Como será que as crianças de outros países comemoram seus aniversários? Com ou sem bolo, as cores e as guloseimas não podem faltar mesmo em tradições antigas e naquelas festinhas mais íntimas.
Fazer um pedido ao assoprar as velas sobre um bolo decorado, cantar o “Parabéns a você” e comer docinhos com os amigos. Algumas dessas tradições não podem faltar nas festas de aniversário no Brasil, mas em outros países as comemorações são bem diferentes. Assim, algumas são mais íntimas, outras têm mais açúcar e ainda há onde exista um feriado para comemorar os aniversários de um povo inteiro de uma só vez!
Entre as formas de registrar mais um ano de vida, o formato “festa, bolo, vela” é um dos mais comuns e teve origem lá no Egito Antigo. De acordo com os antropólogos Ralph Linton e Adelin Linton, foi por volta de 3000 a.C que os faraós faziam festas exclusivas para marcar suas novas vidas. No livro “The Lore of Birthdays” (“A sabedoria dos aniversários”), eles contam que, com o tempo, os romanos e os gregos também passaram a comemorar aniversários de deuses ou de imperadores. Apesar dos banquetes, o bolo e as velas apareceram na Grécia, com a tradição de oferecer à deusa Ártemis uma torta com velas acesas a cada lua cheia.
Desde então, a ideia desse festejo se espalhou e cada cultura manteve ou adaptou detalhes próprios. Se ficou curioso para saber como as famílias festejam os aniversários pelo mundo, confira a lista que o Lunetas fez, conforme as tradições de seis países.
No Brasil, o famoso “vai ser só um bolinho” costuma reunir amigos e familiares com salgadinhos, docinhos, bolo, música e presentes. Mesmo as festas mais simples já incluem todos esses itens, seja em casa ou em salões e lugares abertos. Os aniversários brasileiros sempre são muito animados e mantêm costumes como, por exemplo, fazer um pedido ao assoprar as velas e entregar o primeiro pedaço do bolo para a pessoa que mais gosta.
Atualmente, é muito comum que as festas das crianças tenham também algum tema para a decoração. Pode ser um personagem, um brinquedo, um filme ou até mesmo uma cor. O tema escolhido aparece desde o convite até nos brindes e no bolo. O que não pode faltar também é o “parabéns a você”.
Ao ouvir os mariachis cantando “Las Mañanitas”, pode ter certeza que você está em uma festa tradicional mexicana. A canção é o “Parabéns a você” próprio do México e a letra fala da alegria de amanhecer no dia em que a pessoa especial nasceu. A família canta às crianças “despierta, mira que ya amaneció” (desperta e olha que já amanheceu) antes de cortar o bolo. Tem também a “hora da mordida”, quando o aniversariante abaixa a cabeça e dá a primeira mordida no bolo inteiro. Além disso, a animação das festas mexicanas vem das brincadeiras, como a tradicional piñata. Feita em papel machê colorido e recheada com balas e bombons, ela fica pendurada em uma altura adequada para que o aniversariante tente acertá-la com um taco de madeira e de olhos vendados.
Há pelo menos dez tradições antigas que os japoneses fazem com as crianças antes do primeiro ano de vida. Embora muitas famílias não sigam tudo à risca, dentre as mais populares está o “Okuizome”, que é uma refeição comemorativa pelo centésimo dia do bebê oferecida a ele como desejo de fartura e saúde. No prato, peixe, legumes cozidos, sekihan (arroz vermelho) e umeboshi (ameixa seca). Já as crianças que completam 3, 5 e 7 anos participam da cerimônia Shichi-go-san, tradicionalmente celebrada em 15 de novembro. Elas usam trajes da cultura japonesa, como kimonos e hakamas, e vão aos santuários com a família para orar por saúde e felicidade. No país, o ritual Seijin Shiki acontece quando a maioridade chega, aos 20 anos. Nessa ocasião, jovens visitam as prefeituras de suas cidades com roupas tradicionais para um discurso sobre a vida adulta.
Não é só no Brasil que as crianças se esbaldam em docinhos de festa. Claro, não dá para encontrar brigadeiros, beijinhos ou cajuzinhos na Austrália, mas as festas de lá costumam ter muito açúcar, assim como balões e cores. Geralmente as crianças têm um encontro só delas com doces que vão desde as balinhas jelly beans a gelatinas e pipocas coloridas. Seguindo a lista de doces do cardápio de um típico aniversário australiano, o “lamington” é um bolo de chocolate coberto com coco. Porém, o que não pode faltar mesmo é o famoso “fairy bread” (pão de fada) que as próprias crianças fazem juntas. A receita é simples: pão de forma cortado em triângulos, manteiga e confeitos coloridos!
Não há muitas comemorações de um ano para as crianças chinesas porque, lá, a contagem dos dias de vida começa ainda na barriga da mãe. Porém, as festas maiores são quando elas completam dois anos. Neste dia, não pode faltar ovos vermelhos, que simbolizam sorte e recomeço. Existe também um ritual chamado “Zhuā zhōu”, que é uma cerimônia em que os bebês “escolhem seu futuro”. Consiste em deixar os bebês no centro de um círculo onde há diversos objetos, como livros, bonecos, avião, calculadora… Assim, a direção para onde ele engatinhar e apanhar o primeiro item pode “revelar” o que lhe espera para o futuro.
Que tal comemorar seu aniversário no mesmo dia de todas as outras pessoas que você conhece? Sim, no Vietnã, as festinhas pessoais de aniversários não são muito tradicionais. Isso porque a população costuma comemorar a vida de cada um na grande festa de ano novo, o Tét, ou Festival de Primavera.
Considerada a maior festa do país, a tradição é enfeitar as casas com flores, fazer oferendas de frutas ao deus da cozinha e comer Bánh chu’ng, um bolo quadrado salgado feito de arroz, feijão e carne de porco. Os vietnamitas se juntam com as famílias e amigos para celebrarem o Tét, que é regido pelo calendário lunar, e acontece entre janeiro e fevereiro de cada ano, assim como o ano novo chinês.
Quem cantou parabéns primeiro?
A canção “Parabéns a você”, que já virou “hino” em todas as festas de aniversário no Brasil é, na verdade, uma versão da melodia da música “Good Morning to All” (“Bom dia a todos”). Originalmente criada pelas irmãs estadunidenses Mildred e Patricia Hill, em 1875, a versão adaptada para os aniversários surgiu em 1925 e se espalhou pelo mundo. Em 1942, a Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, lançou um concurso para escolher a versão oficial brasileira. A vencedora foi a paulista Bertha Celeste Homem de Mello. Atualmente, a canção tem os direitos autorais destinados à família da autora. Já a versão americana, “Happy birthday to you”, está em domínio público.