Rejeitar ou adiar a maternidade é uma tendência global

Taxa de natalidade diminui cada vez mais; mulheres adiam ou rejeitam a maternidade para priorizarem a carreira

Da redação Publicado em 16.02.2022
Rejeitar ou adiar a maternidade é uma tendência global: na foto, uma mulher negra olha para a tela de um notebook. Ela usa óculos e uma camiseta amarela. A imagem possui intervenções de rabiscos coloridos.
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Resumo

Rejeitar ou adiar a maternidade é um fenômeno que atinge o mundo inteiro. Priorizar a carreira, estabilidade financeira e casa própria são alguns dos motivos que levam mulheres a não terem filhos.

Em estudo realizado pela Bayer, Federação Brasileira de Ginecologia e TANCO (Think about Needs in Contraception) em 2020, de 1.113 mulheres brasileiras de 18 a 49 anos, 81% não desejam ter filhos nos próximos 5 anos – 56% estão em uma relação estável e 74% trabalham integral ou parcialmente. Essas mulheres que optaram por não ter filhos constituem a chamada ‘Geração NoMo’ – ‘Not Mothers’, em inglês. Acompanhando a diminuição e o adiamento da vontade de ter filhos, em levantamento realizado a partir do Sistema de informações sobre nascidos vivos do Ministério da Saúde, o número de mulheres que tiveram filhos entre os 35 e 39 anos aumentou em 71% nos últimos 20 anos.

Estabilidade financeira, profissão e adquirir casa própria estão entre os principais motivos que levam pessoas acima de 18 anos a não terem filhos ou a adiar a maternidade e paternidade, segundo levantamento do Datafolha. Desafios na maternagem e conciliação da vida profissional também são recorrentes, visto que ainda existe resistência no mercado de trabalho em acolher mães de maneira adequada, estejam grávidas, puérperas ou com crianças maiores. Na Pnad contínua (Pesquisa nacional por amostra de domicílios) realizada pelo IBGE, mulheres são a menor porcentagem de pessoas com ocupação profissional, apesar de serem maioria entre a população com idade maior do que 14 anos.

Uma das perguntas feitas pelo Datafolha pedia que os entrevistados avaliassem suas prioridades atribuindo notas de 0 a 10, sendo 0 nada importante e 10 muito importante. Ter filhos ficou em penúltimo lugar na lista, com nota média de 7,9, atrás apenas de casamento (nota 6,9). Ter casa própria e ter uma profissão são os primeiros colocados, com nota 9,7, seguidos de ter estabilidade financeira, com nota 9,6.

Seguindo tendências globais

Em nota para a Agência Brasil, a demógrafa Paula de Miranda Ribeiro comenta que o aumento da escolaridade e participação no mercado de trabalho levam as mulheres a adiar cada vez mais a maternidade: “Se eu tenho um filho mais jovem, tenho tempo para ter mais filhos. Mas se eu tenho esse desejo e investi na carreira até os 40 [anos], eu posso não conseguir”, conta.  

A redução na taxa de fecundidade no Brasil não é um fenômeno isolado: globalmente são 2,40 filhos; no Brasil, o número atingiu 1,53, em 2020, segundo dados do The World Bank e Ministério da Mulher, da Família e Direitos Humanos. Em 1960, a média de filhos por mulher no Brasil era de 6,28. A expectativa é de que o número se estabilize em 1,5 até 2050.

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