Rampas, balanços, escorregadores e gangorras adaptadas são opções de brinquedos inclusivos para garantir às crianças o direito de brincar
Para fazer valer o direito que toda criança tem de brincar, conheça espaços de lazer pelo Brasil que oferecem parquinhos inclusivos para que crianças com e sem deficiência possam brincar e se desenvolver.
Por lei, o direito de brincar deve ser universal para todos os meninos e todas as meninas. Mas, como assegurar às crianças com deficiência o brincar de maneira segura e acessível fora de casa? É nesse contexto que surgem os chamados parques inclusivos. As adaptações envolvem brinquedos como balanço ou gangorra com assentos apropriados e plataformas em escorregadores que permitam que as crianças retornem para suas cadeiras de rodas, por exemplo.
Atualmente, pelo menos 5% dos equipamentos de lazer em parquinhos públicos e privados devem estar adaptados para o uso de crianças com deficiência, conforme prevê a Lei 13.443, de 2017. Mesmo assim, ainda é difícil encontrar áreas públicas com uma estrutura adaptada para que crianças de todas as idades, com e sem deficiência, se desenvolvam brincando com seus pares e aproveitem os mesmos espaços de interação.
“Espaços e políticas públicas que garantam esse direito potencializam o desenvolvimento, a aprendizagem e a vida com qualidade para todas as crianças”, afirma Deigles Amaro, especialista em gestão educacional no Instituto Rodrigo Mendes, organização que visa a qualidade da educação para pessoas com deficiência.
Segundo ela, é fundamental que os parquinhos estejam acessíveis porque “ao brincar, as crianças desenvolvem o cognitivo, o motor e todos os aspectos de interação com os objetos e com as pessoas”.
“O brincar é o modo de ser e estar das crianças no mundo. De todas as crianças, inclusive aquelas com deficiência.”
Para a segurança e o conforto das crianças, os brinquedos e o mobiliário dos parques inclusivos precisam cumprir normas técnicas. Isso inclui, portanto, desde um mapa tátil, para indicar a posição dos equipamentos, acessibilidade estrutural com rampas e assentos adaptados, brincadeiras sensoriais e rotas inteligentes para que todos consigam acompanhar.
Além do chamado “Desenho universal”, aplicado à arquitetura de espaços acessíveis, existem normas brasileiras específicas, como a NBR. Nela, consta uma seção com regras para áreas de parquinhos inclusivos, como:
Mesmo com bases técnicas e jurídicas para garantir espaços de lazer inclusivos, ainda é difícil encontrar parques acessíveis pelas cidades. Em áreas periféricas, então, a realidade é ainda pior. Nas comunidades, das 816 mães de crianças de até seis anos entrevistadas pela pesquisa “O brincar nas favelas brasileiras”, do Instituto Data Favela, apenas 29% afirmaram que há algum parquinho próximo às suas casas – e nem há diferenciação se são acessíveis ou não. O recorte racial também entra na conta, pois 83% dessas mães são mulheres negras.
Para Deigles Amaro, é essencial falar sobre as leis de acessibilidade para que a população conheça seus direitos e possa cobrar ações do poder público. Além disso, conforme explica, medidas básicas como ter corrimão, rampas e portas mais largas beneficiam não só as pessoas com deficiência. “É algo bom para todos, independente das características.”
“A acessibilidade é um direito inegociável. Por isso, temos que refletir sobre como o ambiente que frequentamos pode ser aproveitado por todos, com segurança, autonomia e independência. Não podemos esquecer que o brincar também tem que estar no adulto.”
No distrito de Vila Formosa (SP), o Ceret conta com piscinas, quadras de esportes, espaços para caminhadas e brinquedos como balanço e escorregador para crianças cadeirantes.
No bairro do Morumbi, na zona sul, o parquinho inclusivo tem brinquedos para crianças com deficiência visual, física e cognitiva. A estrutura foi adaptada pela Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência.
Com vista para o rio Maguari, o complexo cultural em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém (PA), conta com teatro, lanchonetes e espaços verdes. Lá, as crianças podem brincar e praticar ciclismo, arvorismo e tirolesa. Possui rampas, elevador no teatro, redário e área de balanço com acessibilidade.
Na zona norte de Recife (PE), o parque conhecido como Macaxeira tem gangorras e balanços especiais adaptados para crianças com deficiências. Também há sinalização para quem tem mobilidade reduzida ou alterações sensoriais (auditiva ou visual) típicas do Transtorno do Espectro do Autismo.
Neste parque em Laranjeiras (RJ), é possível fazer piquenique, ciclismo ou simplesmente passear próximo às áreas verdes e ao lago. Além disso, as crianças podem brincar no parquinho inclusivo com balanço e escorredores.
Com vista para o rio Barigui, um dos maiores parques abertos de Curitiba (PR) tem área de lazer, esportes e brinquedos inclusivos, como balanços, escorregadores e gangorras. Além disso, a área infantil conta com piso emborrachado, acesso em rampa e cores escolhidas estrategicamente para o estímulo visual de crianças com baixa visão ou deficiência cognitiva. Assim, cada cor pintada no chão indica se o espaço é uma área de circulação, de transição entre um brinquedo e outro, ou de descanso.
Trilhas sensoriais e passeios de caiaque são algumas das atividades para crianças e adolescentes de seis a 15 anos com e sem deficiência visual. Promovida pelo Instituto Terra de Inclusão, a 4ª edição do projeto Natureza de Criança Inclusivo foca em ações de inclusão, educação ambiental e sustentabilidade.
Serviço:
Dia 29 de setembro, das 11h às 18h
No Legado das Águas, em Miracatu (SP), área da Mata Atlântica em São Paulo
Evento gratuito
Escolas também podem ser mais acessíveis
As áreas de recreação das escolas também devem dar condições para que estudantes com deficiência brinquem com seus colegas. De acordo com o Censo Escolar 2023, 73% das escolas particulares de educação infantil possuem algum recurso de acessibilidade, sem especificar se o dado está relacionado necessariamente às áreas de parquinho. Já na rede pública, 61% das escolas municipais e 55% das escolas estaduais apresentam recursos de acessibilidade.
Quando se fala especificamente sobre a presença de parquinhos adaptados nas escolas, é perceptível a desigualdade: entre escolas particulares, 81% possuem parquinhos. Já na rede pública, eles estão presentes em apenas 40% das escolas estaduais e em 38% das escolas municipais.