A luta do movimento "Parent in Science" é fortalecer os direitos das mulheres, evitar comparação com os homens e incluir a licença-maternidade no currículo
A luta do movimento "Parent in Science" é fortalecer os direitos das mulheres e evitar comparações com homens, que conseguem produzir mais por não se ausentarem durante o pós-parto.
Quantas mães você conhece que aliam a carreira acadêmica com a maternidade? Para lutar pelos direitos dessas mulheres, nasceu o projeto Parent in Science, uma iniciativa da pesquisadora Fernanda Staniscuaski, do Rio Grande do Sul.
Em uma pesquisa realizada por ela com 1.299 mulheres, a bióloga analisa o resultado do impacto da maternidade na produção de mães na área acadêmica. A pesquisa aponta que cerca de 81% das mulheres afiram que ter um filho afeta negativamente a carreira.
Outro ponto crítico é que 54% das mães cientistas são as únicas responsáveis por cuidar dos filhos.
Assinada pela professora Pâmela Mello Carpes, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), e por um grupo de mulheres pesquisadoras, uma carta foi enviada ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O documento reivindica maior igualdade de acesso à concorrência de bolsas e financiamentos científicos no Brasil.
Uma das bandeiras da carta é a inclusão do período de licença-maternidade no currículo Lattes. O pedido sinaliza a importância de evidenciar a diminuição de projetos realizados e pesquisas publicadas pelas mulheres naquele período. Assim, a luta do movimento é por fortalecer os direitos das mulheres e evitar comparações com homens cientistas em processos seletivos.
Exemplo disso é o próprio currículo de Pâmela, onde consta a seguinte frase: “Mãe de um filho de 14 anos, é atuante na causa das mulheres na ciência”.
As limitações de gênero vivenciada pelas mulheres no meio acadêmico – e no mercado de trabalho de forma geral – também incidem sobre outra realidade: as disparidades entre homens e mulheres no que diz respeito à divisão do trabalho doméstico, que atualmente configura uma dupla jornada.
Nove em cada dez mulheres fazem algum tipo de tarefa no lar, enquanto sete em cada dez homens se envolvem nos afazeres domésticos.
Os dados acima foram levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação aos tipos de tarefas realizadas, os homens só saem na frente no quesito pequenos reparos ou manutenções pontuais, como carro, eletrodomésticos ou outros equipamentos. Entre os homens, 65% se dedicam a esse tipo de tarefa, contra 33,9% das mulheres. O tempo destinado ao trabalho em casa também é bastante desigual entre um gênero e outro: mulheres trabalham o dobro, com 20 horas semanais contra apenas 11 horas.
É preciso considerar que incidem sobre essa realidade quesitos como contexto histórico, social, econômico, regional e político.
Leia mais
Comunicar erro