Respeitar as culturas indígenas e entender suas importâncias para a história brasileira começa na infância. E a literatura pode ser aliada nisso!
Para compreender a importância dos povos indígenas é preciso ouvir suas narrativas e se aproximar de suas histórias. Conheça essa seleção de livros sobre culturas indígenas.
Para compreender a importância das diversas culturas indígenas que existem, respeitá-las e valorizá-las, é preciso ouvir suas narrativas e aproximar-se de seus povos. A literatura – para a infância, mas não só – pode ser um caminho. Organizamos uma seleção com 10 livros sobre culturas indígenas que são um pequeno retrato das histórias, lendas e mitos de alguns povos. “Pequeno porque são poucas as vozes que se fazem ouvir nestes textos, já que não conseguimos encontrar uma diversidade de autores indígenas publicando livros para a infância no Brasil. Além disso, chama a atenção o fato de não termos localizado textos de mulheres indígenas narrando sua visão sobre a história de seu povo e sua cultura”, conta a especialista d’A Taba, Denise Guilherme.
A cada ano, territórios habitados por povos indígenas vêm sendo alvo de disputas políticas e econômicas, e é frequente que suas terras se tornem palco de violência. Tais ações ocorrem quase sempre em favor de interesses financeiros, desconsiderando a vida, a cultura e a história daqueles que foram e ainda são os primeiros habitantes de nosso país. Por isso, é preciso incentivar desde a infância uma inversão dessa relação com os povos originários.
O mito da terra sem males nos fala de um profundo anseio humano por um mundo melhor, mais pleno e feliz para todos. Essa ideia está presente em diversas culturas e é registrada em mitos diferentes que, no fundo, apontam para esse mesmo anseio humano. Esses mitos alimentam nossa esperança de que um outro mundo é possível. O livro é composto também por uma seção informativa que nos fala um pouco do sentido do mito, e de elementos e da cultura indígena brasileira.
Palermo e Neneco são irmãos e pertencem ao povo Mbya-Guarani. Espirituosos, os meninos dão um jeito de se divertir e dar risada até quando precisam ajudar nas tarefas da aldeia. Além de colher palmito e cortar madeira, gostam de Michael Jackson e festas com cantoria ao som da rabeca e do violão. Palermo e Neneco vestem-se com camiseta e bermuda e usam dinheiro para comprar sabão nas fazendas vizinhas. Mas nem sempre este contato com os brancos é amigável.
Adaptado e ilustrado por Rita Carelli, o primeiro volume da coleção Um Dia na Aldeia – realizada em parceria com o Vídeo nas Aldeias e com patrocínio da Petrobras Cultural – conta a história do Akykysia, o monstro canibal que mora na floresta e tudo vê. Isso quem narra são os anciões do povo Wajãpi, lembrando uma história que aconteceu há muito tempo com seus antepassados, quando encararam de perto a fúria do dono da caça. A história diz ainda que um menino esperto descobriu o esconderijo do monstro, e assim os Wajãpi puderam caçá-lo. Apesar disso, os mais velhos acreditam que o Akykysia continua até hoje à espreita na mata.
Adaptado por Ana Carvalho e ilustrado por Rita Carelli, o terceiro livro da coleção Um Dia na Aldeia acompanha os meninos Panará em uma brincadeira muito séria. Ao reviver a antiga guerra de seu povo contra os Txucarramãe, seus velhos inimigos, os meninos da aldeia pintam o corpo, cortam os cabelos, fabricam as armas para celebrar a história, que se torna presente. Em meio a falsos golpes de borduna e muita correria, não faltam boas doses de risada.
A obra mostra um dia na vida de um menino indígena da etnia Munduruku: o que ele faz durante o dia, como brinca com os amigos, como caça, pesca e ainda como se relaciona com os outros membros da comunidade. Traz glossário e mostra algumas curiosidades dos próprio Munduruku.
Os amores aqui narrados perpassam nossa historia oral, e, em suas origens, foram contadas por diferentes povos que possuem a própria língua, costumes e saberes. Em “Um presente de amor” encontramos as águas do Grande Rio onde vive a Cobra-Grande; em “O desejo de Ponaim” é relatada a coragem do guerreiro Anauri em sua busca pelo veado-galheiro; em “Potira e Itagiba” acompanhamos a espera e intensidade do amor de uma jovem índia por seu amado.
Acompanhadas por desenhos de Sawara, filha do autor, as fábulas aqui selecionadas falam de medo, coragem, dúvida, amor, morte, paz, oportunidade, erros e acertos que enfrentamos na vida – divertem e emocionam adultos e crianças.
Essa coletânea de seis histórias contadas pelos velhos Munduruku para suas crianças remete a temas ou situações voltadas para origens da cultura e da história dos Muduruku, contadas como memória do povo aos jovens para despertar o amor pela sua própria história e cultura. A proposta é possibilitar ao leitor uma visão do povo Munduruku pela narrativa dos mitos.
Yano, Ëjcre, Üne, Oo — por incrível que pareça, essas quatro palavras significam a mesma coisa. Representam, na língua de quatro povos indígenas diferentes (os Yanomami, os Krahô, os Kuikuro e os Guarani Mbya), o vocábulo casa. Através delas e de muitas outras palavras, neste livro o leitor é convidado a conhecer um pouco da vida e dos costumes desses grupos: onde moram, como se enfeitam, suas festas, sua língua.
O livro aborda a questão da biodiversidade, focado no resgate da floresta amazônica e no resgate da cultura dos povos originários. Embalado numa história fictícia, tem como mote principal o idioma Huni Kuin, despertando o interesse de toda família, não apenas ao público infantojuvenil.
* Lista produzida em colaboração com A Taba.
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