Projeto quer trazer à tona o tema da automutilação entre jovens

A história em quadrinhos "Por Enquanto"foi produzida por Vanessa em parceria com a desenhista Yasmin Moraes

Mayara Penina Publicado em 21.02.2017
Foto em preto e branco mostra menina sentada de perfil em frente a uma janela, com a cabeça abaixada e os joelhos dobrados.

Resumo

O Brasil não tem estatísticas oficiais, mas todos os estudos internacionais chegam ao mesmo número e indicam que 20% dos jovens praticam a automutilação.

“Todos os dias, jovens me procuram para mostrar suas cicatrizes e pedir ajuda. Eu mesma cheguei a cometer automutilação quando tinha 13 anos. Lembro que me cortei em um momento de desespero. Então, sei que cada um que se corta está passando por momentos difíceis. E a última coisa que precisam é de pessoas que os julguem, ou digam que isso é coisa de ‘quem quer chamar a atenção’ ou de fraco”.

Vanessa Bencz conseguiu superar essa fase de sua vida, tornou-se jornalista e escreveu o livro “A menina distraída”, que conta a história de uma menina vítima de bullying na escola que é salva por uma super-heroína. Hoje, tornou-se uma ativista social em busca de paz nas escolas e desde 2012 realiza palestras sobre empatia de norte a sul do país. Agora seu projeto é de publicar o livro “Por enquanto”, que conta a história de uma menina que pratica automutilação.

“Resolvi fazer um livro para que a questão da automutilação seja debatida nas escolas – e para que os leitores encontrem conforto e superação. Tenho interesse também que pais e mães tenham acesso a este material para ficarem atentos”, contou Vanessa ao Lunetas. O Brasil não tem estatísticas oficiais, mas todos os estudos internacionais chegam ao mesmo número e indicam que 20% dos jovens praticam a automutilação.

A automutilação ou cutting é o ato de machucar o próprio corpo por querer, causando dor física para que isso, de alguma forma, diminua a dor emocional. Pequenos cortes pelo corpo e a tentativa de escondê-los dos pais são os principais sintomas da condição que é reconhecida como um transtorno mental desde 2013.

De acordo com a jornalista, devemos ficar atentos, pois a a automutilação começa já na infância. “Ouvi relatos de crianças de oito anos”. Seja com arranhões nos próprios braços, barriga ou pernas; seja com pequenos cortes pelo corpo; seja arrancando cabelos e cílios.

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A jornalista Vanessa Bencz escreveu o livro para que a questão da automutilação seja debatida nas escolas.

Na maioria dos casos, as crianças cometem a automutilação quando o sofrimento delas já saiu do controle. “Muitas crianças são fechadas e realmente não chegam a solicitar atenção – mas, em muitos casos, elas já pediram atenção aos pais (talvez de uma forma pouco óbvia) e não foram ouvidas. Isso porque somos uma cultura que dá nomes pejorativos a esses pedidos de ajuda: manha e chilique são alguns deles”.

A criança, como qualquer ser humano, precisa ser ouvida e respeitada.

O projeto “Por enquanto”

A história em quadrinhos “Por Enquanto”foi produzida por Vanessa em parceria com a desenhista Yasmin Moraes. A obra tem como protagonista Ana, de 16 anos, que usa um canivete para lidar com suas dores. Trata-se do spin-off da história em quadrinhos “A menina distraída”. Para financiar a publicação do livro, a dupla abriu uma campanha de financiamento colaborativo na Plataforma Cartase. Clique aqui para apoiar.

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A meta do projeto é arrecadar $15 mil.

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