Chupar o dedo: o que o bebê está querendo dizer?

O chamado "hábito de sucção digital" pode ser indicativo de várias coisas, como fome, necessidade dos pais ou simplesmente que os bebês estão se descobrindo

Da redação Publicado em 14.02.2017
Chupar o dedo: foto em preto e branco, no centro um bebe está dentro de um carrinho de supermercado, chupando o dedo da mão esquerda.
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Resumo

Ao contrário da chupeta, o ato de chupar o dedo não atrapalha a amamentação. Tire suas dúvidas sobre o que este comportamento tão comum para os bebês pode indicar.

Segundo os especialistas, o ato de chupar o dedo não é só um ato involuntário dos bebês, mas sim a reprodução de um comportamento que já era praticado dentro do útero da mãe. Os estudos sobre o tema, chamado pelos especialistas pelo nome técnico de “hábito de sucção digital”, apontam que este comportamento pode ser indicativo de uma série de mensagens por parte do bebê, como fome, necessidade dos pais, dentes nascendo ou pode simplesmente indicar que o bebê é saudável e está descobrindo o mundo.

Andréia Stankiewicz, cirurgiã-dentista e especialista em odontopediatria, em artigo publicado no Grupo Virtual de Amamentação – o maior coletivo dedicado a oferecer apoio à amamentação do Brasil – reúne, abaixo, alguns sinais que este comportamento dos bebês pode indicar:

‘Eu sou normal’

Ainda durante a vida intra-uterina, instintivamente, o feto suga lábios, língua e dedos, de modo que estas funções encontram-se plenamente desenvolvidas ao nascer. A sucção digital em fetos é considerada um reflexo necessário ao recém-nascido para sua sobrevivência.

Os hábitos bucais normais de fonação, mastigação, deglutição e sucção têm papel importante no crescimento crânio-facial e na fisiologia do sistema estomatognático. A sucção é considerada um reflexo inato, desenvolvido ainda no útero, e fundamental para a amamentação e para o desenvolvimento psicológico. Assim, esse reflexo torna-se importante para a instalação dos hábitos normais de um ser humano.

“Sendo um reflexo, a sucção é involuntária e faz parte dos movimentos fetais e de recém-nascidos”

Como o reflexo de preensão palmar desaparece a partir do terceiro ou quarto mês, o recém-nascido passa a ter movimentos voluntários, facilitando, portanto, a aquisição de um hábito com características voluntárias que pode persistir, ser modificado ou desaparecer.

A persistência da sucção de dedo não é frequente em crianças bem amamentadas. Mais de 80% das crianças que recebem aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida não apresentam hábitos de sucção patológicos prolongados.

“Ao contrário da chupeta, o hábito de chupar o dedo não atrapalha a amamentação”

Muitos bebês que chupam o dedo dentro da barriga continuarão após o nascimento, embora não necessariamente. E isto é normal, é fisiológico. A melhor forma de prevenir a transformação patológica deste tipo de hábito ao longo do tempo é através da amamentação.

‘Eu consigo me acalmar sozinho’

Regular as emoções é uma tarefa complexa e difícil. Crianças levam tempo para desenvolver inteligência emocional, e esse aprendizado ocorre em diferentes épocas para diferentes tipos de regulação. Nesse meio tempo, a aprendizagem guiada orienta que os pais modelem o comportamento, respondendo às necessidades dos bebês, de forma que eles possam aprender a se auto-confortar.

Alguns pesquisadores acreditam que, quando os pais confortam seus bebês, eles estão modelando o comportamento que as crianças devem seguir para confortarem a si mesmas. De fato, eles argumentam que é assim que as crianças aprendem a se confortarem sozinhas de uma maneira saudável.

“Bebês que chupam o dedo já estão de certa forma regulando suas próprias emoções”

Se tiverem pais responsivos, que os confortem e modelem apropriadamente o comportamento, ou seja, que se envolvam em práticas que promovem vínculos seguros, que respondam ao choro, e também que não impeçam nem substituam o hábito; então é muito provável que, com o tempo, eles desenvolvam mecanismos saudáveis para o mesmo fim (auto-conforto), não necessitando mais chupar o dedo.

Em contrapartida, pesquisas neurológicas sugerem que não atender às necessidades físicas e/ou afetivas do bebê ou deixá-lo chorando leva a falhas no desenvolvimento de técnicas saudáveis de regulação de emoções, o que pode servir de gatilho no sentido de promover a instalação de um hábito de sucção patológico. Levar os dedos ou mãos à boca também é uma das formas do bebê indicar que está com fome e quer mamar. O choro é um sinal tardio, e acontece quando todos os demais sinais foram ignorados.

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