5 cidades educadoras que se transformaram pelo aprendizado

Aprender a cidade, aprender na cidade e aprender com a cidade: eis os três pilares de um território que pode ser definido como um potencial educador

Da redação Publicado em 12.05.2015 Atualizado em 09.03.2023
Cidades educadoras: foto de um casal que segura um menino pelos braços e se divertem.
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Resumo

O Portal Aprendiz listou histórias de cidades educadoras que fazem jus ao nome. São espaços urbanos que, conhecendo sua História, decidiram afirmar sua vocação educativa.

Atualmente, 515 cidades de 34 países, se reconhecem como cidades educadoras e estão organizadas em rede pela Associação Internacional de Cidades Educadoras (AICE). Em sua carta fundante, a instituição defende as cidades como um espaço de potencial educativo em estado bruto, que precisa ser ativado. Fora da AICE, outros municípios também se colocaram o desafio de articular espaços, pessoas e ações em torno de processos de aprendizagem que primam pelo desenvolvimento integral de seus habitantes.

Para ilustrar essas dinâmicas e inspirar novos rumos para nossos espaços urbanos, o Portal Aprendiz listou cinco cidades. Esses lugares pararam para pensar sobre si, sua história e seus caminhos, e afirmaram suas vocações e características como potencial educativo. Rosário, na Argentina; Santos, Sorocaba e Maranguape, no Brasil; e Barcelona, na Espanha, são apenas alguns exemplos do que é possível fazer em nossos municípios.

Confira a lista de cidades educadoras

  • Rosário (Argentina)

A terceira maior cidade da Argentina, Rosário, decidiu, em 1996, tornar-se uma cidade educadora. A decisão, que partiu do poder público, acompanhou um redesenho profundo na maneira como as políticas públicas da cidade passaram a ser desenvolvidas.

“Começamos com uma descentralização institucional, com a ideia de que era necessário ter um governo mais próximo e amigável. Também se desenvolveram as políticas sociais, de maneira integrada com transportes e lazer. Sempre tendo em mente a necessidade de oferecer aos mais vulneráveis oportunidades iguais”, explica Laura Alfonso, diretora do Escritório Regional da América Latina para a AICE.

  • Santos (SP)

Com o maior porto da América Latina, Santos, no litoral paulistano, tem uma importância enorme para o Brasil. A cidade, uma das mais antigas do país e com um dos maiores percentuais de idosos, resolveu assumir sua vocação de cidade educadora, reforçando a ideia de que se aprende ao longo de toda a vida.

Para concretizar essa proposta a Secretaria de Educação do município investe em políticas públicas que fortaleçam a ligação da comunidade com a escola. Como “Santos da Gente”, que visa apresentar a cidade e seu patrimônio histórico e cultural aos estudantes. Aproveitando o fato de que cerca de 19% da população é composta por idosos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cidade desenvolveu o projeto “Vovô sabe tudo”. Essa iniciativa leva idosos para participar da educação como condutores de bondes, contadores de história e cuidadores de hortas comunitárias.

  • Sorocaba (SP)

A 90 km da capital paulista e com quase 700 milhões de habitantes, Sorocaba decidiu aliar saúde e educação para repensar seu espaço e desenvolvimento. Reconhecida pela Unesco desde 2010 como uma Cidade Educadora, o município criou, em 2005, o programa “Cidade Educadora, Cidade Saudável”. O projeto congrega esforços da Secretaria de Educação com as de Saúde, Esporte, Lazer, Cultura e Cidadania, além da pasta de Segurança, para transformar a localidade em um vetor de qualidade de vida.

Uma reforma urbana foi executada, visando a construção de parques, praças, plantio de árvores, ciclovias, academias ao ar livre e a despoluição do rio Sorocaba. A partir daí, estabeleceu-se um sistema pedagógico ancorado em três pilares: aprender a cidade, aprender na cidade e aprender com a cidade. Como toda mudança, a proposta exigiu a qualificação dos educadores e a criação de roteiros pedagógicos que envolvessem escolas e espaços.

  • Cachoeira – Maranguape (CE)

Perto de Fortaleza, o município de Cachoeira, com forte tradição rural, abria o Ecomuseu comunitário, sediado em um antigo casarão que hoje faz parte de uma terra coletiva.  A proposta é ampliar os horizontes da comunidade e fortalecer o que há de cultural, popular e tradicional no território.

A cidade aprendeu, com seu passado de cooperação para garantir as colheitas e a posse da terra, a trabalhar em conjunto e resolveu também levar esforço para a educação de suas crianças, jovens e adolescentes. A Escola Municipal José de Moura entrou de cabeça na jogada, afinal, ao lado da cultura e do meio ambiente, a educação é um dos pilares do Ecomuseu.

Desta forma, o público da escola, educadores, estudantes e funcionários passaram a integrar as atividades de educação integral.

  • Barcelona, Espanha

Barcelona é conhecida por ser a primeira cidade do mundo a se declarar uma “cidade educadora”. Ela aposta nos espaços públicos e na articulação de diferentes setores para garantir a educação integral de suas crianças e adolescentes. Um dos exemplos mais claros se dá na formação do Território Educativo de Ciutat Vella, distrito histórico e lar de 122 nacionalidades, mais de mil organizações sociais, mais de 50 escolas e de uma cultura de participação social enraizada na comunidade.

A concretização do Território Educativo de Ciutat Vella pode ser vista no dia a dia de escolas e organizações e, claro, nas ruas, desde a forma como as famílias se relacionam com as instituições de ensino e suas propostas pedagógicas, passando pela conexão entre organizações sociais e escolas, à frequência com que estudantes ocupam e fazem uso dos espaços públicos.

“Esse é o aspecto mais importante: a ideia de que todos somos corresponsáveis pela educação”

O projeto “Apadriño”, por exemplo, busca aproveitar o que o bairro – e seus equipamentos culturais, pessoas e lugares – têm de melhor em favor das escolas. Outro exemplo é a parceria entre uma escola de música e uma instituição de ensino, para que as crianças aprendam  a “batucada” e a relacionem com a matemática.

“O nosso objetivo principal é gerar redes que facilitarão a convivência intercomunitária”, explica a pesquisadora em políticas públicas Iolanda Fresnillo.

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