 2002 como a causa de um surto da síndrome respiratória aguda grave (SARS), e o Mers-CoV, que apareceu em 2012 como causa da síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS), ambos aparentemente mais graves do que o vírus atual. Isso não significa esquecer as medidas de precaução, ressalta Fábio, mas é uma espécie de conforto para as famílias.
“O problema é quando esses vírus sofrem mutações mais críticas que alteram a capacidade de infecções e fazem com que organismo não tenha respostas tão potentes”, diz.
De acordo com o clínico geral e reumatologista, professor de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Divino França, pais, mães e cuidadores precisam ficar atentos às formas de transmissão e proteção, para desacelerar a disseminação do vírus, mas não devem entrar em pânico.
“Pessoas com mais de 60 anos correm o risco de ter a condição agravada, especialmente quem já apresenta doenças preexistentes, como pneumopatias, cardiopatia , diabetes”, afirma.
Ele explica que, assim como nos casos de gripe, se houver contágio, é necessário repouso e uma boa resposta do corpo para lidar com o vírus, processo realizado principalmente pela medula óssea, uma verdadeira fábrica de defesa do organismo. “Por isso pacientes acima de 80 anos ou cujas medulas estão frágeis por conta de remédios imunossupressores e outros tratamentos, como quimioterapia e radioterapia, ficam mais comprometidos e precisam de resguardo.”
O importante nesse momento, segundo ele, é higiene, evitar locais fechados com baixa temperatura, preferir espaços arejados e buscar boas referências, a partir de fontes seguras.
Isso ajuda a separar o que é um perigo real do pânico que pode ser causado pelo excesso de informações ou até mesmo fake news. A letalidade não é alta, atenta, mas há uma justificativa para o alarde: conter o número acelerado de casos para evitar sobrecarga de atendimento no sistema de saúde.
APP Coronavírus SUS
Para conscientizar a população sobre o novo coronavírus, por meio de notícias oficiais, além de orientações sobre identificação de sintomas e prevenção, o Ministério da Saúde disponibiliza um aplicativo gratuito para celulares Android e iPhone (iOS). O Coronavírus SUS também apresenta um mapa com as unidades de saúde mais próximas do usuário e um formulário de autoexame para ajudar a identificar uma possível contaminação.
Para ajudar nossos leitores com as dúvidas sobre o tema, o Lunetas recorreu às informações divulgadas pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Você pode conferir por aqui a Folha Informativa da organização, com as principais notícias atualizadas sobre o coronavírus, histórico, além de respostas detalhadas.
Os sintomas mais comuns da COVID-19 são cansaço, coriza, tosse e dor de garganta. Em casos mais graves, é comum a presença de febre alta, pneumonia e insuficiência respiratória aguda. Os sintomas podem aparecer de 1 a 12 dias após a exposição ao vírus. Algumas pessoas não apresentam sintomas e aproximadamente 80% se recupera da doença sem precisar de tratamento especial. “Com base nos dados atuais, 81% dos casos parecem ter doença leve, 14% parecem progredir para doença grave e 5% são críticos”, confirmam as organizações.
Alguns coronavírus podem ser transmitidos de pessoa para pessoa, após contato com paciente infectado. Mas o vírus se espalha principalmente por gotículas respiratórias expelidas por alguém que tosse ou espirra, portanto, pode ser transmitida também por contato indireto, seja em transportes públicos, hospitais, local de trabalho, objetos pessoais, etc.
“Estudos até o momento sugerem que o vírus que causa o COVID-19 é transmitido principalmente pelo contato com gotículas respiratórias – e não pelo ar”(OPAS/OMS).
A principal orientação do Ministério da Saúde até este momento é o isolamento domiciliar. Em casos de suspeita ou confirmados de infecção pelo novo coronavírus, assim como para viajantes que chegam ao Brasil vindos do exterior, a atenção deve ser redobrada. Há protocolos bastante rígidos nestes casos, incluindo separação de objetos pessoais, limpeza de ambientes após uso e separação de indivíduos entre os cômodos da casa.
O anúncio do cancelamento de aulas em várias cidades do país, vai ao encontro dessas recomendações, com o objetivo de evitar aglomerações e frear o contágio. (Em caso de dúvidas, autoridades locais devem recorrer às informações de secretarias municipais de Saúde ou ligar para o número 136, pelo qual o Ministério da Saúde está fornecendo este tipo de orientação.)
Como ainda não não há vacina ou medicamento antiviral específico para prevenir ou tratar o COVID-2019, o ideal é que pessoas com quadros graves sejam hospitalizadas e outras infectadas recebam cuidados para aliviar os sintomas. A principal orientação da OMS para proteger a saúde e evitar a transmissão é a boa higienização:
Acesse aqui as diretrizes provisórias da OPAS para o controle de infecções.
“A maioria dos pacientes se recupera graças aos cuidados de suporte.” (OPAS/OMS)
Sobre o uso de máscaras
A OPAS e a OMS recomendam que as máscaras cirúrgicas sejam utilizadas apenas por pessoas que estão com sintomas respiratórios, tosse ou dificuldade de respirar, além de profissionais de saúde ou pessoas que prestam atendimento a indivíduos com sintomas respiratórios. As organizações afirmam não ser necessário o uso de máscaras para pessoas que não apresentam esses sintomas, exceto em países que possuem este hábito local. Porém, é preciso estar atentos às boas práticas de higienização, uso, remoção e descarte. O uso de máscaras não exclui as demais medidas de proteção. (Fonte: OPAS/OMS)
O que é coronavírus?
Os coronavírus estão há décadas por toda parte e tem sido a principal causa de resfriados comuns (após rinovírus). No entanto, em 31 de dezembro de 2019, a OMS foi alertada sobre casos de pneumonia em Wuhan, maior cidade da província de Hubei, na China, tratando-se de um tipo de coronavírus não identificado antes em seres humanos. Em janeiro de 2020, a informação foi confirmada por autoridades chinesas. Ao todo, sete coronavírus humanos já foram identificados nas últimas décadas. O mais recente (SARS-CoV-2) é o responsável por causar a doença COVID-19. (Fonte: OMS)